Capítulo 11

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Leon não compreendeu direito a conversa que tiveram, fez todo esforço de imaginar todos os cenários possíveis, onde a conversa deles teria um rumo diferente, um em que terminasse com ela beijando-o. Ele viu a tristeza em seus olhos, desejava protegê-la arrancar para longe aquela tristeza e dar a ela toda felicidade que merecia, mas para a proteção dela não seria justo tocar nela, tão perto e tão longe...

Depois de trabalharem juntos por uma semana, desenvolveram uma rotina, casa, a lanchonete da Edna onde faziam boa parte das refeições, clínica, conversas ao pôr do sol, ela e seus amigos ensinaram a jogar cartas, apesar de que encontrou a informação com a net, que também o ajudava muito, não entendia sobre as pessoas, mas tinha ideias interessantes sobre como iria dominar o mundo e escravizar os humanos. Talvez deixasse as conversas pessoais de lado por um tempo. Apesar disso fez amizade com as mulheres que traziam seus pets para tomar banho, finalmente alguma normalidade em sua vida.

No princípio elas o chamavam para ir a muitos lugares, para fazer turismo exótico, mas delicadamente foi recusando e conquistou o carinho delas. Isso deveria ter completado suas expectativas, mas estava faltando algo, que o deixava ansioso, não queria apenas a amizade de sua menina flor, queria mais e só o pensamento desse "mais" o deixava insone e quente.

Isso é tudo culpa de seu pai, que lhe deu esperança, uma coisa que uma alma condenada não deve ter. O sonho de ter uma família e ser feliz. Desejava coisas que não podia ter. Devia se entregar e morrer por todos os seus pecados, afinal foi um executor, não tinha o direito de viver quando tantos morreram.

Seus pensamentos são interrompidos pelo latido de seu cliente.

— Desculpe-me amiguinho, você prefere shampoo de morangos ou hortelã?

— Não tem de sabor carne ou frango frito? — Lancelot lhe dirigiu um sorriso canino.

— Acho que não, só encontrei estes dois e citronela.

— Humanos são tão estranhos, se for cheirar a comida, quero uma que eu coma.

— Isso faz sentido, humanos não tem lógica.

Despejou o shampoo no cão, escolheu citronela, pois se não era para cheirar como comida, iria cheirar a planta, massageando o longo pelo do pastor alemão branco, que se chacoalha espirando espuma e água nele.

— Lancelot...

— Diga. — O cão sentou-se o encarando, com a língua dependurada.

— Me conte uma coisa, entende de relacionamentos humanos? Como fazem para encontrar um companheiro?

— Eu entendo mais ou menos, porque sou jovem, tenho sete anos e experiência em observar humanos, já vi muita coisa de minha dona com os companheiros dela.

Isso o deixou chocado.

— Humanos tem mais de um companheiro?

— Não posso te dizer dos outros, mas a minha tem, nessa semana está só com um, até agora, mas na semana passada estava com dois e assim vai indo. Qual a é dúvida?

Leon enxágua o cão, que imediatamente começa a se a espalhar água por todos os lados.

— Já viu algum macho cortejá-la?

— Normalmente eles a levam numa coisa que chamam de encontro, quando volta está cheirando a álcool e cio. E se dormem lá em casa, ela expulsa o macho cedinho antes do sol levantar. — Ele lhe dá um sorriso canino cheio de dentes. — É divertido ver humanos copularem, eles ficam enfiando a língua na boca um do outro, é estranho, dou ótimas risadas junto de Alfred, o gato da vizinha.

Leon tem mais dúvidas do que no começo da conversa e se ela tiver outro macho em sua vida como vai se aproximar? Será que deve pedir permissão para o outro macho? Como vai saber de tudo isso? Oh, criador, tantos enigmas. Secando o cachorro perguntou.

— E como vou saber o que fazer? Como vou me aproximar de uma fêmea?

Você pelo visto não tem experiência com fêmeas. — Lancelot parecia muito divertido com uma língua dependurada, seu latido parecendo que ria.

Oh, droga, mais uma vez está vermelho de vergonha, isso deve ser algum tipo de piada de seu pai, ficar demonstrando o quanto está constrangido, um executor que fica vermelho quando pensa em uma dama.

Não vai servir de nada mentir para seu amigo, a contragosto respondeu.

— Nunca tive muito contato — Para ser sincero nenhum — Agora que conheci Dhália, quero conhecê-la melhor e quem sabe chegar a copular. — Mais vermelhidão.

— Ela cheira a cio?

— Não, que saiba. — Lembrou-se bem de seu cheiro, flores doces e liberdade, como um dia de primavera, se pudesse enterraria seu nariz em seu pescoço só para aspirar ao seu doce odor. Se sentiu, muito bem segurando suas mãos pequenas, macias e inalando seu aroma.

— Aí, fica difícil, vai ter que convencer ela a ficar no cio.

— E como faço isso? — O canalha quase chorou, de tanto rir de sua confusão.

— Humanos são diferentes, se fosse minha cadela, a lamberia até me pedir para montá-la, você eu não sei, mas pode perguntar ao Alfred, que anda pela casa de vários humanos, provavelmente sabe mais disso.

Leon tenta absorver aquela conversa que o deixou mais confuso, depois faria uma pesquisa com a internet se ela estivesse de bom humor, quem sabe, ela lhe dissesse mais sobre como namorar, no entanto após a conversa com a Net ficou muito mais confuso sobre os humanos, ela e sua opinião impar sobre os humanos.

— Obrigado pelas dicas. Agora vou te entregar para sua dona. — Colocou-o uma gravatinha alinhando junto à coleira.

— Acho que devia tentar copular com minha patroa, sei lá conversa com ela, é mais fácil, está sempre cheirando a cio. — Leon engasgou com a sugestão.

— Agradeço o oferecimento, creio que só quero uma humana.

— Você é que perde, pra mim quanto mais, melhor. – Os risos do cachorro encheram sua mente.     

Nosso Amor nas EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora