Capítulo XLIX

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Karen ouviu o interfone. Presumiu que fosse Pedro, pois tinham combinado de chegarem juntos no local do casamento.
Pensou em Mari. Havia ligado para ela mais cedo.
A noiva era a  ansiedade em pessoa. Sorriu; estava feliz por sua amiga. 
Abriu a porta, deixando encostada para que Pedro entrasse e foi para o quarto.
Olhou-se no espelho novamente. Passou um pouco de perfume atrás das orelhas. Seu vestido tinha ficado maravilhoso; simples, porém de bom gosto. O corpo rendado, na cor rosa malva;  abaixo dos seios uma faixa de cetim na mesma cor, longo. Nos pés uma sandália no mesmo tom com tiras de strass.
Os cabelos, optou por deixar uma parte preso, no alto da cabeça; deixando o restante, cacheado,cair sobre os ombros, numa cascata. Maquiagem mais marcante do que de costume.
__ Está linda! - falou pra sua imagem no espelho.
Saiu na porta do quarto dando de cara com Daniel na sala.
Ele a olhou extasiado.
__ Maravilhosa!
__ O que faz aqui, Daniel? Cadê Pedro? Ele ficou de me buscar.
__ Calma! Ele irá com Francine. Ele me  pediu para pegar você.
__ Pediu? Ele?
__ Sim, ele!
__ Ah, claro! Entendi...- disse como que lembrando de algo.
__ Eles estão a fim um do outro, Karen, nada mais justo que dar uma mão para eles, não acha?
__ Claro. Lembrei de Francine...os dois.... Bem, isso não importa! Vamos?Estou pronta.
__ Pronta e linda.-falou se aproximando.
__ Para. - disse ela levantando a mão.__ Conversaremos mais tarde ou amanhã.Vamos porque não é bom atrasar.
__Tudo bem.- disse, estendendo a mão para que ela pegasse.
Karen não negou; ele a apertou  levemente, num gesto de carinho.

Em menos de meia hora chegaram ao local do casamento.

Desceram se dirigindo para onde se realizaria a cerimônia.
Já escurecia. Tudo estava lindamente decorado, iluminado.
As mesas dispostas para a recepção.
Mais a direita, um altar foi montando; um lindo tapete vermelho levava até ele.  
Arranjos de rosas brancas e vermelhas enfeitavam os assentos dispostos enfileirados.
Karen olhou tudo, encantada. Mari merecia tudo isso!
Vários convidados já  estavam no local. Pedro e Francine já se encontravam lá também. Karen os cumprimentou.
Faltava menos de uma hora para iniciar a cerimônia. Marcelo e Gicele se aproximaram.
Gicele foi a primeira a cumprimenta-los.
__ Boa noite, Karen. - disse se dirigindo a ela.
__ Boa noite, Gicele, como vai?
__ Agora, melhor. Como vai minha neta?
Karen se surpreendeu com a pergunta. Era a primeira vez que  ela demonstrava  real interesse em Elise;  percebeu isso pela fisionomia dela.
__ Está bem. Estamos entrando no oitavo mês a semana que vem.
__ Que bom! Fico feliz com isso. - disse calmamente, sorrindo.
Karen notou que as atitudes dela em relação a neta haviam passado por uma mudança. 
Marcelo entrou na conversa.
__ E então? O que achou da casa,  Karen?  Elise terá um grande jardim para brincar e se divertir. Criança, ao meu ver, tem que ser criada livre, num grande gramado.
Karen se virou para Daniel, surpresa com o comentário .
__ Casa? Não entendi, Marcelo? O que isso tem a ver comigo ou Elise?
__Pai!- Daniel advertiu.
__Ah, me desculpe! Acho que estraguei a surpresa. Me desculpem! - disse constrangido.
__Na verdade eu e Daniel não nos falamos desde terça, Marcelo. _ comunicou Karen.
Daniel o olhava com reprovação.
__ Agora já falei, meu filho! Desculpe.
__ Tudo bem, pai.  Ia te falar. - se dirigiu a ela_ Mas depois do acidente resolvi deixar para hoje. _ disse a encarando.
Ela entendeu a indireta.
__ Claro. Conversaremos mais tarde, Daniel, porque acabo de ver Mari chegar;  preciso ir lá, ver minha amiga, antes da cerimônia.
Pediu licença e foi até o portão, saindo para fora. Mari abriu a janela do carro. 
__ Karen, tô muito nervosa, entra aqui comigo!
Ela abriu a porta e sentou ao lado de Mari.
__ Você está linda, Mari! Uma legítima princesa! Estou tão feliz por você, minha irmã do coração!! - disse abraçando a amiga.
__ Para! Vou chorar e borrar toda minha maquiagem!!
__ Isso não! Segura o choro!
__ André já está lá ?- perguntou nervosa.
__ Sim. Parece um leão enjaulado.
Tio Samuel que observava a cena, falou:
__ Essa menina hoje, está me fazendo o homem mais feliz do mundo pela segunda vez. Uma foi quando nasceu...e hoje porque está casando. Minha menininha cresceu... Complicado admitir isso!
Karen se espichou e o beijou, limpando uma lágrima que teimava em escorrer do rosto já um pouco marcado pelo tempo.
__ Ela vai continuar sendo, Tio Samuel, sua menina... E minha amiga.
__ Pai, por favor não posso chorar!! falou ela com voz trêmula.
__ Pediu pra parar, parou!!! Vamos entrar pelos fundos e esperar a hora da entrada triunfal._ disse Karen. 
O carro dobrou a esquina, entrando por um portão secundário.
Desceram e entraram numa sala reservada aos familiares dos noivos. 
Tia Nélia já estava lá, juntamente, com os pais de André.

A cerimônia foi linda.
Mari estava deslumbrante em seu vestido de noiva. Tudo transcorreu na mais perfeita ordem.
Daniel sentado ao lado de Francine, não tirava os olhos de Karen.
Estava cada dia mais linda e cada dia a amava mais, pensou.
Seu coração se apertou ao pensar que talvez ela não o perdoasse mais.; não iria suportar uma rejeição da parte dela.
Estava ansioso para conversar, por tudo em pratos limpos.
Durante a cerimônia, várias vezes,  seus olhares se cruzaram, numa nítida compreensão do sermão que falava sobre amor, relacionamentos e perdão.
Após, a cerimônia, os convidados foram recepcionados com  um maravilhoso jantar ao ar livre. A noite estava linda.
Karen sentou-se junto aos noivos na mesma mesa.
Daniel não a perdia de vista um segundo.
Karen o viu se aproximando da mesa deles, estendendo a mão para ela num convite para dançar.
Ela sorriu, aceitando.
Era a primeira vez, que dançava com ele.
__ Tem certeza que quer dançar comigo, Dani? Não sou boa dançarina.
__ Isso é o que veremos. No final te  darei uma nota. - brincou
ele, passando o braço por sua cintura, a puxando contra si.
__ Tudo bem, então. Azar dos seus pés.
__ O que menos penso agora, são em meus pés, Karen. O fato de ter você assim, tão perto de mim, faz valer a pena cada pisão que levarei.- disse rindo, bem perto do seu ouvido.
Ela se arrepiou. Passou os braços ao redor de seu pescoço, colando o rosto perto do dele. O perfume de Daniel entrou por suas narinas  fazendo relembrar de vários momentos que tinham passado juntos.
Era incrível como ele mexia com ela! Bastava um toque, um cheiro, uma palavra para leva-la a nocaute. Desejou que a música não acabasse nunca. Queria ficar assim  com ele pra sempre.
__ Daniel?- disse baixinho.
Ele se afastou um pouco a olhando.
__ Que história foi aquela?
__ Da casa?
__ Sim. Nao entendi.
Ele passou a mão por seus cabelos, prendendo uma mecha  que se desprendeu do penteado dela. 
__ Era uma surpresa, Karen, mas depois do que aconteceu naquela manhã, resolvi não te contar nada.
Na verdade ainda não fechei negócio com o proprietário; não antes de conversarmos. Meu pai acha que comprei, assim como acha que voltamos a ficar juntos.
__ Sei... E Stella,  onde vai ficar dessa vez na história? Daniel, não quero sofrer mais. Preciso que me diga com sinceridade, porque ela estava com você naquele dia do acidente?  Tudo que me disse foi  mentira pra você poder ficar com Elise.?  É só sua filha que é importante pra você? Eu preciso saber. Independente do que me disser, eu nunca irei afastar ela de você.
Ela já te ama, mesmo antes de nascer. Ela reage a cada toque seu  dentro da minha barriga. Jamais  tiraria você da vida dela? Mesmo  custando toda a dor do mundo pra mim. Mesmo que tivesse que suportar ver você e Stella felizes juntos...Farei esse sacrifício por ela.
__ Karen, não existe "Eu e Stella"! Ela não estava comigo no mesmo carro na hora do acidente.
Ela cortou minha frente. Eu bati no carro que ela dirigia. Estava me seguindo. Quando deixei meu pai em casa, após, termos ido ver o imóvel, ela sacou tudo. Na sua  cabeça os sentimentos estão deturpados. Discutimos. Eu disse  que jamais voltaria a ama-la. Ela surtou. Entrei no meu carro e saí. Ela me seguiu. Não estar nada bem. Está abalada psicologicamente de novo. O acidente de seu pai... a perda da criança... Conversei com sua  mãe. Ela foi internada numa clínica ontem.
__ Como saberei que está falando a verdade, Daniel? Meu medo é maior do que a vontade de ser feliz ao seu lado. Sofro demais com isso.
__ Francine. Ela sabe exatamente como me sinto.
__ Conversamos já. Ela me aconselhou a falar abertamente com você. Por isso estou aqui, dançando e te pedindo uma explicação.
Ele a apertou mais contra si.
__ Eu te amo, Karen. Se não me quiser mais , não sei do que serei capaz de fazer com minha vida. Eu quero você. Sempre quis . Independente da existência de Elise.
Te amei desde o primeiro momento em que pus meus olhos em você. Quero casar, te fazer feliz, te dar todo meu  amor... Não sei o que mais posso fazer pra que acredite em mim, Karen. Só peço que acredite!
A música acabou.
Os dois ficaram ali, um olhando para o outro, como se não existisse mais ninguém além deles.
Daniel a puxou pela mão.
Sentaram com Francine  e Pedro.
__ E então, Karen?- perguntou Francine em voz baixa perto do ouvido dela.-- Se acertaram?
__Conversamos. Até o final da festa, terei uma resposta.
Francine sorriu. Percebeu pela expressão dela que Daniel estava com vantagem na história.
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Amores, demorei pra postar esse capítulo pq fiquei sem computador. Me desculpem. Vou compensar minha falta. 😘

SEGUNDA INTENÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora