Epílogo

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5 anos depois

Lily Evans atravessava a rua com pressa, decidiu que poderia muito bem chegar até a lanchonete sem o guarda-chuva, ventava e o objeto ameaçava virar o tempo todo. Depois de anos na cidade, Lily começou a apreciar o clima, chovia menos que em Hogsmeade e a garota há muito deixou de apreciar tempestades.

Aproveitou a porta aberta que um senhor deixou ao passar e entrou no estabelecimento já se sentindo mais aquecida.

— Olá, senhorita Evans.

— Oi, James — o cara detrás do balcão sorriu para Lily. Ele não era tão bonito quanto o seu xará, o qual Lily não via há anos. Porém a garota gostava de receber sorrisos gentis. — O de sempre.

— Aqui está — disse ele, lhe entregando um copo com café.

Ela gostava de pensar em si mesma em diferentes fases. Lil, que era o estágio antes da morte do pai. A Lily original, a garota de piercing, tatuagem e cabelo pintado. A falsa Lily, aquela que fingiu durante meses toda uma aparência e comportamento. Evans, a garota da faculdade, tão perdida quanto todas as outras. E agora, Lily adulta. Só a Lily adulta gostava de tomar café, todas as outras tinham sido adeptas ao chá ou leite.

Ela sabia que em tese todas essas garotas eram uma só. Ainda que não mantivesse a ingenuidade da primeira, conservava alguns de seus gostos. O cabelo colorido não fazia mais parte de sua vida, porém o piercing e a tatuagem da segunda permaneciam. Ela não fingia mais ser o que não era, porém manteve o estilo de vida mais saudável e mais cuidadoso da terceira. Manteve as manias e os gostos da quarta, mesmo que estivesse mais forte. E todas essas pequenas coisas eram o que compunham a Lily atual.

Pegou-se pensando em Hogsmeade. Christine Evans havia mudado de lá um tempo atrás, morava em uma cidadezinha uns 40 km de Lily e estava para lá da metade do curso de medicina. A faculdade fazia tão bem a ela, embora tivesse surtos constantes e ligasse para Lily e Petunia como se as tivesse abandonado. As três estavam bem, tudo estava bem.

— Vi seu ônibus hoje — contou James, trazendo um biscoito para ela em um pratinho de papel.

Lily riu satisfeita. Um dos seus trabalhos como fotógrafa era exposto em ônibus circulares. Sua carreira começou na faculdade mesmo, onde todos os professores pareciam notar que ela tinha um talento formidável.

Faculdade... Período difícil. Meses se passaram desde o fim do ensino médio, mas ela ainda deixava uma aula por causa de uma crise súbita de choro. Tão frágil. Mudou de quarto três vezes até se permitir fazer amigos. Ou ser beijada...

Mas com o tempo, passou.

A única pessoa com quem ela mantinha contato do passado, era Remus. O garoto fazia cursos de extensão na faculdade dela vez ou outra. Professor Lupin agora. Ele e Dorcas estavam noivos há três meses, e o convite para ser madrinha continuava na mesa de centro da ruiva, como se fosse um animal raivoso que ela tivesse que lidar uma hora ou outra. Marlene era a outra madrinha de Dorcas. Lily ficou especialmente feliz quando soube que elas voltaram a ser amigas.

— Marlene foi visitar Dorcas no hospital — contou Remus uma vez. — As duas choraram, e você as conhece, demorou um tempo até que estivessem realmente se sentindo seguras uma com a outra. Mas elas ajudaram uma a outra a passar pelos momentos difíceis.

Dorcas conseguiu vencer a bulimia e os prejuízos que ela causou, era professora do jardim de infância agora. Marlene, por sua vez, terminou o tratamento da DST, continuou com as visitas ao psicólogo, onde tratou melhor de sua ansiedade. Estava cursando moda agora, na França, e parecia muito feliz e engajada em projetos de conscientização, saúde mental e causas feministas. Elas estavam bem.

5 Colours in Her HairOnde histórias criam vida. Descubra agora