Capítulo 1

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— Nunca... Mais quero... Ouvir sua voz! Não me procure, esqueça que um dia me conheceu! Se não te ver nunca, será pouco para mim. — Dhália desliga o telefone, bufando de raiva, bate-o com tanta força que quase despedaça o pobre aparelho.

Normalmente é uma mulher calma, mas seu ex-noivo testaria a paciência de um santo.

Andava por sua sala de estar, envolta em seus pensamentos.

Como ousou me ligar? Não basta tudo que me fez passar?

Ela queria socar algo ou despedaçar, talvez quem sabe retalhar a cara daquele boneco Ken fingido, perfeito por fora, oco por dentro.

Ele é um idiota, só pode. Não se contentou em ter um caso com minha dama de honra ou deveria dizer de desonra? — Bate o pé impaciente, fervendo por dentro. — Só uma semana para o casamento, agora que a piranha o deixou quer retornar de onde paramos? Nem por todo chá da china.

Encontra uma almofada de joaninhas e a esmurra furiosamente.

Em que mundo ele vive?

E a almofada dá um voleio no ar, aterrissando no chão após o encontro com a parede oposta. Lembra-se de respirar, mas não consegue deter os molares de ranger. As imagens dos momentos felizes que passaram de quando eram noivos, passaram por sua mente. Ela e Nathan tinham planos para depois do casamento, montar uma clínica na capital, afinal sempre moraram lá e se conheceram no curso de veterinária na faculdade, estavam perto de sua família ainda que mora lá, seria tudo perfeito, sua versão de felizes para sempre.

Droga, por causa deste imbecil, tem mais de seis meses que não visita seus pais, só para não ter nenhuma notícia dele. Ao que parece o desgraçado conseguiu seu telefone, teve que se esforçar para conseguir. Dhália bate as unhas bem cuidadas, ritmicamente em cima de um aparador de mogno. Teve a audácia de vir, com explicações pífias, de como estava confuso, que nunca deveria tê-la deixado partir... Pedir desculpas por ser um canalha, nada...

Como se ela não o tivesse visto na sua própria cama, com sua melhor amiga, naquele dia. Talvez não devesse ter entrado rápido em sua casa. Deveria ter imaginado que depois de duas horas ele teria ideias criativas. Tinha esquecido um aparelho portátil de ultrassom, chamou por ele e imaginou que estaria na clínica do pai. Parando para pensar, deveria ter dado meia volta naquele dia, pois nunca conseguiu desver a cena que se desenrolou após, ainda queimava como ácido, duro, dorido em sua lembrança.

Mas quanto mais se aproximava do quarto, mais alto escutava os gemidos, seus gritos de prazer, o som de tapas, primeiro pensou que seu noivo estava assistindo um pornô, o que seria tecnicamente estranho, mas sustentável. No entanto seu queixo caiu, quando viu que ele estava fazendo seu pornô particular, tinham câmeras espalhadas pelo quarto.

Ficou estática na porta por alguns segundos, sem ninguém notar que estava lá, ambos perdidos, em sua luxuria suarenta, um misto de nojo, raiva e dor percorreu sua mente, ao ver sua ex-melhor-amiga, o cavalgava freneticamente, sentiu a bílis parar em sua garganta, estava prestes a correr para vomitar, quando seu desejo de se vingar tomou o seu melhor, nem que fosse, só para acabar com a festinha deles.

— Querido, trouxe a pomada que me pediu para seu herpes genital. — Exibiu um saco pardo, de remédios veterinários, que tinha em sua bolsa, a distância nunca saberia.

Eles param, a puta estava chocada. Seria cômico se não fosse trágico.

— O que? Seu mentiroso! Eu perguntei se estava limpo. — Desmontou o infeliz, recolheu rapidamente suas roupas e falando impropérios saiu, ele ficou indignado por sua interrupção, maldito.

— Ela está mentindo. — Gritou para mulher que saiu e apontou a Dhália. — Fale a verdade. — Realmente estava bravo.

Ele não se dava conta de como era ridículo, pois ainda nu e ostentava sua ereção. Que terminasse sozinho, apesar do seu desejo de castrá-lo se limitou a responder.

— A verdade? A verdade é que, é um mentiroso podre. Desejo do fundo de meu coração que apodreça no inferno. — E saiu correndo para não cometer um inseticídio, ele ainda tentou alcançá-la, mas conseguiu chegar ao carro.

Ao que parece seu ex tem memória seletiva. No entanto nunca iria ignorar o fato, de como foi humilhante ser traída, faltando tão pouco para o casamento.

Não esqueceu sua caminhada da vergonha, quando levou suas coisas a casa de seus pais. Claro que seus pais amorosamente a acolheram e consolaram, não foi por isso vergonhoso. Seu pai e seus irmãos queriam ir atrás de Nathan e o emascular, da mesma forma que faziam com os touros. Apesar de divertido não pode deixar sua família ser presa por causa do cretino, mesmo assim seu pai deu uns bons socos nele quando foi tentar se explicar no dia seguinte, bem feito.

O vergonhoso foi explicar a todos os seus convidados o porquê, que não haveria mais casamento e o que mais doeu foi à cara de piedade que faziam quando lhes contava o real motivo do fim. A piedade é o pior dos sentimentos, não suportava a dó que sentiam dela. Foi revoltante a forma que seus amigos em comum que foram em defesa do cretino.

Diziam que ele errou, que uma vez que estivessem casados nunca faria isso, teve a melhor de todas, que ele foi seduzido pela piranha e não por isso não tinha culpa por seus atos, ridículos. Quando não suportava mais a romaria de amigos tentando reatá-los, resolveu que teria que se afastar ou cometer assassinato e assim mudou-se para o interior em uma pequena cidade turística.

Agora sua vida está perfeita, tem seu consultório no centro da cidade, tem bons amigos, uma casinha agradável, seus pacientes no entorno, finalmente estava em paz, sem homens mentirosos para estragar sua vida. Mesmo que o maldito ligou, tem toda esperança que não venha até sua casa para perturbar. 

Nosso Amor nas EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora