— Para onde vamos? — perguntou Zoey.
— Para qualquer lugar longe daqui… — Tate respondeu melancolicamente.
Zoey estava encostada no ombro dele, seus longos cabelos loiros balançavam de lá para cá com o vento.
Kyle dirigia a camionete, que não era tão velha, mas também não era de última geração, a pintura estava descascando, mas isso não tornava o seu azul desbotado feio, pelo contrário, posso arriscar dizer que era um charme.
Lynx estava no banco ao seu lado, com metade de seu braço para fora da janela.
Enquanto eu e os outros estávamos na parte traseira da camionete.
Eu estava no canto, encostada no vidro que me separava dos dois garotos. Observava meu cabelo em movimento, enquanto lembrava de tudo o que havia acontecido minutos atrás.
Eu havia vasculhado a casa inteira, procurando qualquer rastro dos meus pais, e acabei realmente os encontrando. Mas não como queria…
Eles estavam à minha procura, o que nos disseram sobre terem apagado a memória de nossos pais, era mentira. Estavam pela terceira vez, saindo à minha procura, pelas cidades vizinhas.
Quando estavam passando pela ponte da cidade, ninguém sabe ao certo, como aconteceu, só souberam me dizer, que o carro caiu da ponte, e foi parar no lago.
Os dois morreram. Foi tudo o que me contaram.Percebi que me lembrar de tudo aquilo, só me traria mais dor, então inclinei a cabeça, um pouco mais para a esquerda, sentindo o vento em meu rosto, fiquei encarando o céu nublado, que a qualquer momento iria desabar em pingos de chuva.
Não sabia para onde estávamos indo, nenhum de nós sabia. Provavelmente iríamos nos hospedar em algum hotel, ou algo do tipo.
Olhei para a moça que estava na recepção, seu olhar estava fixado em Kyle, que estava tentando convencer a mesma, para que pudéssemos passar a noite no estabelecimento.
Quando a chuva começou a cair, não tivemos outra escolha, paramos no primeiro lugar que encontramos. Um motel.
O quarto não era muito grande, mas serviria para passarmos a noite, a iluminação em tons de vermelho e roxo, não me agradava muito, mas não poderia fazer nada em relação à isso.
Me deitei na primeira cama que vi pela frente, daquela noite, me recordo apenas de um sonho confuso, no qual eu fugia de mais ou menos dez homens armados com bestas.
O dia estava ensolarado, apesar de frio. Não demorou muito, para que estivéssemos na camionete novamente, apenas seguindo um caminho, que talvez fosse sem fim.
Não podia ao menos pensar na ideia de viver daquele jeito: em uma camionete, seguindo a estrada, para sempre. E não era a única.
Nós não poderíamos viver fugindo para sempre.
Decidimos todos, que seria melhor se fossemos para um lugar que não tivéssemos nenhuma ligação, um lugar onde nunca fomos, onde nenhum de nós tinha parentes.
Tínhamos acabado de desembarcar em um novo país, onde nosso futuro já estava planejado. Nosso plano era: viver em uma cidade pacata, onde nunca nos encontrariam, onde poderíamos viver em paz.
Claro, ainda usaríamos nossos poderes – os que tinham, o que não era o meu caso –, para salvar pessoas, situações de risco, e até mesmo coisas bobas, como fazer o jardim florescer mais rápido ou ascender o fogão com magia.
Mas fizemos um tipo de juramento: viveríamos como pessoas normais; só poderíamos usar nossos poderes em situações de perigo. Poderíamos praticar nossa magia, claro, mas não usa-la diariamente para coisas banais, como ascender o fogão com a magia de Gaia; ou começar a flutuar para ficar mais alto, coisa que Tate adorava fazer.