Revivendo o passado

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     Assim que coloquei meus pés nessa casa novamente depois de anos, no primeiro momento por estar cega de ódio e raiva, não consegui prestar atenção em nada. Mas agora com minha pequena mala em mãos, me vejo voltando a quase 7 anos atrás, quando minha tia havia acabado de me trazer do aeroporto, naquele tempo eu era muito diferente da mulher que sou agora, e hoje o sentimento que eu entro nessa casa é bem o oposto, do que eu trazia comigo na primeira vez que estive aqui, eu tinha esperança de um futuro melhor e nesse instante me sinto como estivesse indo para o inferno, regredindo.

    As memórias de tudo que vivi aqui, passam como flashs pela minha cabeça sem minha permissão, eu não acredito em tudo que está acontecendo na minha vida. Eu não acreditava no poder do amor materno, até me deparar com essa situação que estou, realmente uma mãe que ama o filho é capaz de qualquer coisa por ele... A maior prova disso é eu estar aqui! Sendo "obrigada" a conviver com o homem que mais amei e que mais me destruiu... Sem falar que de brinde virá Viviane. Essa mulher ultrapassou todos os limites dela comigo, por meses enquanto trabalhei aqui, suportei suas humilhações e infantilidades sem nunca lhe faltar com respeito, mas ela achar que encostaria na minha filha e ficaria por isso mesmo? Aaaaah... É porque ela não me conhece mais! O que fiz foi pouco, perto do que eu queria ter feito com ela... a cadela teve a cara de pau de me denunciar por agressão, como eu não tivesse tido motivos pra isso, mas não me arrependo, e se ela ousar chegar perto de mim ou principalmente da minha filha de novo, ela vai conhecer meu pior lado.

- MAMÃAAE! - Desperto do meu devaneio com a Becca abrindo a porta da frente e saindo correndo em minha direção, só vejo quando aquela confusão de cachos se agarra em minhas pernas. - Eu te vi pela janela mamãe... Você veio morar com a gente?

- Não meu amor, a mamãe só venho passar essas duas semanas com você, nós já temos nossa casa lembra? - Digo fazendo carinho em seu rosto. Não sou louca de ficar aqui pra sempre, Deus me livre! Farei questão de passar o mais longe possível. Mas eu espero que ele se livre da jararaca o quanto antes pra que eu possa me livrar dele.

- Como assim só duas semanas? - Escuto aquela voz rouca que me arrancou arrepios por todo corpo, me bato internamente por me deixar ainda afetar tão fácil. Desvio os olhos da minha filha e o encontro sem camisa, somente com uma calça de moleton suspendida em seus quadris, pés descalços... Desvio mais uma vez os olhos daquele corpo que mais parece uma obra de arte... Uma pena, já que só há beleza externa.

- Que eu lembre você só tem direito a 15 dias com Becca ao mês... - Respondo evitando veementemente olha-lo.

- Ah sim, você usufruirá de meus dias enquanto nos seus, terei que ficar longe... - Me vejo obrigada a encara-lo.

- Se pra você não está bom, dou meia volta agora! - Seus olhos se estreitam em desafio ao mesmo tempo que percorrem pelo meu corpo praticamente me despindo.

- Filha vá brincar com o Junior um pouquinho enquanto o papai conversa com a mamãe... 

- Tá bom Roby! - Minha filha lhe dá um beijo no rosto e entra saltitante sumindo do meu campo de visão. 

- Está vendo porque preciso de você! - Ele solta um suspiro derrotado, chamando minha atenção. - Ela insiste em me chamar de Roby... Eu até gosto pois me faz lembrar de como você me chamava... - Engulo em seco lembrando de alguns momentos específicos... mexo minha cabeça tentando espantar as lembranças para longe. - Mas eu queria tanto que ela me visse mais do que um amigo, eu queria que ela me visse como seu pai! - Seus olhos me passam uma sinceridade e eu me vejo perdida naquele azul intenso. Ele é um ótimo pai, isso não posso negar...

- É tudo muito novo pra ela, dá um tempo até ela se acostumar... Ela apesar de não comentar, eu sempre soube que ela queria ter um pai e agora que têm, ela está receosa... com medo... Mas é normal!

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