O reencontro

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   Já estou a quase dois meses em Seatlle no meu novo trabalho e eu nunca pensei que seria tão difícil! É mais puxado do que eu pensei que seria...

    Minha chefe não passa de uma mulher soberba e preguiçosa, estou praticamente fazendo o meu trabalho e o dela, tá certo que ela tem talento pra coisa, mas o sucesso lhe subiu a cabeça... Ela as vezes acaba perdendo a noção, teve dias que eu queria mata-la a sangue frio... Mas tirando isso, estou muito feliz com meu novo emprego, sem falar que estou ganhando mais.

     Porém estou tendo mais gasto, morar sozinha com uma criança de 5 anos como a Rebecca não é fácil. Meu dinheiro é contado para as contas, comida e colégio da minha princesa, fiz questão de coloca-la num dos colégios mais conceituados daqui... Para a aprendizagem jamais pouparei, posso ficar sem minhas regalias, mas para ela quero sempre o melhor. E como diz o meu pai a melhor herança que podemos deixar para os nossos filhos é isso, educação.

      Eu sempre estudei em escolas públicas que mais tinham greves do que aula, minha sorte é que eu sempre gostei de estudar, sempre fui curiosa... Acredito que se eu quisesse entrar numa faculdade pública lá no Brasil, eu conseguiria, mas depois do que me aconteceu por ser ingênua demais e imatura demais... Assim que recebi da minha tia a proposta de sair de lá, me foquei só em aprender inglês... Não aguentava mais ser apontada na rua e aguentar alguns imbecis que me julgavam como puta e queriam se aproveitar... Sem falar que lá o ensino superior não é tão valorizado! O que tem de pessoas formadas, trabalhando em áreas nada a ver com o que estudaram, ganhando um salário de nível médio.

     Esse foi mais dos motivos que me fizeram continuar num país desenvolvido. Claro ainda quero voltar para o Brasil, nem que seja para passeio, mas quero... Amo o lugar, amo as pessoas... Estou morrendo de saudades de ouvir minha língua...

    Em falar nisso Becca fala três idiomas fluente, português, inglês e Francês. A sorte de ser criança é isso, aprende rápido, eu no Francês sou péssima! Mal falo o básico... já a minha princesinha é muito inteligente, ela me surpreende sempre, até mesmo seus professores ficam admirados com a facilidade dela para aprender. Rebecca é meu maior presente, depois do nascimento dela eu nunca mais fui a mesma.

       Consegui pegar meus traumas e ilusões passados e transformar em aprendizado. Não sou mais aquela Jéssica que fugia da briga e aguentava quieta tudo o que me falavam... Hoje em dia sei me defender, aquela pessoa Boazinha e submissa não existe mais. Quando nos tornamos mãe, ganhamos muitas responsabilidades e não temos como fugir delas, temos que encarar de frente. Escuto a campainha e só vejo a Becca correr em direção à porta.

- Eu abro mamãe! - Hoje é sábado, estou aproveitando pra fazer aquela faxina na casa, durante a semana não consigo, muita correria... - Oi Roby, você é muito mais bonito pessoalmente sabia? - Quando escuto essa frase, sinto meu corpo congelar e minha respiração mudar. Que não seja quem estou pensando... Largo a vassoura que estava usando para passar pano na sala e me viro lentamente, rezando para não ser ele... Quando viro vejo-o parado na porta me olhando, vestido com uma calça jeans escura e uma camisa polo branca, continua lindo o desgraçado! Ele desvia os olhos pra MINHA filha que está admirada encarando-o, ele se agaicha ficando de sua altura, como são parecidos... e eu só consigo me perguntar como os dois se conhecem? E o que esse infeliz venho fazer na minha casa?

- Você também, é um milhão de vezes mais linda pessoalmente! - Ele diz sorrindo pra ela, Becca como sempre carinhosa lhe dá um beijo estalado em seu rosto. Agora chega! Caminho até os dois despertando do transe, tirando  Rebecca de perto dele.

- Meu amor vá já para o seu quarto!

- Mas ma...

- Quantas vezes eu preciso pedir? - Falo mais firme, para ela ver que estou falando sério.

- Uma vez só. - Diz emburrada.

- Muito Bem! Vai para seu quarto e não saia até te chamar. - Assim que ela sai, eu olho pra ele, tentando não me afetar mas é difícil. - Como tem coragem de vir na minha casa depois de tudo que me fez?

- Porque me escondeu a menina? - Fala ríspido, como tivesse razão de alguma coisa aqui! Deixo uma risada sem humor algum escapar...

- Não sei do que está falando! E quem Você pensa que é pra vir até minha casa me cobrar algo?

- Sou o pai da sua filha!

- Como bem disse, MINHA FILHA! - Do um passo mais a sua frente apontando o dedo quase em seu rosto. Depois de alguns segundos olhando em seus olhos, que me trouxeram lembranças sem minha permissão, me afasto dele por não ser tão forte  assim com sua presença, e percebo seus olhos agora, varrerem meu corpo, me fazendo lembrar que estou com um short curto de jeans e uma blusa colada ao corpo de alças finas, detalhe sem sutiã. Cruzo meus braços e encaro-o de cara feia. - O que foi? - Ele pergunta engolindo em seco.

- Perdeu alguma coisa aqui? - Indago super irritada.

- Sim... Quero dizer não! - Se atrapalha.

- Então suma da minha frente e nunca mais ouse chegar perto da minha filha!

- Você não tem o direito de me proibir isso! Ela é tão minha quanto sua!

- Quem disse?

- Isso! - Ele tira um papel do seu bolso e aponta em minha direção.

- O que é isso?

- Olhe! - Pego de sua mão e ao ler não acredito... Teste de DNA.

- Quem te deu o direito de fazer esse exame sem minha autorização?

- Não foi muito difícil, só precisei de fio de cabelo da Rebecca, um dos meus seguranças que coloquei para protege-la conseguiu.

- Quem te deu permissão de fazer uma coisa dessas? Não acredito que fez isso! - Minhas mãos estão tremendo e minha vontade é de esbofetia-lo, só o que me segura é fato de saber que Becca está no cômodo ao lado.

- Ninguém! Soube dela mês passado, e desde então procurei vocês e até conseguir o material para o exame e ter o resultado, deixei uns homens meus de confiança a espreita. Claro que esse exame não é oficial, assim que entrar com o processo da Guarda, teremos que fazer outro exame... - Meus ouvidos não acreditam no que ele está falando!

- Você não vai tirar minha filha de mim! Eu te mato antes que isso aconteça! Está me ouvindo? Eu te Mato! - Meu sangue chega a borbulhar de tão quente! Ficamos nos encarando por um bom tempo, ele dá um passo a frente... chego a sentir sua respiração pesada em meu rosto de tão perto que estamos.

- Não tenho medo de você Jéssica! Quem devia temer aqui, não sou eu...

- Você não pode fazer uma coisa dessas! - O desespero me vem só de imaginar essa possibilidade. - O que um homem sem caráter como você pode ensinar de bom para uma criança? - Vocifero.

- Só não posso como Vou! Eu que não deixarei minha filha crescer na presença de uma mãe como você! Que   não passa de uma caça dotes, vagabun... - Ele diz com raiva e esse foi o estopim de tudo, quando notei, minha mão já tinha ido em seu rosto, chegou a formigar minha palma.

- Ouça bem o que eu vou te dizer Robert! Pois direi só uma vez... Tente tirar minha filha de mim, que eu farei com que se arrependa de ter nascido. - Empurro-o pra fora, fechando a porta logo depois. - Sinto sufocar é o choro acumulado vem com tudo.

   Isso só pode ser um pesadelo! 

    

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