Capítulo 3

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Nunca fui de ficar muito tempo sem trabalho, aprendi muito jovem a lutar por meus objetivos. Quando eu tinha 13 anos a minha mãe faleceu.
O meu pai… Ligava as vezes para me desejar um feliz aniversário ou um feliz Natal, as ligações dele aconteciam às vezes, ÀS VEZES, em duas ocasiões no ano.
Quando minha mãe faleceu fiquei sobre os cuidados da minha avó materna, aos 16 anos vocês já podem imaginar o que aconteceu… A minha avó faleceu! Depois desse outro acontecido triste na minha vida, fui mandada para uma instituição, chamada de “Amor para meninas”.

Amor… Amor… Aí Aí…
Esse sentimento sempre bagunçou a minha vida.

As freiras da instituição eram rígidas, a maior parte do tempo severas. Deveríamos trabalhar até às costas doer, cuidando das hortas e rezar quando estávamos com o tempo livre. Nunca rezei, apenas fingia e implorava que meus 18 anos chegassem logo. Nunca quis saber das suas restrições religiosas.
A parte boa é que a instituição me proporcionou estudos e conhecimento, graças a oportunidade de cursos que a instituição Amor de Meninas me disponibilizou, me formei no técnico em secretariado.
Hoje em dia sou uma excelente profissional, já trabalhei como Secretária, Assistente Executiva, Auxiliar de escritório e Recepcionista. Tenho um currículo exemplar e vários boletos para pagar no final do mês. Então, preciso do emprego que a Kethelyn Albuquerque me ofereceu.

Cheguei em casa por volta das duas horas da tarde, estava faminta e cansada. Havia me esquecido o quanto é exaustivo a procura de emprego. Lore estava sentada no sofá, escovando o gato.

— Você? Essas horas em casa? - Indagou Lore, me fitando cismada.

Eu me esqueci de contar a ela o mais novo fato da minha vida: Estou desempregada!

— Fui demitida! - Confesso, me jogando no sofá para descansar alguns minutos.

— Oh meu Deus! Eu sinto muito. E agora?

— Entreguei currículos, agora é esperar o milagre de uma ligação!

Que a Fusão entre a Mona Lisa, Kardashian e Anitta, lembre-se da sua proposta amanhã. Será que vou conseguir mesmo uma entrevista? Eu creio que não, é muita coincidência. A mulher só tentou ser gentil.

— Na minha época, o casamento era a salvação…

— Há, não! - Imploro. — Você sabe que desisti da minha vida amorosa. Não tenho sorte!

— Você é muito negativa com todos os seus relacionamentos. Você já embarca em uma relação com pensamentos de traição, medo e insegurança. - Lore retrucou com convicção.

— Meus namoros são cheios de idas e vindas. Só decepções, estou cansada de quebrar a cara. No momento, quero encontrar um novo emprego e me esforçar.

Lore me encarou pensativa por alguns instantes, até dizer: — Eu entendo, mas você ainda é nova e tão linda!

Loira e com cachos, pele branca igual a lua, estatura mediana, estou pesando uns quilinhos a mais. Ganhando a famosa barriga pochete. Olhos verdes, que mal são notados com os óculos de grau, graças a miopia! Nunca me achei feia, minha autoestima é ótima. No entanto, beleza não é o importante para manter um relacionamento, você sempre precisa oferecer as suas qualidades, inteligência, uma boa conversa, o seu companheirismo. A beleza importa no primeiro ou talvez no segundo encontro, mas depois é preciso descobrir a verdadeira beleza: O caráter. Um bom caráter e uma boa índole conquista a pessoa desejada.

— Hoje estou leve, sabendo qual caminho trilhar. Não quero escorregar e me machucar. - Expliquei, levantando-me para preparar uma refeição na invenção mais perfeita do homem: O micro-ondas.

— Alice, a vida é cheia de reviravoltas. Ouça a voz da experiência: Quando fugidos do amor, ele bate na nossa porta.

Bufei irritada…
Até parece!
O amor batendo na minha porta!
Quanta ilusão!

— Encontrou uma boa escola de música? - Perguntei-lhe para mudar o assunto.

— Sim, uma próxima do nosso bairro, mas mudei de ideia. Acho que vou começar aulas de dança gaúcha! - Lore ponderou.

Soltei uma risada descontraída, Lore tem uma necessidade absurda de ocupar o seu tempo. Talvez, seja para suprir a falta do filho. Hermes (sim, infelizmente o cretino tem o nome de um deus grego) um homem de 36 anos que praticamente abandonou a mãe.

— Concordo com as aulas de dança, tem vários benefícios para a saúde. É sempre bom mexer o esqueleto!

Lore gargalhou.

— Você é ótima dançando. 

Devo admitir, eu amo dançar. Principalmente as músicas do É o Tchan (me respeita que eu sou dessa época). Gente, vamos ser sinceros até mesmo a Lívia Andrade se entrega ao ritmo dessas músicas.

— Eu me esforço! - Joguei o cabelo, fazendo pose de madame.

— Agora fica a pergunta no ar. Por que não sai mais com as suas amigas? - Lore questiona-me.

Minhas amizades, as que conquistei com 22 e 23 anos. Foram se afastando com o tempo, mantive contato com algumas “amigas” até os meus 28 aninhos, quando descobri que uma delas estava dormindo com meu atual namorado na época. Não guardo rancor, sinceramente, não me lembro do nome da doida, vamos chamá-la de Hera Venenosa.
A questão é: Estou sem tempo, me tornei uma mulher focada no meu trabalho e na minha procura do meu grande amor (hoje não estou muito interessada em encontrá-lo). Não vivo em uma bolha, são as amizades que se tornam difíceis depois dos 30 anos.
Adquirimos conhecimento, amadurecimento e experiência. Eu, particularmente, sou o tipo de pessoa que detecta um olhar falso, um sorriso irônico, um alguém agindo de má fé. E no amor, sou uma completa idiota, na amizade ouço mais a minha razão e no amor deixou todo meu sentimento falar por mim.
Hoje vivo socialmente esgotada, não me importo muito. Mesmo sentindo falta daquela cerveja gelada no fim de semana, de umas risadas histéricas e das azarações das baladas.

— Alice? Voltou do País das Maravilhas? Como está o Chapeleiro?

Acordo dos meus devaneios e sorri para a Lore.

— Ele está ótimo e vamos sair esse final de semana para beber um pouquinho de chá.

— Que bom, que arrumou uma nova companhia!

Rimos juntas, adoro a maneira bem-humorada da Senhora Lore, apesar do afastando do filho. Essa mulher exemplar sempre oferece para todos o seu melhor sorriso. Tenho sorte em tê-la por perto.
A noite fiquei preparando o meu discurso para a entrevista amanhã: “Bom Dia! Meu nome é Alice Ferreira e estou aqui para me candidatar a uma vaga de empresa. Estou muito entusiasmada…”

Entusiasmada? Meu Deus!

Primeiro: Preciso manter a calma.
Segundo: Vou conseguir essa vaga de emprego.
Terceiro: Eu sou uma excelente profissional.

Observei o cartãozinho de visita que a Fusão me entregou, decidi pesquisar rapidamente o nome da empresa: J.K. Promove.
É uma Agência de Publicidade, que investe em produções de comerciais, que interessante.
O site da empresa é perfeito, são premiados e reconhecidos internacionalmente. Uau! No entanto, me surpreende a Fusão entre Mona Lisa, Kardashian e Anitta não saber pronunciar um “Olá” em inglês. Depois de me aprofundar, pesquisar ao máximo sobre a empresa, porque não posso chegar para uma suposta entrevista sem conhecer o local, decidi organizar meus documentos.






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Capítulos de Hoje ✌️
Espero que gostem ❤️❤️❤️
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