Capítulo IV

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_ Karen, acorda! São quase meio dia. Minha mãe esta chamando para o almoço. Anda!
_ Oi... Sim...Já estou indo. - sentou sonolenta na cama. _Só vou tomar um banho. Amiga não trouxe roupa para trocar. Você pode me emprestar uma.
_ Estão todos na piscina. Põe um biquíni meu e uma saída de banho e vamos para lá. Só estão esperando por nós para servir o churrasco.
_ Ai, delícia! Amo churrasco! Dez minutinhos...só o que peço. Estou morrendo de fome!
_Tudo bem, estou descendo. - avisou Marina.
Karen abriu a gaveta onde Marina guardava seus biquínis e escolheu um rosa goiaba de lacinhos na parte de baixo e o sutiã tomara que caia. Gostava dessa cor porque valorizava seu corpo bronzeado. Lembrou de Daniel e dos beijos na madrugada no jardim. Sentiu um pouco de constrangimento. Como iria encará-lo agora?
Bem, terei que enfrentar isso! - pensou enquanto amarrava a parte de baixo do biquíni.
Pôs uma saída de banho branca, quase transparente, com detalhes de rendinhas, calçou uma rasteirinha de Marina.
Revirou a bolsa atrás de sua escova de dentes, fez sua higiene e desceu rapidamente as escadas, saindo em seguida, numa porta lateral que levava à piscina.
_ Desculpem o atraso, fui dormir tarde ontem. - falou assim que avistou todos .
Daniel estava dentro d'água e Stella sentada na beirada da piscina molhando apenas os pés. Usava um maiô branco que realçava suas curvas e nem na diversão perdia a pose.
_ Até que enfim a bela adormecida acordou. - resmungou Stella ._ Estamos morrendo de fome e tudo por sua causa, que levantou tarde.
_Já pedi desculpas. - disse Karen meio constrangida por estar sendo repreendida por uma pessoa que conhecia há pouco tempo.
_ Desculpa coisa nenhuma! Vai é levar um caldo agora, pra aprender a não dormir demais! - disse Daniel, enquanto saía da piscina, a pegando de surpresa no colo e a atirando na piscina com saída de banho e tudo.
Karen se assustou, mas levou na brincadeira. Tirou a saída de banho encharcada e jogou nele, que ria da sua cara na beirada da água.
_ Me aguarda, você não perde por esperar! - disse rindo, atirando água em Daniel. 
_ Ah é, Cinderela, está me desafiando?!
Se atirou na piscina e mergulhando, pegou os pés de Karen embaixo da água e a puxou para baixo.
Karen conseguiu se desvencilhar dele e nadou rápido para a borda, saindo de dentro d'àgua, rindo.
Mari veio ao seu encontro. 
_ Miga do céu!! É hoje, que vai acontecer um "namoricídio" aqui! Olha a cara da mala de grife! Vai matar vocês dois!
_Tô nem aí! Não é ela que gosta de pisar em cima dos sentimentos dos outros? Pois que morra engasgada com o próprio veneno! Um dia da caça, outro do caçador.
_ Aí! Tô gostando de ver! É impressão minha ou tá rolando um clima entre você e o Daniel?
_ Ia te contar ontem, mas você tava dormindo,  então, resolvi deixar para depois. Você acertou. Ele me beijou de madrugada no jardim. - confirmou e  Mari a olhou espantada. 
_ Karen, não quero ser estraga prazeres, mas vai com calma, tá? Você pode se machucar. Eu detestaria ter que quebrar aquela cara linda, do meu priminho, com um soco.
Ela riu. Entretanto, no fundo algo lhe dizia que a amiga tinha razão. Daniel era chave de cadeia.
Tia Neila anunciou o almoço e todos se dirigiram ao salão junto à piscina.
_Tia, vou ajudá-la com a louça depois do almoço e vou para casa, preciso me organizar porque amanhã, começa tudo novamente. Loja cheia e a certeza de muitas dores nas pernas.
_ Obrigada, minha linda! Você sempre tão prestativa, mas não há necessidade, contratei Judite para dar um jeito na casa e na louça de hoje. Senta e almoça em paz, ainda é cedo!
Karen se acomodou ao lado de Mari e de frente para Daniel e Stella.
_ Qual o nome da loja em que você é balconista, Karen?- indagou Stella, servindo-se apenas de salada, frisando bem o nome do cargo que Karen ocupava lá.
Qual o problema dessa mulher? Com uma mesa farta, diz que está morrendo de fome e come só salada? Isto até é pecado! - pensou Karen.
_Trabalho na Mason Rouge. Vendo calçados de grifes famosas.
_ Mason ...sei... já comprei alguns calçados lá, não lembro de ter te encontrado.
_Talvez, tenha ido nas minhas férias ou no meu horário de almoço.
_ É, talvez. Deve ser um horror trabalhar por um salário de fome, né? Você devia estudar para sair dessa vida, querida! Não pensa em fazer faculdade?- Stella não perdeu a chance de espezinhar.
Karen respirou e contou até dez, técnica que sempre usava com clientes insuportáveis.
_ Primeiro que: o que ganho é suficiente para me sustentar e não depender de ninguém. Segundo: sim, pretendo fazer faculdade e terceiro: estou guardando dinheiro para isso e estou inscrita no ENEM, pretendo fazer Administração.
Karen respondeu de cabeça erguida. Stella fazia questão de menosprezá-la.
_ Stella, nem todos nascem em berço de ouro. Tenho certeza, que Karen irá conseguir tudo o que deseja na vida. Ela é jovem, tem apenas vinte e dois anos e muita garra! Conheço um punhado de gente que teria desistido de tudo, se tivesse passado pelos momentos que ela passou. - saiu em defesa de Karen, tio Samuel.
André que até o momento só observava a situação resolveu mudar o rumo do assunto.
_ E então? O que pretendem fazer na virada do ano? Poderíamos combinar para irmos até a praia assistir a queima de fogos. O que acham?
_ Boa ideia! Podemos assistir a queima de fogos da sacada do meu apartamento! - Daniel sugeriu.
Marina se empolgou, pois estava rolando um clima entre André e ela, resultado positivo dos planos de tio Samuel.
_ Eu tô dentro! Vamos, Karen? - Mari cutucou a amiga.
_ Claro e depois poderemos nos acabar em uma balada de Réveillon!
Stella olhou para o noivo.
_ Nós não estaremos aqui no Rio de Janeiro. Vamos para a fazenda dos meus pais em Goiás, esqueceu Daniel?! - agarrou a mão dele em cima da mesa.
_ Vamos, é? Não lembro de termos combinado isso, Stella! - rebateu a deixando constrangida.
Karen riu por dentro. Visivelmente, Stella estava querendo afastar Daniel da sua presença. Era nítido que Daniel estava encantado e não tirava os olhos de Karen.
_ Daniel? Ooii! Alô, Terra! - brincou André o tirando de seus pensamentos.
_ Desculpe. O que você perguntou mesmo?
_ Estou te perguntando se você conhece alguém que possa nos arrumar de última hora, convites para uma balada de Réveillon.
_ Sim, acho que consigo. Tenho alguns clientes que são donos de duas casas noturnas daqui do Rio :  a Arunna e a Oásis.
_ Tá brincando! Essas baladas são tops! Já disse que te amo, primo?! - gritou, Mari, empolgada, fazendo a volta na mesa e o abraçando pelas costas.
Daniel riu e a abraçou também com carinho.
_ Hora da sobremesa! - anunciou tia Neila, pondo na mesa, uma torta de morangos com sorvete de creme.
_Tia Neila, vou agradecer, porque preciso ir. Já está ficando tarde para mim. -Karen avisou, enquanto os outros se serviam do doce, saindo para sentarem ao redor da piscina.
_ Querida, que pena! Vou pedir para Mari te levar em casa.
_ Não tia! Não precisa. Deixa ela... está se entendendo com André... Olha só. -disse fazendo sinal com a cabeça, mostrando o casalzinho sentado na beira da piscina conversando. _Vou sair de fininho...ninguém vai notar.
_ Vou pedir para Daniel te levar, então.
_ Melhor não, tia. Stella já está de implicância comigo, se ele me levar...
Nesse instante Daniel se aproxima interrompendo a conversa.
_ Ops! Ouvi o meu nome...Posso saber o que estão falando?
_ Estou dizendo à Karen que você poderia levá -la em casa, mas ela não acha prudente.
_ E porque não? - perguntou olhando diretamente em seus olhos, fazendo com que suas pernas tremessem e seu coração acelerasse. 
Karen ainda não entendia bem o poder que Daniel exercia sobre ela, mas desejava sentir sua boca sobre a dela novamente, mesmo sabendo que não tinha esse direito. Quando seus olhos penetravam com intensidade dentro dos seus,  a deixavam confusa e excitada.
Tudo era diferente e até o simples gesto dele de passar a mão no cabelo, ele era canhoto, a seduzia. Realmente, não era prudente ficar perto de alguém tão sexy.
_ Sua noiva pode não gostar. Aliás, ela já não foi com minha cara e talvez, isso te traga problemas, Daniel.
_ Entenda uma coisa: ela é minha noiva, pelo menos acha que é, não minha dona!
Estou te esperando no carro. Vá pegar suas coisas. - disse com voz firme.
Suas pernas obedeceram a ordem, deixando de lado a razão.
Foi até o quarto, pôs a roupa da noite anterior e desceu.Não se despediu de ninguém para não chamar atenção sobre quem lhe daria a carona.

SEGUNDA INTENÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora