Cap. 2 - ABRINDO A... SUTURA ( Pte. 2 )

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As horas, os dias, as semanas, e então as páginas com nomes de meses começaram a passar para mim - monógamas e monótonas - uma vez que já estava ficando chato... Ficar sentada numa poltrona vendo tudo girar ao meu redor.

Eu só conseguia pensar na razão e essência, de minha futura e imortal existência, do amanhecer no qual eu não precisaria mais de ar para respirar. Pela qual eu desejava que meu corpo produzisse algum tipo de purpurina natural, o que realmente me tornaria uma garota de " parar o trânsito". Seria dona duma beleza irrefutavelmente ofuscante.

Finalmente poderia ser cobaia dum teste de refração...

- De Isaac Newton? - Irrompeu o sussurro duma voz que me fez sentir um punhal rasgando a rígida superfície do músculo que ainda tinha alguma importância para me manter viva.

Eu convivia há tanto tempo com vampiros e outros seres sem alma, que me esqueci o nome desse insignificante órgão humano, cujas batidas que agora martelavam em meus ouvidos muitas vezes não me deixando dormir... Logo deixariam de me incomodar.

E de repente... Ele surgiu bem diante de mim. Uma imagem quase transparente que quase se diluía na paisagem enquanto eu ouvia sua voz aveludada.

- Impossível! - Acordei gritando, sem entender porque andava sonhando tanto ultimamente. Sempre que acordava estava num lugar diferente.

- Ella! Ella! - Eu ouvia a voz desafinada, do meu pai. Ele realmente gritava atônito, enquanto meu corpo era sacudido como uma peneira repleta de grãos de arroz de segunda mão. Alguém usava torrentes de água corrente para limpar uma grossa camada de parafina.

- Ella. Filha! Acorde! Ele é só uma alucinação cuja aparição é produzida em computação gráfica.

- Acha que eu daria um belo prisma? - Perguntei a meu pai enquanto tomávamos um chá na varanda...

- Com certeza Ella! - Ele disse sem pensar, mas como todo humano questionou receoso:

- Mas por que está me perguntando isso? - Disse olhando ao nosso redor.

- E por que estamos tomando chá na varanda dos Bullen?

Por que eu quase sempre tinha a sensação de que uma garota ruiva de longos cabelos cacheados com olhos carmim e usando um poncho surrado de pele branco, estava me observando de algum lugar?

- Onde nós estávamos...

- A cinco minutos atrás? - Interrompi já sabendo a resposta. Estava sonhando novamente.

Aquilo estava realmente ficando estranho. Minhas meditações já não tinham utilidade. Eu sempre acabava sonhando com cidades inteiras sendo enroladas bem acima da minha cabeça... E todas as pessoas ficavam me olhando de um modo estranho por onde eu andava.

Seguindo um conselho de meu pai quando me ligou na madrugada em que eu quase não pude atendê-lo - eu estava um tanto ocupada em La Bush. Eu precisava seguir em frente!

- A fila anda Ella! - Minha mãe teclava pelo Hangouts - no Google + quando nos correspondemos pela última vez.

- Sempre achei esse rapaz frio demais! - Que ótimo! Ele e minha mãe estavam mancomunados.

Mal sabiam eles que eu gostava do fato de ele ser frio. Isso abrandava alguns de meus... Certos desejos humanamente incontroláveis.

- Sabe duma coisa? - Perguntei fingindo concordar com alguma tramóia secreta - daquelas que pais adoram esquematizar para proteger os filhos, e que eu logo descobriria.

- Você tem razão pai! - Eu disse correndo pela cozinha e saindo porta afora. Talvez eu tenha rolado a escada até a porta do carro onde senti o agradável frio do metal em minha testa, agora latejante.

Esperei por algum tempo. Talvez meu melhor amigo aparecesse para limpar o sangue que agora escorria em minha têmpora esquerda usando uma de suas poucas camisetas.

Calientob seria cavalheiro ao ponto de tirá-la só para estancar meu ferimento expondo sua formidável musculatura, ao frio lancinante?

Com muito esforço, abri a porta de meu carro e me arrastei até o banco do motorista.

Podia sentir toda a imponência de um quatro por quatro bem ali sob meus pés.

Fiquei parada por mais um espaço de tempo... Olhando para os lados.

Até ouvi um barulho assustador, como de um vento forte passando pela lateral do meu carro e um baque surdo na porta do banco do passageiro. Um segundo depois... E lá estaria ele, do meu lado. Sempre dizendo que me amava, ou então que alguma coisa era perigosa demais para mim.

- O.k. - Eu disse acordando, e tentando conter as lágrimas que vinham da dor daquele buraco que surgiu no meu peito desde que ele tuitou seu adeus!

- Muito bem! - Eu sussurrei enxugando meus olhos lacrimejantes com uma camiseta esfarrapada, sem mangas e cheia de graxa.

- Como aquilo veio parar ali? - Eu até pensei, mas até agora não faço a menor ideia.

- Espera! Tinha uma bermuda também... E alguma peça de roupa, um pouco menor.

Suspeitei desde o princípio, mas as lágrimas em meus olhos não me deixavam ver nitidamente. Bastou, porém enxugá-las para que aquele emaranhado de letras de súbito formasse as palavras Kalvin, e Clein. Tive a impressão de que... Talvez houvesse algo de errado com o nome daquela grife. As iniciais? Quem sabe! Mas eu; sem dúvida reconheceria aquela...

- Uma sunga? - Pensei.

- Uma cueca? - Sussurrei.

- Foco Ella! - Eu disse confusa com a incerteza da... Origem destes vestígios de outros desconhecidos acontecimentos.

Fiquei estranhamente feliz por... Ele não estar ali. Eu não iria mais chorar.

Tive um pouco de medo. Confesso.

Hoje nada de ruim poderia me acontecer, uma vez que o leão não mais se apaixonaria pela ovelha. Ele definitivamente não viria para me salvar, amassando a porta de algum carro desgovernado que poderia me atropelar, quando eu saísse do colégio.

No entanto... Fiquei mais tranquila depois de checar que... Ninguém havia sabotado meu carro para que eu não pudesse ir à La Bush; então...

Girei - reunindo todas as minhas forças, tão diminutas quanto minha coragem - a chave de minha picape... Sentindo a vibração proporcionada por aquela ignição.

- Aff! - Resmunguei; diante da escolha que mudaria minha vida.

- Os vampiros que se mordam! - Sibilei enfurecida. Afinal...

Eu estava decidida. Iria procurar por Jacob. Não. Jake, meu mestre de ninjutsu.

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