De inimiga a sócia

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  Faz mais de uma semana que recebi aquela proposta tentadora do Robert e faz o mesmo tempo que o Thomas não responde minhas milhões de mensagens e ligações que o faço todos os dias desde então.

   Minha vida ta uma bagunça, continuo trabalhando no hotel do meu amigo, mas por incrível que pareça, não o vi mais. Ando numa angústia sem fim! Já conversei com a Daia, com a Thatá, com a Marta e até com minha tia Ana, sobre o que vem acontecendo na minha vida e todas elas me disseram a mesma coisa: Aceite a proposta do Robert e dê tempo ao Thomas...

   Só que eu não consigo fazer nada disso e a resposta pra essas duas questões são bem opostas. Pois com o Carson eu não quero aceitar por ainda ter muita mágoa dele e o Guarnieri é por ama-lo demais que não consigo deixar pra lá. Eu estou nessa sinuca de bico, que está me enlouquecendo aos poucos...

  Espanto esses pensamentos por um instante e decido ir atrás das crianças pra ver se consigo parar de pensar um pouco. Hoje é sábado e dia está lindo, mas nem assim consigo melhorar meu humor, mas quem sabe com aqueles dois pestinhas, minha opinião não mude.
 
    Caminho até  a cozinha e encontro o Robert sentado no apoio da Janela, com os braços jogados sob os joelhos e olhando para fora, vejo que ele olha para as crianças que correm pelo jardim, com os olhos perdidos. Ultimamente eu percebi que ele anda distraído e nem se quer anda me perseguindo pela casa com suas cantadas baratas, e jamais irão me ouvir afirmar isso em voz alta, mas sabe que tenho sentido falta. Acho que foi até por isso que esses últimos dias tem sido torturantes demais.

- Oi. - Chamo atenção dele, e quando ele me olha, sinto meu coração perder uma batida. Seus olhos estão vermelhos de quem estava chorando. Noto um envelope em suas mãos, mas antes que eu diga algo ele me interrompe.

- Jéssica seria pedir demais que me fizesse um favor? - Sua voz rouca e o jeito que me olhava, foi como eu estivesse começando a sentir tudo que ele estava sentindo.

- Claro que não... - Ele levanta e agora que eu percebi que ele esta somente com uma calça de moleton, suspendida em seus quadris... Mas por mais que a visão fosse maravilhosa, minha única vontade era de pega-lo no colo e arrancar toda sua dor. Sei que não deveria sentir isso, mas não consigo evitar. Se vocês souberem como mudar isso me avisem por favor.

- Me dá um abraço? - Ver seus olhinhos pidões idênticos aos da Rebecca, foi como um imã. Quando dei por mim, já estava próximo dele, tão perto que sentia o calor de seu corpo e sua respiração pesada contra meu rosto. Me ponho na ponta dos pés e sem pensar muito, coloco meus braços envolta de seu pescoço, puxando-o pra mim. Ter seus braços fortes e firmes prendendo ao redor de minha cintura, a sensação que tive, era de "enfim em casa".

    Não consigo entender como depois de tanto tempo e todo rancor, eu ainda me sinto tão presa a esse homem. Ele consegui despertar em mim, o meu melhor e o meu pior em questão de segundos.

    Sinto ele afundar seu rosto em meu pescoço e respirar fundo, como se meu cheiro fosse o seu antídoto para tudo que ele estava sentindo naquele momento. Meu corpo parece estar em êxtase, a corrente elétrica que ultrapassou todo meu sistema, parece que me levou para outro orbita.

  Porém nada me preparou pra isso, foi como estourassem a bolha que criamos, em questão de milésimos, me trazendo para a realidade. Ele está chorando! Só de sentir sua lágrima contra minha pele, foi como ela estivesse queimando a mesma. Apertei mais seu corpo contra o meu e passei as mãos em seus cabelos, na intenção que ele sentisse que não estava sozinho.

   Com muita resistência, me separo o suficiente para olhar em seus olhos, e constatar que ele tava realmente chorando, acabou comigo.

    Vê-lo assim tão vulnerável, fez meu coração diminuir umas três vezes de tamanho. Seguro seu rosto entre minhas mãos e limpo suas lágrimas. Mas a pior parte foi ver ele sem coragem de me olhar, ali eu vi que a situação era bastante delicada.

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