Seguindo em frente

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      Assim que sinto o avião pousar no aeroporto Paris-Orly, algo dentro de mim mudou, a partir de agora serei uma nova Jéssica! Agora mais que nunca terei que me esforçar e dar o máximo de mim.
 
   Quando a Martha falou de Paris já comecei a procurar faculdades na área que já estava a estudar em Nova York, graças a Deus, consegui terminar meu curso lá, e como já terei emprego garantido, só precisarei focar agora nos estudos. Claro que deixarei isso pra depois do nascimento da minha filha, pois depois que iniciar não quero mais parar, preciso me formar logo, pra poder voltar pro Brasil! Ao menos assim, chegando lá formada e com uma carreira sólida, não serei um fardo para os meus pais. Não quero que minha filha seja responsabilidade de ninguém a não ser minha.

    Eu tenho a impressão que envelheci uns 20 anos nessas últimas horas, fui obrigada em pouco tempo amadurecer tudo aquilo que eu deveria adquirir com os anos. Minha gestação será praticamente de 5 meses, não terei como me preparar, nem financeiramente e muito menos psicologicamente!

   Estou embarcando numa nova jornada, onde não terei ninguém... Sei que não posso ser ingrata com a Martha que vem me ajudando muito, mas aqui não tem nem a tia Ana... Em falar nela o que vou dizer pra ela e para meus pais? Não consegui nem falar com a Daiana...

- Vem minha querida vou te ajudar com as malas. - Desperto do meu devaneio com Martha pegando uma das bolsas da minha mão. Realmente estava bastante pesada. - Você não pode carregar muito peso.

- Estou grávida e não doente Martha! - Digo rindo da sua cara preocupada, mas ao lembrar que o pai da minha filha me fez carregar essas mesmas malas por cinco quadras, meu sorriso some e eu volto a sentir aquela dor no peito que eu acho que jamais passará.

- O que houve? Está sentindo alguma coisa? Seu rosto mudou de repente!

- Houve sim Martinha! Estou me sentindo uma completa idiota, por não ter ouvido vocês e a minha intuição que sempre me diziam pra ficar longe dele. - Algumas lágrimas ameaçam cair dos meus olhos, mas eu limpo-as antes que caíssem pelo meu rosto... Me nego a chorar mais uma vez por aquele monstro!

- Não pense mais nisso! Vamos antes que fique tarde. - Balanço a cabeça concordando e assim vamos sem falarmos mais nada.
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     No momento em que o táxi estaciona em frente a um hotel muito lindo, fico pasma, eu já estava com a cidade, mas esse lugar é rico em detalhes... sua estrutura toda feita de pedras e sem falar da beleza requintada e rústica do lugar. Resumindo era um hotel maravilhoso.

- Martha... Não me diga que seu filho é dono desse hotel? - Apesar de não ser muito grande, ter apenas três andares, o lugar como eu disse é perfeito... Com certeza deve ser muito procurado por casais em lua de Mel, sua arquitetura traz um ar romântico... Com certeza eu gostaria de passar aqui, se eu fosse me casar um dia!

- Sim! Ele se formou em hotelaria e administração, se você visse como era esse lugar antes... Ele que transformou  tudo isso!

- Nossa! Ele tem muito talento... Mas porquê você trabalhava até alguns meses atrás como empregada? - Pois com certeza o filho dela deve ser rico.

- Bom, meus filhos sempre me perguntaram a mesma coisa... Mas nós nem sempre fomos bem de vida, no caso meus filhos... Pois eu continuo sendo uma simples doméstica aposentada... Criei eles sozinha e me orgulho em dizer que com meu esforço consegui forma-los e principalmente cria-los no bom caminho. Tá certo que a Thais é meio maluca! - Ela sorri orgulhosa. - Mas é gente boa e muito inteligente, na verdade os dois são... Vai gostar deles, mas como eu dizia, depois que eles se formaram e cresceram na vida, eu já estava tão acostumada a trabalhar e também tinha o Robert, sei que está magoada com ele... Mas eu o tenho como um filho também! O vi crescer, ajudei a cria-lo... Por isso quando você me contou que estava grávida dele, nem pensei duas vezes em lhe ajudar, pois além de gostar muito de ambos, eu também fui abandonada pelo o pai dos meus filhos e no meu caso foi pior por serem gêmeos... Eu era mais velha que você... já estava na casa dos trinta quando engravidei, não se sinta burra por ter acontecido isso, essas covardias acontecem desde sempre. E no meu caso o pai deles sabia e mesno assim não me apoiou... E eu gostaria que naquela época tivesse tido alguém pra me ajudar, por isso não me agradeça! - Ela me lança um sorriso tão lindo e cheio de esperança que me fez, ter mais forças... Sem pensar duas vezes puxo ela pra um abraço.

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