Às vezes nem tudo é como a gente imagina

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— Vocês querem mais cerveja? Quem está a fim de beber até esquecer o próprio nome? — gritava um moreno em cima de uma mesa de carvalho. — Vamos nos balançar nos lustres e brindar aos velhos em casa! Bem vindos a melhor festa das nossas vidas!

Era muita pretensão querer que aquela festa baixo-astral de final de semana fosse algo a mais, mas em algum momento — onde Lily não soube distinguir seus próprios pés em meio àquele mar de corpos — aquela festa se tornou única.

— Quem é você, querida? — ele gritou acima da música, ela não sabia como ele havia parado ali ao lado tão rápido. — Eles me perguntam seu nome, estranha do cabelo colorido. Mas eu não sei!

Encostada naquele bar improvisado, sentindo a música barulhenta vibrar por seu corpo, a garota sentiu uma vontade imensa de fazer coisas irresponsáveis.

— Meu nome é Lily! — tentou gritar por cima da música. Tropeçou nos saltos da bota e viu seu rosto colado a um corpo quente e seu corpo sendo amparado por braços forte.

— Vamos lá, Lily — gritou o moreno, colocando-a sobre os próprios pés novamente. — Quero dançar com você a noite toda.

Má ideia. Aquele corpo quente tão próximo era uma má ideia. Aqueles olhos azuis eram uma má ideia. Aquele plano estúpido era uma má ideia.

Mas era a noite das coisas irresponsáveis, então Lily engoliu o que ainda tinha no copo e se lançou na pista. Nem precisava saber dançar. Nem precisava pensar. Quando Sirius Black sorriu para ela, com o braço ao redor de sua cintura e a mão em sua nuca, enrolando as mechas coloridas em sua mão, aquela pareceu uma ideia tão boa quanto qualquer outra. Os corpos tão juntos, que ela podia sentir os batimentos dele. Ela definitivamente não precisava se lembrar que em breve, teria que partir aquele coração.

***

— Ok, Lily — disse Marlene estacionando o carro na esquina. Grimmauld Place 12 era onde Sirius morava, da esquina era possível ouvir a música e enxergar as luzes. Onde os pais de Sirius estavam para permitir aquilo era um mistério. — Não vai ser nada demais. Enturme-se, dance um pouco, aprecie a vista como se você tivesse pensamentos realmente interessantes sobre a vida e pronto. Não muito tarde, você deixa a festa e chama um táxi. As pessoas só têm que ver você hoje.

— Se encontrar com Sirius, sorria, ok? — falou James no banco de trás do carro, colocando a cabeça entre os bancos da frente. — Não se ofereça, tente bancar a enigmática.

— Finja — acrescentou Marlene. — Agora vai lá. Lembre-se: confiança, postura, olhar enigmático. Qualquer coisa você me liga.

E com isso abriu a porta e praticamente jogou a Evans porta a fora. James se retorceu passando para frente, e a última coisa que Lily viu antes de marchar para a casa, foi os sorrisos cheios de expectativas dos dois no carro. Era o plano deles, mas quem estava naquela situação era ela.

As músicas eram bem ruins, Lily notou. Um pessoal ria na calçada da grande casa, todos parecendo bem alegres. Não era exatamente como ela imaginava. Até agora não havia nenhum corpo deixado na grama, ninguém nu na piscina, não tinha nem uma piscina. Parecia uma festa bem pacata. Comida ruim, bebida ruim, música ruim.

A menina percebeu diversos pares de olhos a encarando, mas ignorou. Encontrou uma mesa onde algumas tigelas de ponche estavam e despejou uma concha em um copo. Um ponche de frutas não ia fazer mal, um copo na mão chamaria menos atenção. Antes do líquido chegar em sua boca, Lily percebeu que tinha algum álcool ali, mas acabou engolindo, e teria cuspido no primeiro que passasse, se isso não fosse causar uma impressão bem ruim. O líquido desceu rasgando sua garganta, queimando. Não era ruim de todo, mas ela não era a maior fã de álcool.

5 Colours in Her HairOnde histórias criam vida. Descubra agora