Tudo se resume em amor

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“Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?” (Marley e Eu)

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    Algumas coisas não precisam ter sentido, desde que te façam feliz. Naquele momento, depois de uma mágica visão e de uma reação totalmente fora do nível de lucidez de uma pessoa, Andy Dennison sabia que ainda haviam muitas perguntas a serem respondidas. Por que sua mãe foi morar na Europa? Por que não tentou entrar em contato com o filho mesmo agora que ele estava em Alkinea? Estaria ela sendo ameaçada? Se sim, por quem? Ele poderia ir até onde ela estava? Ela o receberia bem? A visão do lago não havia respondido nem 10% de suas dúvidas, mas respondeu a maior delas. Sua mãe estava viva. Aquela que o criou até os 6 anos sozinha, que se virou para cuidar da casa quando seu pai morreu, que o protegeu pelo seu dom, aquela que foi seu porto seguro, estava viva e com saúde.
    Durante todo seu tempo em Cháos todos o contestavam por ele nunca falar sobre seu passado. Até mesmo Léo, Tony e seus amigos se perguntavam o porquê do manejador ser tão reservado, mas Andy sabia que todos tinham entendimento de que ele guardava sérias lembranças. Eles sabiam que aquele seu jeito elétrico e brincalhão era uma espécie de máscara para seus medos e dores. Ser separado de sua mãe ainda quando criança, e logo depois descobrir que tinha poderes sobre humanos, ir morar em uma organização desconhecida foi pesado demais para a cabeça do garoto, e o seu refúgio maior estava no bom humor. Agora, depois de sair do lago e chegar todo sujo e molhado perto de seus amigos, eles não conseguiam ver nele o guerreiro manejador que já enfrentou dezenas de monstros, e sim uma menino, um menino ainda descobrindo o mundo.
   Andy se aproxima de Tobby e Maya, e já começa imediatamente a perguntar ao hysk
— Porque não me disse isso...— ele tenta perguntar, mas Tobby o interrompe.
— Tudo tem seu tempo, jovem manejador.— ele responde, sorrindo.
  Andy entende, e desvia atenção quando uma chuva repentina começa a cair.
Maya se apressa em levar Tobby de volta à organização, deixando Andy para trás com seus amigos, que parecem não se importar com os pingos de chuva.
— O que aconteceu com você , cara? — Tony pergunta — Um ataque de epilepsia?
    O manejador do fogo olha para Tonny, e logo depois para seus amigos e pensa em como teve sorte de os conhecer. Ali, parados na chuva, alguns emocionados, outros surpresos, todos olham para ele com interesse, todos parecem felizes por ver o amigo tão feliz. Naquele momento, Andy entende tudo. Tudo sobre aquela noite, tudo sobre aquela visão e principalmente: tudo sobre o Natal. Ele pensa em como foi difícil todos esses anos sem a mãe, e se dá conta que só sobreviveu à eles com a ajuda dos amigos. Na verdade, tudo no final se resumiu ao amor. Ao amor que recebera de sua mãe, do amor que recebeu de seus amigos, do amor que se manifestava de todas as formas possíveis em sua vida. Aquele era o verdadeiro significado do Natal. Era estar acompanhando e cercado de amor, fazendo até mesmo os dias mais sombrios serem bons. Aquilo era mais mágico que a própria magia do lado, mais forte do que a força de Alkinea e Cháos juntas, era um sentimento nobre demais para ficar guardado apenas no íntimo de seu coração.
   Rachel começa a pensar que o garoto está ficando louco, pois o mesmo não pára de os encarar e sorrir, por isso pergunta:
— Andy, o que está havendo?
Sem mais pensar, e ainda com aquela chama viva dentro de sí, Andy berra
— Mano, eu amo vocês! Feliz natal!!!!
Ninguém entende, mas também ninguém contesta.
Tonny, entrando para loucura, pula em cima de Andy, gritando.
— Eu também te amo, criança!
Léo faz o mesmo logo em seguida, e em questão de segundos todos os 6 jovens estão abraçados no meio da chuva, gritando coisas como “Feliz natal, bublachakla, e coxinha de frango". Alguém, provavelmente Tony, faz questão de puxar o emaranhado de pessoas para o lado, e como em câmera lenta, eles caem um sobre o outro, se sujando de lama e pedaços de grama, mas não se importam. São verdadeiras crianças comemorando o Natal.

     
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    Quem olhasse para aquela cena, nunca julgaria que aqueles adolescentes sujos e loucos já haviam enfrentado centenas de monstros, já haviam sofrido perdas e traumas na infância e que hoje carregavam sobre si responsabilidades sem precedentes. Mas, o laço de amizade entre eles quebra qualquer regra e conceito de lucidez que se espera.
Laços. O que é a vida senão um emaranhado de laços? O que somos senão manifestações de amor? E o que é o Natal além de uma data para reforçar esses conceitos esquecidos?
   Naquele momento, nenhum deles temia nada. Eles eram invencíveis. Eles sabiam que possuíam um ao outro, e possuir alguém ao seu lado para poder chamar de seu, é a maior dádiva que a vida pode oferecer.

"Talvez, não existam coisas como amigos bons ou ruins. Talvez existam só amigos,
pessoas que ficam ao seu lado quando você se machuca e que ajudam você a não se sentir
muito sozinho. Talvez valha a pena sentir medo por eles, sentir esperança por eles e viver
por eles. Talvez valha a pena morrer por eles também, se chegar a isso. Não amigos bons.
Não amigos ruins. Só pessoas com quem você quer e precisa estar; pessoas que constroem
casas no seu coração."

(Stephen King)

FIM.

Apenas Um Conto De NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora