A mudança

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        Acordo com o despertador e corro para o banheiro, meu tempo é curto já que resolvi dormir um pouco mais... faço minhas higienes, tomo um banho rápido e visto uma roupa confortável, pois serão mais ou menos 14 horas de viagem.

Sei que podem me achar uma maluca por deixar toda minha família e amigos para trás, pra ir para um país que eu não conheço nada e nem ninguém. Eu nunca nem se quer sai do meu estado e agora estou com passagens compradas para Nova York. Mas é uma oportunidade única, aqui no Brasil as chances de eu crescer na vida são poucas, pra não dizer nenhuma... Tá certo que estou indo, pra trabalhar como doméstica, mas é um trabalho honesto e para conseguir alcançar meus objetivos, não medirei esforços.

Confiro mais uma vez minhas malas e documentos, depois de ter certeza que esta tudo ok, pego minhas coisas e arrasto até a sala... Agora vem a parte difícil, me despedir dos meus pais e da minha melhor amiga Daiana.

Eu estou a mais de três anos me preparando pra essa viagem e agora que estou prestes a ir, me bate um medo muito grande, mas acredito que isso seja normal.

- Minha filha, meu bebê... - Minha mãe me abraça assim que eu chego. - Nem dormi essa noite pensando nessa sua viagem... Tem certeza que quer ir meu amor? Não vai! fica com nós! - A Dona Maria insiste em tentar me fazer mudar de ideia. Mas eu tenho mais ambições que ela na vida, eu quero muito mais do que ser dona de casa, não desmerecendo, pois minha mãe é tudo pra mim, como meu pai também é, mas eu não me vejo assim. Ela se senti realizada cuidando de nós e da casa, então eu não a julgo, e seria hipócrita se dissesse que não gostava de a ter pertinho de mim todos os dias.

- Mãe a gente já conversou! Eu vou ir trabalhar com a tia Ana lá! E você mesmo disse que não teria oportunidades melhores do que lá. - Seguro em seu rosto que já está banhado de lágrimas com carinho e luto contra a minha vontade de chorar também.

- Eu sei o que eu disse Jéssica! Mas eu sou sua mãe e Você só tem 20 anos, eu tenho medo que... - Resolvo interrompe-la porque já estou nervosa e se ela continuar, é capaz de conseguir seu objetivo.

- Mãe me deixe tentar... Se nada der certo por lá, eu volto! - Beijo suas bochechas rosadas que tanto amo, e a abraço tentando registrar e salvar tudo na minha cabeça, desde o seu cheiro até o calor dos seus braços, pois infelizmente não sei quando vou conseguir vê-la de novo. - Cadê o papai, mãe? - Tento mudar de assunto e ignorar o aperto que surgiu no meu peito.

- Está lá fora tirando o carro da garagem.

- CADÊ? CADÊ A CADELA DA JESSY? - Escuto gritos exagerados vindo lá de fora e só escuto a risada do meu pai e sua voz dizendo algo que não entendi. Em menos de cinco segundos entra a louca da minha amiga como um furacão, e pior ainda de pijama, toda escabelada. - AH VOCÊ AINDA ESTÁ AÍ! GRAÇAS A DEUS! - Ela praticamente pula no meu pescoço.

- Para de gritar sua vaca! São seis horas da manhã! A vizinhança toda não precisa saber...

- Aí me deixa! To nem ai... meu despertador não tocou e se não fosse minha mãe me acordar nem sei! Jurei que você já tinha ido! - Ela me esmaga mais ainda e eu faço o mesmo com ela, somos muito mais que amigas, somos praticamente irmãs, nos conhecemos desde que nós entendemos por gente.

- Jamais iria sem me despedir de você! Nem que eu tivesse que ir te acordar ou perder o vôo...

- Aí amiga não sei mais o que farei aqui sem você! Você nem foi e eu já estou com saudades.

- Vamos nos falar todos os dias por Skype, e quando você terminar com o bosta do Giovani, e quiser ir pra lá comigo, te receberei de braços abertos. - O único motivo da Daiana não estar indo comigo é por causa do seu namorado sem vergonha que ela é loucamente apaixonada... Só ela não vê que ele a faz de boba!

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