Apenas Um Conto De Natal

Natal já se aproxima e...

“Se tu vens às 4:00, desde às 3:00 eu começarei a ser feliz.” (O Pequeno Príncipe)

                  
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— Eu continuo achando que isso não vai ser tão fácil como vocês dizem.— Andy murmurou pela décima vez enquanto observava Rachel e Nicole escolherem uma árvore no meio das demais.
   No início daquela manhã particularmente quente de dezembro, Meg e Nicole bateram na sua porta logo de manhã, acordando ele e os garotos e os obrigando a acompanha-las até uma pequena floresta que ficava nos arredores de Alkinea. Tony praguejou, enquanto Léo apenas vazou fora dizendo que tinha obrigações com Maya, e a Andy não restou nada a não ser ir com as garotas, mas antes arrastar Rachel e Tony consigo — para derrubar uma árvore ao estilo dos manejadores, seria preciso no mínimo um  manejador do vento e um do metal. E também ele não poderia deixar duas garotas fazerem aquela tarefa sozinhas, se bem que duvidava que seria de grande utilidade, porque até no momento tudo que o manejador havia feito foi resmungar e desenrolar um rolo enorme de cordas, que mais tarde ele usaria para amarrar o pinheiro no jipe.
— E eu continuo achando que você deve calar a boca.— Rachel disse enquanto se concentrava em afiar uma lâmina de metal que ela e as garotas acharam no depósito de Alkinea. Seria apenas afinar a peça e Tony invocar uma rajada de vento que o serviço estaria pronto. Essa era uma das inúmeras vantagens de manejar os elementos da natureza.
     Naquela manhã, Meg e Nicole decidiram que deveriam montar uma árvore de natal, e até aí estava tudo bem. Não ficou legal quando elas decidiram usar na árvore de verdade, e puseram todos para trabalhar.
— Vocês estão cometendo um gravíssimo pecado contra a natureza! — Tonny dramatizou enquanto eles desciam do jipe na entrada da floresta, onde uma carreira de pinheiros de todos os tamanhos se estendia.
— Não se eu plantar outro no lugar. — Meg disse apontando para o manejador uma pequena muda de pinheiro, cuidadosamente plantada em um pequeno vaso de plástico.
Naquele momento, ele e Andy resolveram não contestar mais. Ao menos aquilo não era tão cansativo quanto lutar contra gargos.
— Pronto, agora é com você, Tony. — Rachel disse, e Andy logo se afastou de onde estava, para ver o que o amigo faria logo em seguida, bem como Nicole e Meg que fizeram o mesmo.
— Toda morena precisa de um manejador do vento charmoso.— Tony afirmou enquanto se posicionava ao lado de Rachel, mas a outra somente revirou os olhos. Ele se concentrou e imediatamente uma brisa suave começou a soprar ao seu redor, mas depois foi aumentando, formando pequenos redemoinhos e levantando as folhas do seu lado.
— Agora! — Rachel gritou, soltando a barra de ferro no mesmo momento em que uma forte rajada de vento a atingia, cravando a peça numa linha retilínea no tronco da árvore.
— Uou!— Andy exclamou.
     Todos encaravam como se fossem verdadeiras crianças enquanto Rachel fechava os olhos e focava em arrancar a barra do lugar, a afinar novamente e pedir que Tony invocasse mais ventos, só que agora no lado oposto do pinheiro. Depois de dois profundos cortes na árvore, todos se afastaram e Tonny convocou uma rajada de vento ainda mais forte, derrubando a árvore com tudo no chão, em um baque surdo cheio de poeira e folhas.
— Seres humanos comuns levariam cerca de 20 minutos para fazer isso. — Andy afirmou olhando para a árvore.
— Seres humanos comuns usariam uma árvore artificial.— Tony completou se pondo ao lado do amigo.
— Me ajudem aqui.— Nicole disse enquanto ela e Rachel tentavam enrolar a corda ao redor do Pinheiro.
Tony e Andy já estavam indo na direção delas quanto Meg gritou assustada
— Pessoal, olha!— a manejadora apontou para cima.
    Tony olhou e ficou surpreso com o que viu. Na direção dos garotos vinham dois gargos, com aparência de uma águia gigante, mas como a cabeça comprida cheia de chifres e cauda alongada, com espinhos nada inofensivos. A reação do garoto ao ver o perigo iminente foi instantânea— Tony direcionou ventos na direção das criaturas, mas como já estava parcialmente esgotado, o vento só serviu para turvar a visão dos monstros, e não de impedir que um fosse com toda a força para cima de Meg, que gritou ao ser atingida no ombro.
— Meg!—  Andy correu para sua amiga, já lançando fortes chamas na criatura que sibilava ao lado da garota.
    Nicole correu para ajudar, e viu imediatamente que ela sangrava muito no ombro, e seria uma presa fácil para o gargo atacar novamente. Sem esperar mais, ela arrastou a outra para debaixo de um pinheiro e foi ajudar Andy, ambos lançando chamas sobre a criatura, que parecia não recuar.
Enquanto isso, Rachel e Tony lutavam conta o gargo maior, que também parecia irredutível. Tonny praguejava, enquanto ele e a amiga faziam com o monstro o mesmo que haviam feito segundos atrás com a árvore, o atingiam com a barra de metal forjado, mas isso apenas feria o gargo.
— Maldito!— Tonny disse mais uma vez e a criatura avançou sobre ele, o atingindo por pouco nas pernas.
Rachel, que só observada o corpo da criatura, sinalizou para Tonny rodear e se pôr atrás do monstro, mas ele pareceu não entender.
— O que? — ele gritou enquanto se desviava dos ataques. Mais à sua direita, ele pôde notar que o gargo que Andy e Nicole combatiam estava se reduzindo a uma pilha de gosma, e isso o aliviou.
O manejador se colocou ao lado da criatura, que estava meio desorientada enquanto Rachel, sem emitir nenhum ruído, forjava a barra de ferro até que ela ficasse no formato de um grampo. O gargo a atingiu ferozmente em uma bochecha, mas isso não a impediu de se mover para atrás, e indicar em silêncio para que Tony fizesse algo.
Ele entendeu na hora, e tudo que viu foi uma forte ventania se formando ao seu lado, lançando o grampo que Rachel havia forjado no rosto da criatura e perfurando fortemente as laterais de ambos os seus ouvidos. A criatura logo caiu, e imediatamente Andy e Meg que já estavam livres de sua luta, investiram para cima do monstro com chamas, o reduzindo a uma pilha de gosma queimada.
    O cenário da plantação de pinheiros era de completa bagunça. A árvore para decoração Natalina que eles haviam derrubado estava esquecida no canto, bem como Meg estava caída curvada sobre o ombro, que parecia estar em um ângulo estranho. O chão estava todo pisoteado, e os quatro manejadores ofegantes.
— Eram parcialmente cegos.— Rachel afirmou ainda olhando para a pilha de gosma que há pouco fora um monstro— Já enfrentei esse tipo de criatura antes, eles não enxergam muito bem, portanto são guiados pela audição.
Tonny assentiu entendendo o porquê da garota querer acertar os ouvidos do monstro. Não só ele como todos os manejadores estavam assustados com o ataque dos monstros tão próximo à organização.
— Precisamos ir, Meg está ferida.— Nicole disse chegando até os demais.
— Claro, claro, bublachakla.— Andy afirmou acordando de seus devaneios, e correu até a amiga.
Tony e Rachel ficaram para trás enquanto os dois levantavam Meg.
—Tony!— o garoto olhou na direção de Rachel quando ela o chamou, e logo entendeu.
O pinheiro, o maldito pinheiro.
— Não tivemos todo esse trabalho atoa, não é? — ela disse enquanto jogava as cordas para o garoto, que demonstrava estar completamente decepcionado.
Rachel correu até os demais, e logo se pôs ao lado de Nicole para ajudar a levar Meg até o jipe.
— Vai lá ajudar seu amigo Tonny, vai.— a morena disse para Andy que olhava em dúvida.
— Garotas! — ele resmungou, dando um tapa na própria testa, e caminhando até Tonny que estava tentando enrolar a corda ao redor da árvore.
— Tomara que até a noite de Natal isso já esteja na organização.— Nicole disse, e até Meg que se torcia de dor foi obrigada a rir com o comentário da amiga.