Nada sera mais como antes (Capitulo 1)

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Uma carta do Brasil chegava, era de manhã e a aquele sol não desejado por Lua já era visto por trás das cortinas.
- Acorde ela. E que ela trate de acordar dessa vez! -- dizia Marcela, a nova mulher de seu irmão.
O quarto todo em tons claros, a indecisão estava até no próprio quarto. Frases por todo o quarto "Eu não vim para agradar ninguém" estava escrito na porta. Logo se via que Lua estava de novo naquele sono pesado e distante.
- Lua, Luazinha.. Vamos meu bem, acorde. Lua é sério. Marcela está naqueles dias (um capeta) -- Maria olhava o quarto enquanto dava um pause na sua tentativa de acordar aquela garota.
Lua finalmente abre os olhos, mas logo fechava os olhos rapidamente.
- Maria, pelo amor de Lana Del Rey! Os meus olhos são sensíveis, meu anjo. -- Lua em tom de irritação. - Eu odeio esse sol! Até aqui na linda e nem tão maravilhosa Inglaterra.
Lua dizia tentando fechar as janelas, andando pelo o quarto até perceber que ainda era 7:00 da manhã, deixando a mais irritada.
- Tenho uma coisinha para você, minha Lua dos cabelos -- Maria interrompida pela surpresa de ver que Lua tinha mudado o tom do cabelo... de novo.
- Eu podia jurar que até a tarde ontem era preto com mechas azuis
- Ah Maria, você ver rosa no meu quarto ?
- É pra eu mentir ? -- Em tom de ironia
- Maria, Maria... Mais de 5 anos trabalhando com a gente, já deveria saber que rosa só fica bom em mim nos meus cabelinhos que inclusive já está na cintura.
Sentada na cama, Lua diz em tom sério.
- Eles apareceram de novo nos meus sonhos... que foram interrompidos por você, Maria!
Maria se juntava a ela na cama.
- Chegou uma carta do Brasil, olha sinto cheiro de Santa Catarina que vem de brinde Júlia.
- Ah, você não está brincando comigo, né Maria ? Mal posso esperar para ler essa carta!
- Ela podia ter ligado, né ?
- Eu adoro cartas e eu não ia deixar essa oportunidade da senhora "não me toque" atendesse o telefone e dizer que eu não estava.

"Os flash daquele sonho com os mesmos rostos iam e vinham. Nada certo mas era um garoto e uma garota, sim."
Maria escutava com atenção sobre as pessoas que não largavam dos seus sonhos.
- Era uma garota, aí pah! Vinha o garoto.
- Sabe por que isso acontece ? Por que tu ama os dois corpos, não se decide nem nos sonhos. -- Maria ia saindo do quarto, deixando Lua pensativa com a carta nas mãos.

Deitada na cama de novo, Lua abria a carta "Nós falamos todo dia, quase todo tempo, menos nos últimos meses, mas essa carta tinha que ser especial, como você meu bem..." Os olhos de Lua se enchiam de lágrimas, e sua imaginação estava ali pronta para mais uma de suas imaginações "Eu e Pedro voltamos para o Brasil depois daqueles dois anos no Japão e tanta coisa mudou.." Lua já imaginava um cabelinho curtinho com o seus tons de castanho "Compramos uma casa em Santa Catarina e eu espero você com muita saudade e muitas experiências novas!"

No Brasil, Em alguma cozinha de algum lugar em Santa Catarina, Pedro vem chegando até encontrar Júlia de costa, o jeito como Pedro olha para ela era único, ele olha do começo das botas até chegar nas costas onde um lobo tão lindo e delicado estava tatuado.

- Eu já disse hoje pra você que esse seu cabelinho é tão delicado e tão cheio de vida quanto você ?

Julia se vira para Pedro com vários livros na mão.
- Nas últimas horas não. -- Julia rir sem jeito. -- anda, me ajuda com eles. Eu tô pensando em por aqui na sala a disposição de todos.
-

Uma biblioteca ? Pedro diz em tom de sarcasmo.
- Eca! Não quero minha casa sendo invadida por um monte de gente.
Júlia diz indo para o quarto, enquanto Pedro a segui.
- Você já está igual a senhora Lua Mouzinho. Pedro diz em tom de leve sarcasmo.
O quarto era todo em tons claros, bem Júlia. Júlia e Pedro tinham uma sintonia que era única, a forma como os dois se olhavam enquanto arrumavam algumas coisas ainda para o quarto, era como se fossem se atacar a qualquer momento, era difícil imaginar que aquela moça de nome Júlia, dona dos melhores livros, e das melhores fotos de todos lugares que foi no Japão e Roma tinha um lobo tão feroz dentro dela que só Pedro conhecia.
- Pare de me olhar assim, garoto.
Júlia dizia sem jeito indo pegar o telefone - Acho que vou ligar para o correio, não acredito que ainda não possa ter chegado lá essa bendita carta.
- Por que você não mandou uma mensagem ? As pessoas fazem isso estando no século 21. Pedro mais uma vez com seu sarcasmo
- É.. é especial esse nosso lance de cartas, você ainda não entendeu ? São três anos, Pedro TRÊS ANOS DE CONVIVÊNCIA e você ainda não entendeu ?
Pedro se aproxima com uma caixinha tão pequena que Júlia não conseguiria ver nem com a ajuda daquelas lentes
- Me desculpe, e por ser três anos de convivência, quatro anos de muito amor... Eu quero lhe dar algo.
Júlia ainda irritada de costa diz - É um casaco ? Por que está frio e muito.
Até que ela se vira e larga as roupas que estava guardando.
- Pedro... Ah, eu te amo!
Pedro tinha tirado um anel de noivado daquela caixinha.

- Lua, onde você vai ? -- Pablo pergunta com estranhamento.
- Procurar algo interessante para levar para o Brasil. -- Lua diz sentando na mesa pegando uma maçã.
- Como assim Brasil ? Eu não estou sabendo de nenhuma visita naquele lugar quente -- Marcela interrompe Lua.
Maria vem chegando com mais frutas a mesa.
- Marcela, não fale assim. É o meu país. Se não fosse por aquele lugar quente e horrível como você chama não teríamos nos conhecidos. -- Pablo se levanta indo a direção de Lua.
- Que cabelo é esse Lua ? -- Pablo diz com estranheza novamente.
- Daqui a pouco tá careca. -- Marcela alfineta Lua enquanto toma um gole do suco de goiaba.
- Se não fosse por mim, você jamais conheceria a linda Inglaterra, que você não pode negar que foi ótimo para todos, não é Lua ?
Lua rebate.
- Acho que você que deveria ficar careca, Marcela.
Lua sai da mesa pegando sua mochila com alguns livros e sua máquina de tirar fotos, um pouco antiga mas cheias de lembranças. Lembranças que nem mesmo Inglaterra faria esquece-la.
Estava quase nevando quando Lua já estava na calçada subindo na moto " Acho que precisamos pensar não é mesmo senhora Lua Mouzinho.. "
Inglaterra com aquelas ruas ainda sujas da última chuvinha de neve podia ser perigoso mas Lua era tão perigosa naquela moto quanto as ruas. 'BØRNS' começava a tocar nos fones e os pensamentos de liberdade estava mais presente do que tudo.
As lembranças das últimas horas no Brasil estavam fortes:
- Por favor Lua. Não faz isso!
- Você já escolheu, Luíza. Há muito tempo, desde a sua escolha. Vai embora. -- Lua dizia tentando ser convincente.
Lua já estava na estrada, acelerando mais rápido, até que outra imagem vinha:
"Ela nunca te amou." (Voz de uma garota)
"Você é só um joguinho." (Voz de um garoto)
"Eu a escolhi, Lua. Não você." (Voz de Luíza)
Eis que uma luz tão forte aparecia até Lua gritar e já aparecer no hospital com Júlia ao lado na cama deitada esperando que Lua acordasse.
- Faz uma semana que você não acorda. Por favor acorde. -- Júlia diz quase em choro.
Lua acorda algumas horas depois, o primeiro rosto é de Júlia. Lua abre um pequeno de sorriso.
- Você não vai me deixar tão cedo né ?
- não, mesmo que eu precise ter que doar sangue caso você tente se matar de novo.
O clima fica um pouco mais leve.

De volta para a realidade, que não é diferente do que era naqueles anos atrás quando Lua estava nas estradas, as estradas eram a busca para a liberdade, aquela enorme vontade de ser livre.
Lua vai acelerando mais rápido até que as ruas vão ficando mais cheia de pessoas " Preciso ligar para Júlia "
Lua desce da Moto deixando um livro cair mas é esquecido pela pressa.
Numa cafeteria Júlia recebe a ligação de Lua:
- Oi, meu bem!
- Aquelas crises, Júlia. Elas voltaram e eu estava tão bem, eu não sei o que está acontecendo dessa vez.
- Você recebeu minha carta ? Estou com tanta saudades! -- Júlia diz em tom de agonia.
- Sim, eu recebi. Eu fiquei muito feliz. Feliz por vocês terem gostado do Japão, bom, eu acho que vocês gostaram.
- Você vem ?
- Claro que irei, mas quando ? Por mim eu iria essa semana mesmo. Mas temos meu aniversário e você sabe como Marcela é. -- Lua revira os olhos.
Na outra linha Júlia é interrompida por Pedro que chega na mesa
- É Lua ? -- Júlia concorda com uma expressão de tristeza após desligar o telefone.
- Ela só vem no Halloween.
- Daqui dois meses.
- É, até lá vamos poder arrumar tudo a tempo de recebe-la.
- Quando ela faz 20, mesmo ? Daqui uma semana ?
- Exatamente. E estarei aqui, bem longe. Mais uma vez. Júlia diz olhando para a montanha que dava para ver pela janela da cafeteria.
- Precisamos comprar umas coisas e estamos atrasados.
Santa Catarina era um lugar calmo e aconchegante. Tudo o que Lua precisava ou talvez parecia precisar.

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