Capítulo 5

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Sexta-Feira é dia de faxina, quando estava trabalhando na Clínica não tinha tempo para deixar todo meu apartamento arrumadinho e cheiroso. Como eu gosto, não sou a neurótica com limpeza, mas é sempre bom ver nosso lar com uma boa aparência. Sempre começo nos quartos, faxinando o guarda-roupa e sempre encontro uma peça que não entra mais no meu quadril. Encontro roupas de anos atrás, até… Urgh! Uma camiseta xadrez do meu ex-namorado… Qual deles? Talvez, o Christiano?
Não; Não e Não.
O Christiano casou e tem um filho de 4 anos. Pode ser o Erick, creio que não… Ele morreu em um acidente de moto quando estávamos completando 6 meses de namoro.
Acho que pode ser o Joaquim… Sinto o cheiro do perfume (Cuba) que eu simplesmente detesto, com certeza é o Joaquim. O meu último namoro, durou apenas três meses. A carência nos fazer enxergar amor onde não existe. Eu e o Joaquim éramos totalmente diferentes, ele era tudo o que eu detesto em uma pessoa: Preguiçoso, Mentiroso, Arrogante, Chato, Tinha um nome feio e um péssimo gosto para perfumes.
Mas quando estamos carentes, com aquela necessidade de sermos amados. De ter alguém para compartilhar uma boa conversa, um carinho e nosso dia a dia. Acabamos confundindo tudo, até um “oi" se transforma em um “eu te amo”. E caímos em ciladas horríveis, como no meu caso. Encontrei um homem, quer dizer, um encosto. Que ficou do meu lado por puro interesse e conforto.
Sempre quis encontrar um grande amor, o meu problema é que sou uma romântica crônica. No primeiro encontro fico imaginando a fisionomia dos nossos filhos e fazendo planos para os próximos encontros e às vezes… Não acontecem!
Hoje não penso muito no amor, nas sensações boas e bonitas que esse sentimento traz para a nossa vida. Sigo sozinha desde o falecimento da minha mãe e acho que será assim para todo o sempre. Meu fim, será como o Senhor Carl Fredricksen…

MEU CELULAR COMEÇOU A TOCAR.
Entro em desespero.
Onde coloquei o aparelho em meio a essa bagunça? Começo uma procura nível busca implacável!
Joguei todas as roupas já dobradas no chão e… ACHEI!

— Alô!

Atendo a chamada ofegante.

“Alice?”

— Sim, é ela.

“Boa tarde, meu nome é Ana. Você deixou um currículo com o Senhor Vinícius?”

— Deixe, em uma entrevista. - Meu coração está disparado no meu peito.

“Que maravilha, ele gostaria de saber se a Senhora tem disponibilidade para algumas semanas de teste”

— Tenho, estou livre. Totalmente, livre, leve e solta.

Merda! Não acredito que acabei de dizer essa frase.

“Por favor, esteja na empresa segunda-feira às nove horas da manhã. Senhor Vinícius gostaria de passar algumas informações antes do teste”

— Tudo bem, obrigado Ana!

"Imagina, Alice. Boa sorte”

Eu consegui… EU CONSEGUI! Corri animada pelo apartamento pulando, gritando, festejando e batendo a cara na porta. Ai meu nariz!

༺༻

Encontrar uma roupa descente para o nível da J.K. Promove foi um desafio. Acho que a Noiva Cadáver tinha razão sobre o meu vestuário, preciso renovar meu guarda-roupa. Comprar algumas peças de roupas baratinhas em leves prestações.
A moça que me ligou na Sexta-feira foi quem me recepcionou no saguão da Empresa. Ana, uma mulher baixinha, com uma bunda grande e um com cabelo maravilhoso. Ela foi muito educada, acompanhando-me até o escritório do Marcos.
O homem está esplêndido, com um terno claro e os cabelos bem penteados. Devo admitir, Marcos não tem só uma beleza comum, ele tem mais, muito…

— Bom dia, Alice. É bom vê-la novamente! 

— Olá Marcos, é um prazer revê-lo.

Ele sorriu satisfeito com a minha resposta.

— Suponho que esteja ansiosa para começar. - Eu afirmei com a cabeça. — Primeiro, vou passar uma folha com as regras…

— Regras? - Interrompo sem querer.

— Exatamente, para trabalhar como assistente do Jonas Albuquerque você precisa seguir algumas regras. E as normas da empresa é claro!

— Sem problemas para mim.

Marcos me olhou como se quisesse me abraçar, me acolher. Como se eu fosse enfrentar um leão em uma arena de gladiadores.

— Vou ajudá-la no que estiver ao meu alcance. Eu prometo, mas preciso que se esforce. Eu e Kethelyn estamos acreditando em você. - Marcos dá a volta por sua mesa carregando consigo dois grandes (GIGANTESCO) fichários. — Nesses fichários contém tudo o que precisa saber sobre a empresa. Hoje você vai participar de uma palestra junto com os novos contratados. E amanhã… - Marcos sorriu. — Você será assistente do Jonas Albuquerque!

— A quanto tempo trabalha aqui?

Sei que é uma pergunta íntima e inconveniente, mas quando me dei conta já havia perguntado.

— A seis anos! - Ele me entregou os fichários.

E agradeço aos céus por não estar tão pesado.

Marcos pediu para Ana me acompanhar até a sala que acontecerá a palestra. No caminho a mulher argumentou: — Está preparada para enfrentar o Alma Sebosa?

Ela me lançou um sorriso irônico.

— Desculpa, mas de quem está falando? - Indaguei confusa. Ela não pode estar falando do…

— Jonas Albuquerque! O homem é o Rei da arrogância. Metido e estúpido.

— Ah!

Lembro-me a maneira que ele me destratou na cafetaria. Rude e grosseiro. Não tenho dúvidas que o homem carrega alguns defeitos. Entretanto, não posso ignorar o fato que é lindo, sedutor, charmoso, gostoso…

— Chegamos!

Ana abriu uma imensa porta de correr e entramos em uma sala ampla, com várias cadeiras estofadas. E uma plataforma onde o palestrante estava sentado atrás de uma mesa, na parede uma tela de projeção.
Havia várias pessoas no local, escolho uma cadeira e sento-me. A palestra demorou cerca de 20 minutos para começar e durou em torno de três horas. Ele falou da história e filosofia da empresa, as condutas que devemos ter em meio ao nosso local de trabalho. Mostrou a Hierarquia da empresa, havia muitos diretores e gerentes. Meu Deus! Não imaginei que uma agência de publicidade poderia ser tão vasta.
A J.K. Promove tinha muitas normas, tantas que precisei anotar as mais importantes no bloco de notas do meu celular. O que me deixou extremamente animada são as chances de subir de cargo. Uma empresa que investe nos seus funcionários, porque sabe o que eles podem fazer pela J.K Promove.
Eles tinham um refeitório completo no edifício, várias mesas redondas com quatro cadeiras no total. Sofás em couro preto, televisão extremamente gerada embutida em uma parede, transmitindo o jornal local.

Uma hora e meia de almoço!

Hmm! Talvez, eu deva… Congelei, quando noto a exuberância em pessoa, o semideus, o homem mais lindo que já virá servindo-se no Buffet. Eu não conseguia desviar o meu olhar, principalmente, porque Jonas Albuquerque está vestindo um conjunto de Moletom. Um simples conjunto!

— Alice! Achei você… - Ana surgiu do meu lado pálida. - Ué? — Marcos mandou auxiliá-la no que for preciso.

— Marcos é um homem muito gentil.

Ana afirmou com a cabeça, alinhando o seu blazer.

— Ele é um bom homem, todos na agência gostam dele. Agora precisamos nos servir, não quero ficar sem os meus sushis.

A surpresa em ver o Jonas me fez esquecer a fome torturante que estou sentindo. Me servi com tudo que tenho direito, Ana me acompanhou a todo momento. Escolhemos uma mesa e comemos sem formalidades.

— Achei vocês… - Marcos sentou-se em uma cadeira vaga. — Como foi a palestra? - Ele me questiona.

— Interessante, eu adorei. É bom conhecer a história dos irmãos Albuquerque.

— Kethelyn é incrível, mas o Senhor Mandão é um horror. - Ana rebate emburrada.

— Jonas é difícil, mas não significa que seja um homem ruim. Ele ama a agência e faz de tudo por ela!

— Meu Deus, Marcos! Se você não fosse um sedutor cretino. Eu desconfiaria da sua orientação sexual, você foi o único que aguentou esse homem. Estou sentindo muita pena… Dela! - Ana gesticulou com a cabeça em minha direção, me fazendo quase entrar embaixo da mesa.

— Ele não pode ser tão ruim assim! - Murmuro.

— Jonas, não é. - Marcos me lançou um sorriso tranquilizador. — Amanhã seu trabalho começa de verdade e terá um treinador. Nesse caso: Eu!

— Você vai me ajudar? - Pergunto-lhe.

Eu estou muito aliviada pela gentileza do Marcos, é claro que esse homem será adorado por todos, ele transborda cavalheirismo.

— É claro, Kethelyn quer você na empresa. Vou ajudá-la no que estiver ao meu alcance. Já lhe falei. - Ele dá uma piscadela, lembrando um adolescente despreocupado e alegre.

— Obrigada Marcos!

— Aí não! Não; chefe chegando. - Ana lamúria.

Eu e o diretor do RH olhamos de imediato em direção ao Jonas, que caminhava com o seu prato em nossa direção. Ele chegou, puxando uma cadeira para sentar-se e ignorou a minha presença e da Ana também.

— Kethelyn ainda está em São Paulo, aqueles infelizes estarão no festival Internacional de Criatividade de Cannes. - Jonas argumentou com um expressão severa no rosto.

— Tudo no seu tempo, Jonas!

Eu e Ana trocamos olhares enquanto a conversa entre os dois profissionais se estendia.

— Eles estão conseguindo nossas informações.

— É claro que não! Jonas, acho que não é um momento para debater sobre negócios é hora do almoço e estamos acompanhados.

Nesse momento Jonas Albuquerque notou nossa presença, ele sorriu… E minha calcinha molhou!

— Ana, como está?

A mulher sequer encarou o Jonas para dizer: — Ótima! - Ela levantou-se bruscamente e voltou para o Buffet.

— E você, é? - Ele questiona-me, porém, foi Marcos quem respondeu.

— A sua nova assistente, ela ficará em meu lugar.

O presidente da agência me avaliou, ganhei uma encarada maliciosa. Ele está me desejando, com certeza teremos um história de amor. É o destino: A assistente e o CEO.
Em todas os filmes, séries e livros as assistentes tem um caso de amor com o seu chefe, ficam extremamente apaixonados e depois o casamento. O meu coração nesse instante está lembrando uma escola de samba na Sapucaí. É tão óbvio, o destino me levou até aquele café, para conhecer a Kathelyn e para encontrar o homem que colocará uma aliança em meu dedo anelar.

— Espero que não seja uma desqualificada como a última que contratou. Outra imbecil!

Marcos enrubesceu e se o próprio homem está vermelho igual um pimentão, não quero imaginar o estado que se encontra o meu semblante. Que homem grossolindo.










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