Triiiim! Triiiim! Triiiim!
O despertador do meu celular toca me fazendo acordar em um pulo, assustada e achando que estou atrasada para o trabalho… Até me lembrar, que fui demitida pelo pinto minúsculo e a Noiva cadáver e com certeza versão secretaria da Regina George está gargalhando às custas da minha demissão. Desejo a ela uma crise de rinite terrível, aquelas que espirramos tanto que achamos que vamos entrar em erupção.
Hoje é meu novo dia, um dia de uma nova desempregada Brasileira. Não se sinta sozinho no mundo se você também está desempregado, estamos juntos, bora afundar no mesmo barco? Mentira… Eu não posso afundar mais, já estou no fundo do poço. Daqui a pouco estou cavando um buraco até o Japão e cantando aquela musiquinha: “Arigatô, ôh, ôh, ôh, ôh… Saionará, áh, áh, áh, áh”.
Preparo meus currículos sem nenhuma atualização e vou encarar as lojas, empresas e clínicas de Curitiba. E minha rotina, ando uma quadra, falo “bom dia” para o Senhor Carlos, depois pergunto se os gatos da Dona Ivete estão bem (Sim, eu sou aquele tipo de pessoa que se pisa em cima da pata de um cachorro, pede desculpa e perdão de joelhos. Amo animais) e paro em frente da casa da Senhora Voldemort esperar o busão (Ela é parecida com ele, não me julguem). Embarco no ônibus que me leva para o centro da cidade. Esse horário os ônibus de Curitiba são o apocalipse zumbi, pessoas quase caindo uma por cima da outra.
Entra o moço com as caixas de bombons, vendendo para ajudar a instituição de dependentes químicos. O pastor pregando a palavra, as amigas que se encontram no ônibus e começam fofocar (contam os fatos para todos os passageiros do ônibus ouvir) e hoje eu achei mais um crush, cada dia um crush diferente dentro do ônibus. Quem nunca, né?
O centro da cidade é aquela correria, amo minha Curitiba, o problema é aguentar a sua bipolaridade no inverno. Não sabe se esfria, se chove ou se faz calor. Comecei a entregar meus currículos, bati meu rosto em um poste de luz enquanto procurava meu celular dentro da bolsa (quase desmaiei de dor, mas estou viva. É uma joça mesmo).
Foram 15 currículos no total, a metade amassados e jogados no lixo pelas próprias funcionárias. Eu já estava *muída, com as minhas pernas doloridas e resolvi beber um café, o frio hoje na cidade estava rachando os lábios. Entrei em um cafetaria qualquer, só um cafezinho mesmo para aquecer no frio. Havia poucas pessoas no estabelecimento, me acomodei em um mesa e na mesa ao lado estava uma mulher belíssima, parecia aquelas atrizes do estrangeiro. Os homens sentado com ela era tipo Christian Grey e Tony Stark. Uau! Que tesão… Aproveitei para pedir o meu café quando a garçonete aproximou-se.
— Atenda logo esse telefone, Jonas. Eu vou matar você! - A mulher gritou na mesa ao lado com o iPhone de última reação no ouvido. Até a Joelma da banda Calypso usa Samsung, significa que essa mulher tem poder nas mãos.
O homem à sua frente falou em inglês, perguntando sobre cardápio que ele não entendia. Eles são americanos, agora entendi o porte tesão.
— Desculpa eu não falo inglês. Eu vou matar você, Jonas Albuquerque. - A mulher voltou a gritar no celular.
Eu sei que vou ser invasiva, mal-educada e totalmente intrometida, mas comentei: — Eles não estão entendendo o cardápio. Querem ajuda!
A bela mulher, com cabelos igual da Mona Lisa, uma pele perfeita lembrando uma Kardashian e com um corpo da Anitta me encarou boquiaberta.
— Você fala inglês? - Ela observou bem o meu vestuário.
— Sim, eu falo. Sou formada em secretariado e línguas estrangeiras está na minha…
— Foi Deus quem mandou você entrar nessa cafeteria, por favor, sente-se conosco e me ajude.
Deus? Hmmm? Será?
— Não quero incomodar…
— Que isso! Jamais vai incomodar. - A mulher interrompeu novamente. — Por favor. - Ela apontou para a cadeira vaga.
Que mal tem em ajudar? A mulher me parece muito nervosa.
Meio encabulada fui a intérprete da fusão entre Mona Lisa, Kardashian e Anitta. Ela a todo momento paparicava os belos empresários americanos e eu sentindo uma vergonha dos *cornos. Os homens por outro lado são cortês, cavalheiros e sempre respondiam com formalidade.
Com certeza é uma pegadinha, esses homens não podem existir. Isso não está acontecendo comigo. Silvio Santos, cadê você? Cadê as câmeras? Hein…
— Me desculpem o atraso.
Eu quase caí da cadeira, quando me deparo com um homem lindo. Ele na verdade, era uma mistura de Felipe Titto com George Clooney. Lindo, surreal, ultrapassando a beleza dos americanos sentados na mesa. Um homem alto, com o cabelo ondulado e estava… Molhado? Será que está chovendo lá fora? A barba um pouco grisalha e os olhos cor de mel e a boca… Estou sem palavras! Esse homem tem no máximo 38 anos. É filho do Zeus com uma mera mortal tenho certeza, os semideuses existem e um está parado bem na minha frente. Ou Deus está sendo muito, muito generoso comigo. Está querendo me provar alguma coisa? Querendo me fazer acreditar em milagres?
— Jonas, seu cretino. Você me deixou sozinha com dois americanos, sabendo que meu inglês é péssimo. Agradeça a essa mocinha por ter me ajudado. Ela está sendo minha intérprete.
Ela me chamou de mocinha? Tudo bem, preciso contar a verdade a vocês, eu tenho 22 anos, ainda sou virgem e nunca levei um par de chifres na vida (Doce ilusão).
— Você fala inglês? - Ele franziu a testa ao me questionar, percorrendo o seu olhar por cada centímetro do meu corpo, acho que esse olhar invadiu até meu útero.
— Sim, eu…
— Que seja, eu agradeço a ajuda. No entanto, está sentada em meu lugar. Não quero ser indelicado mais essa reunião é importante para mim. Resumindo, suma daqui!
Meu Deus, das solteironas aflitas. Eu me envolvi em uma reunião de negócios. Me levantei bruscamente da cadeira, pedindo perdão e corri até o caixa para pagar o meu café.
— Ei, guria, espere! - A fusão me chamou.
— Meu nome é Kethelyn Albuquerque, aquele é meu irmão. Me desculpa a sua falta de educação.
Está explicado tanta beleza!
— Não se preocupe, não fiquei ofendida. - Confesso com um sorriso.
— Eu sou bem observadora e notei que carrega uma pasta com você, estava entregando currículos? - Ela Indaga, passando a mão naquele cabelo lindo e deslumbrante.
— Bem, fui demitida do meu trabalho ontem.
— Que ótimo, porque preciso que você vá até a nossa empresa amanhã, na parte da manhã de preferência e esteja preparada por uma entrevista. Obrigado pela ajuda querida, qual é o seu nome? - Ela tirou da bolsa um cartão de visita.
— Meu nome é Alice Ferreira.
— Tudo que precisa está neste cartão, o endereço da empresa, o meu celular e o telefone do meu escritório também. Vou deixar tudo certo com a minha secretária ainda hoje.
Peguei o cartão sem acreditar no que estava acontecendo.
— Boa sorte!
— Obrigado!
É impossível, a probabilidade de acontecer coincidências assim na vida de uma pessoa é impossível.
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Gírias paranaenses: Muída (cansada) - Cornos (algo excessivo. Por exemplo: Fulano apanhou até os cornos, tem outras expressões também)
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Amor Depois Dos 30
ChickLit"Alegre, divertido e malicioso, um romance que descreve as mulheres românticas incuráveis." Alice tem 31 anos, trabalha como secretária e é uma solteirona romântica. Não tem muitos amigos e prefere particularmente a companhia do seu gato. Mora...