Secrets // mgc ✓

/Capítulo 6/

No dia seguinte de manhã, acordei com a minha mãe a gritar para eu me levantar porque já era tarde e ela queria ir o mais rápido para a nova casa. Uns minutos depois de a ouvir constantemente a gritar, levantei-me e olhei para o telemóvel confirmando se era tarde ou não, claro que a minha mãe, exagerada como era, foi-me dizer que era tarde quando ainda nem 8 da manhã eram.

Já não ia conseguir adormecer outra vez por isso levantei-me e depois de tomar banho, vesti-me e fui para a cozinha do hotel onde tomei o pequeno almoço. Quando voltei, encontrei a minha mãe e o Alex no sofá agarrados, para variar, a ver um filme qualquer que, para ser sincera não me interessava minimamente o nome.

"Vamos?"

"Espera, filha, deixa o filme acabar"

"Tanta pressa para quê então?" Fui ter com eles e peguei no comando desligando a televisão.

"Então?"

"Se fizeram questão de me acordarem porque estavam com pressa, agora vão pegar nas vossas coisas e vamos embora"

Eles suspiraram e levantaram-se indo buscar as coisas deles e enquanto estava à espera vi que tinha uma mensagem do Michael, abri e li-a.

"Olá, hoje passo por tua casa às 7, manda-me a tua morada por favor"

"Mãe, diz-me a morada da casa nova, por favor"

Depois dela dizer, escrevi-a numa mensagem para o Michael e mandei, uns minutos depois ele respondeu, agradecendo.

"Vamos, filha?"

"Sim"

Fui para a porta com as minhas malas e depois fomos todos para um carro. O facto de eles já terem uma casa e carro um dia depois de nós termos descoberto tudo e do meu pai ir-se embora, fez-me pensar que talvez eles já tivessem planeado tudo.

Uns minutos depois entrámos numa rua cheia de casas grandes e jardins igualmente grandes e arranjados. O carro parou numa dessas casas, saímos e tive logo a certeza que dentro daquela casa cabiam no mínimo 3 iguais à minha antiga. A minha mãe tinha adorado a casa corria de um lado para o outro, dava gritinhos e saltava, quando se acalmou abraçou o Alex e beijou-o agradecendo-lhe, ri-me da sua figura patética.

Subi as enormes escadas e comecei a ver os quartos, quando encontrei um que gostava pousei as minhas malas e fui ver o resto da casa, era tudo demasiado, muitos quartos, casas de banho, salas sem nada, no jardim havia uma piscina gigante, mas se não o fosse é que me admirava.

"Então, filha, gostas?"

"Sim, posso decorar o meu quarto como quiser?"

"Claro que sim" Ao menos já sabia que ia ter algo com que me entreter.

Fiquei umas horas no quarto com o meu bloco de desenho aberto, uma das coisas que gostava mesmo de fazer era desenhar, para além de gostar de o fazer, sabia fazê-lo e por isso dava-me um gosto enorme. Tinha feito a planta do quarto e, com isso feito, comecei a imaginar como gostava que o meu quarto fosse, ia apontando numa folha à parte tudo aquilo que achava importante e depois desenhei. Nem dei pelo tempo passar, só olhei para o relógio quando a minha mãe entrou no quarto, eram 5 horas da tarde.

"Nem vieste almoçar quando te chamamos, agora vens lanchar" Disse a minha mãe num tom de voz autoritário, que não me convenceu de todo. Na verdade, nem tinha ouvido a sua voz irritante e esganiçada a chamar-me.

"Já vou lá para baixo"

"Não é já vais, é vais agora"

"Está bem, vai lá entreter-te com o teu namorado e deixa-me em paz"

"Não fales assim comigo, Skye Moore"

"Não tentes agir como uma mãe, depois do que fizeste não me és nada"

Ela virou as costas e saiu do meu quarto fazendo-me suspirar de alívio por estar de novo sozinha com os meus pensamentos. Quando acabei de decidir como queria exatamente o meu quarto, faltava meia hora para as 7, o que significava que estava quase a sair de casa e deixar os dois pombinhos em paz como eles tanto ansiavam. Tomei banho e vesti algo simples e confortável, não era de me arranjar demasiado, não ser que fosse mesmo necessário, não era o caso, por isso vesti umas calças de galga pretas, uma camisola de malha e calcei os meus vans, peguei numa mala pondo lá o telemóvel, as chaves que a minha mãe me tinha dado e dinheiro.

10 minutos tinham passado das 7 e ele ainda não tinha chegado, mas não queria tomar decisões precipitadas e concluir que ele não viria. 10 minutos tornaram-se em 20, que se tornaram em 30, no meio desta espera, Alex entra no meu quarto.

"Achas mesmo que ele ainda vai aparecer? És patética, ainda não percebeste que ninguém gosta de ti? Não sei como ainda te iludes" Com isto sai do quarto, deixando-me sem saber o que dizer. Levantei-me e  olhei ao espelho, ele tinha razão, o Michael era famoso, porque é que haveria de querer estar comigo? Devia ter muitas mais coisas para fazer, raparigas melhores com quem estar, ele só me convidou para estar com ele porque tinha pena, como todos os outros, mas, apesar de saber isso, magoou-me mais do que magoaria se fosse outra pessoa qualquer, pensava que ele me compreendia, que se importava, mas estava errada. Perto das 8, recebo uma mensagem e desbloqueio logo o telemóvel na esperança que fosse ele, mas era a Katherine.

"Amanhã queres vir conhecer uns amigos meus? Falei-lhes de ti e eles querem muito conhecer-te" duvidei que eles me quisessem conhecer mas de certeza que seria melhor sair um pouco do que ficar em casa com os meus próprios pensamentos, nunca sabia onde eles me levariam.

"Parece-me uma boa ideia, onde nos encontramos?"

"Que tal à porta do nosso trabalho? Não deves conhecer muitos mais sítios ainda..."

"Tens razão, então até amanha, depois diz-me horas por favor"

"Claro, 3 da tarde pode ser?"

"Lá estarei"

Não acreditava onde me tinha metido, fiz um memorando no telemóvel para levar os comprimidos, nunca se sabe e não confio muito em mim. Às 8:15h desisti de esperar por Michael e vesti o meu pijama deitando-me na cama por baixo dos cobertores, fechei os olhos e chorei até adormecer.