Uma Nova Escuridão - As Crônicas dos Guardiões

Prólogo

Há séculos, em meio à imensidão do universo, surgiu Pan Gu, a essência da luz. Nos primórdios, ele sacrificou seu corpo para dar vida a um novo mundo. Sua respiração transformou-se em ventos e nuvens, sua voz tornou-se trovões. Um dos seus olhos se tornou o Sol, enquanto o outro se converteu na Lua. Os braços, pernas e tronco se transformaram em grandes montanhas, e seu sangue deu origem aos rios e lagos. Os músculos se converteram em terras, os cabelos e barbas se tornaram estrelas, e os pelos finos se espalharam como flores e árvores. Seus ossos se transformaram em minérios, seu suor se converteu em orvalho e chuva. E de sua pele surgiram todas as espécies animais.

Quando sua grandiosa criação ficou completa, ele a chamou de Édenos. Detalhes deslumbrantes adornavam Édenos, com suas paisagens pitorescas e criaturas exuberantes. Os ventos dançavam entre montanhas majestosas, enquanto os rios serpenteavam pelos vales exuberantes.

No entanto, a tranquilidade foi efêmera, pois Pan Gu não sabia que, junto ao seu nascimento, também havia nascido Heit, a essência das trevas. Pan Gu, o ser benevolente, estava impulsionado pela necessidade de proteger seu amado mundo. Heit, por outro lado, personificava a escuridão pura, movida pela ganância e inveja, desejando corromper tudo o que era belo. Heit despertou como uma nuvem espessa e obscura, emergindo do solo.

Quando os olhos da escuridão cobiçaram o mundo perfeito de Pan Gu, tudo se transformou. Suas criações passaram por mudanças desconhecidas, tornando-se criaturas sem alma, denominadas Des'almadus . Amigos se transformaram em inimigos e uma guerra inevitável eclodiu. Aqueles que resistiram ao poder das trevas se uniram em batalha contra o mal que ameaçava sua civilização. As estrelas brilhavam no firmamento, testemunhas silenciosas da batalha titânica entre a luz e as trevas. Paisagens foram desfiguradas, os mares secaram, alianças foram quebradas, e muito sangue inocente foi derramado.

Para pôr fim a todo esse caos, Pan Gu iniciou a Expurgação. Uma poderosa enxurrada de luz varreu completamente Édenos, dizimando tudo em seu caminho. Sua obra era perfeita antes do surgimento das Trevas. Enquanto o mundo outrora perfeito se dissipava, Pan Gu contemplava a natureza intrínseca do mal e sua ligação com a essência da vida. Ele compreendia que, mesmo com ações puras, o mundo nunca estaria livre do mal.

O mundo perfeito permaneceria marcado pela dualidade eterna de Pan Gu e Heit, um testemunho eterno de sua batalha e da inextinguível presença do mal. A história de sua criação e sua luta contra as trevas ecoaria através dos séculos, como uma lembrança constante da necessidade de perseverar na busca pela luz.

"O mundo nunca estará livre do mal, porque o mal sempre se alimentará do egoísmo, da inveja e da raiva dos homens" - Pan Gu.