É preciso paciência

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E talvez o "encontro" não fosse bem o que a menina esperava. Quando subiu as escadas toda afobada e arrumou-se de acordo com o que tinha aprendido, Lily não parou para pensar no que aquilo realmente significava. Desceu as escadas com borboletas no estômago, como há muito não sentia. Quando entrou no carro, foi se dando conta aos poucos do que havia se metido.

— Já faz uma semana que você anda conversando com o Black — disse James, guiando o carro (após abrir a porta para ela). — Ou seja, está na hora.

— Hora de quê? De adortarmos um cachorro? — brincou Lily, enquanto colocava o cinto. Começando a ficar nervosa, em um sentido não tão interessante. James tinha carteira, aliás?

— Hora do primeiro encontro, Evans — sorriu James. — Hoje você vai aprender como agir num encontro com Sirius Black.

Toda animação da garota foi por água abaixo. James era um professor dedicado, ensinou desde as músicas do rádio, ao jeito de falar, o que vestir, como se portar, o que pedir num cardápio — LIly inclusive aprendeu a não pedir salada, como as outras garotas pediam —, que assunto conversar, sobre tudo.

Lily não podia dizer exatamente quando James passara de um cara desprezível, para alguém aturável. Era como com Sirius, por mais idiota que ele fosse, Lily não conseguia ignorar os atributos físicos, e que em alguns momentos, eles eram pessoas interessantes. Ela havia tido um momento ou outro entre as "lições" onde ela e James realmente haviam dado boas risadas juntos. Ele tinha aquele quê de bad boy que fazia Lily se sentir legal com a atenção, da mesma forma que uma parte de si gostava da atenção de Sirius. É, talvez ela não fosse tão diferente de todo mundo.

— Foi uma ótima noite, Potter, apesar de tudo — disse ela quando ele estacionou o carro em frente à sua casa. Ela poderia ter saído, mas alguma coisa em si quis prolongar um pouco mais o momento. O cheiro de James estava por toda parte, e ele era basicamente o que ela via, iluminado pelo painel do carro, com luzes nas lentes. Lily usando óculos fazia parecer que todo seu rosto era estranho, James de óculos tornava a peça estranhamente sexy.

— Quando você for se despedir de Sirius haja como se estivesse surpresa por ter gostado — ensinou ele, com aquele sorriso conhecido já. O vento que vinha pela janela havia deixado seu cabelo bagunçado, e ela meio que gostava assim. Sentiu uma vontade de passar a mão por ele, mas se conteve. Tão perto, trinta centímetros de distância, mas de alguma forma, tão distante. Um mundo inteiro entre eles.

— Vou me lembrar disso — sorriu a menina, tirando o cinto de segurança e estendendo a mão para abrir a porta. — Bom, boa noite, James.

Abriu a porta e tinha uma perna para o lado de fora quando sentiu uma mão gelada em seu ombro, virou-se e, de repente, James parecia perto demais. Ela podia contar os pingos verdes que ele tinha nos olhos castanho, e ver uns fios de barba no bigode, podia observar de perto seus lábios — um pouco rachados — e então, sentir esses mesmos lábios nos seus.

Okay, aquilo era surreal. Por um segundo Lily travou onde estava, os olhos abertos e a mão na maçaneta. Um segundo, um segundo de completa dúvida, onde nada de substancial passou pela sua cabeça.

Então Lily estava beijando James de volta, ou pelo menos, deixando-se ser beijada. Fechou seus olhos e apenas confiou nele.

James tinha um beijo longo, intenso, uma mão se instalou na nuca de Lily, enquanto a outra guiou uma mão da garota para sua nuca, e depois puxou-a para mais perto pela cintura.

Aquilo tudo era intenso demais. Mas ela não estava reclamando. Voltou para dentro do carro e fechou a porta. James aproveitou o movimento para puxá-la para mais perto, o máximo que o espaço limitado permitia.

5 Colours in Her HairOnde histórias criam vida. Descubra agora