Capítulo XL

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Karen tomou um banho demorado; a semana tinha sido bem cansativa pra ela.
Não tinha muita pressa de chegar no almoço, só de pensar em encontrar Gicele já ficava nervosa.
Combinou com Pedro para irem juntos. Ainda era cedo, podia se dar ao luxo de se arrumar com calma.
O almoço seria bem informal e como sempre, tio Samuel, como um bom gaúcho, faria seu famoso churrasco.
Salivou, ao lembrar do cheiro; ninguém fazia churrasco melhor do que ele.
Elise chutou na sua barriga; era sempre uma emoção quando ela mexia desse jeito, a fazia lembrar que não estava mais sozinha e isso era um alento.
Daniel tinha ligado um dia antes, perguntando se podia passar para levá-la ao almoço; Karen negou.
Ele não gostou muito quando soube que Pedro tinha se adiantado, entretanto, Karen não estava preocupada com isso. Estava tentando se manter longe dele; sabia o quanto poderia ser persuasivo quando queria.
Secou seus cabelos, os escovando, fazendo uma trança. Uma maquiagem leve para realçar os olhos e boca.
Procurou no roupeiro um vestido de malha, azul marinho, que deixava seus ombros a mostra. O trançado de seus cabelos caía de lado sobre um dos ombros. Escolheu um conjunto de correntinha e brincos dourados. Uma sapatilha e pronto!
Simples e bonito. - pensou, se olhando no espelho e ajeitando a franja com a ponta dos dedos.
Pedro chegou na hora marcada.
Karen se preparava psicologicamente para enfrentar a mãe de Daniel. Não sabia qual seria e reação dela depois da conversa que Daniel teve com ela.

Foram recebidos por tia Neila com o carinho de sempre.
Entraram no salão onde tio Samuel, ocupado, preparava o delicioso churrasco.
Ficou aliviada pois, não enxergou ninguém da família de Daniel ali.
Mari veio ao seu encontro.
__ Amiga, que que é isso?Cada dia mais linda! 
Abraçou ela.
__ Não mesmo, Mari! Cada dia mais gorda. - disse Karen brincando.
Pedro a olhou, rindo.
__ Gorda não! Está, digamos... um pouquinho rechonchuda. -Pedro debochou.
Karen fez uma careta, torcendo o nariz para ele.
Ele a puxou pelos ombros a abraçando carinhosamente, rindo.
__ Karen, está cada dia mais linda! Nunca duvide disso. - disse ele.
Ela correspondeu ao abraço, sorrindo.
Seu sorriso morreu ao olhar para a porta do salão e encarar Daniel. Francine, a moça do jantar no restaurante, o acompanhava.
Um pouco sem jeito, Karen se desvencilhou do abraço de Pedro, se afastando .
Tia Neila quebrou o clima de mal estar que se instalou.
__ Querido, entra! E essa moça bonita, quem é?
__ Como vai, tia? Deixa eu lhe apresentar Francine, uma amiga. Tomei a liberdade de convidar. Ela está hospedada na casa de meus pais, que aliás, daqui a pouco estarão aqui.
__Seja bem vinda, querida! Fique a vontade.
Francine agradeceu gentilmente.
Ele se aproximou de onde Karen estava, puxando Francine pela mão.
__Como vai, Karen? Lembra dela, Fran?- indagou Daniel olhando para Karen. Pelo olhar, percebeu que estava com raiva.
__Claro, a sua amiga lá do restaurante!
__ Karen é amiga de Mari, minha prima.- esclareceu, virando-se e apresentando Francine a ela. Mari sorriu com educação, seu coração batia descompassadamente, diante deles. Buscou forças para responder.
__ Bem vinda...Francine, né?
__Sim, mas pode me chamar de Fran. Sei que não fui convidada, estou um pouco constrangida, mas Daniel insistiu para que viesse... Não costumo fazer isso.
Karen observava o diálogo das duas. Então ele insistiu? Karen teve vontade de rir, entendendo o jogo dele. Era óbvio que a trouxe para provocar ciúmes. Decidiu dançar conforme a música.
__Imagina, Fran! Pelo que entendi você é hóspede dos meus tios, portanto é nossa convidada. Fica a vontade. Quer beber alguma coisa?- perguntou Mari.
__ Quero sim. Um refrigerante, por favor!
Mari se afastou para buscar a bebida.
Karen tomou a frente.
__Francine, deixa te apresentar Pedro, meu amigo.
__Prazer, Pedro.- disse ela apertando a mão dele.__Amigo? Achei que ele fosse teu namorado?
Karen riu.
__ Ainda não, Francine... - Karen olhou para Daniel  sorrindo.
__Ai, desculpa. E que vi vocês abraçados ...Se fossem, formariam um belo casal.
Pedro riu e disse:
__ Só não somos ainda porque Karen não quer.
Daniel estava visivelmente, irritado. Karen ria por dentro.
__ Imagina! Não tem que se desculpar por isso.
Pedro vendo o clima, puxou conversa com Francine e Daniel se afastou para cumprimentar tio Samuel que suava ao redor da churrasqueira.
Enquanto conversava com ele, não tirava os olhos de Karen.
Francine olhou ao redor e comentou:
__Linda casa, Mari! - disse pegando o copo que ela lhe alcançava. __Daniel me falou que você colou grau sexta-feira. Qual a graduação?
___ Formei em Fonoaudiologia. Pretendo fazer especialização em Intervenção Precoce. Lidar com os pequeninos.
__Bem legal, Mari! Mais ou menos sei como funciona, sou psicóloga. E você, Pedro, o que faz? 
__Eu sou formado em administração de empresas. Está a passeio aqui no Rio?
__Estou tentando um doutorado aqui.
Karen riu e eles olharam para ela sem entender.
__Antes que me pergunte já vou dizer: em breve me formarei e farei especialização em maternidade!
Todos riram com a brincadeira. O clima tenso do início havia se dissipado. Francine era uma pessoa legal, comunicativa; parecia estar encantada com Pedro. A conversa entre eles fluía muito bem,
Karen e Mari percebendo que estavam sobrando ali, se afastaram indo até a piscina.
__E aí o que achou da amiguinha de Daniel?- Mari cutucou ela.
__Tá na cara que trouxe pra me provocar, porém ela gostou foi do Pedro. - disse Karen dando uma gargalhada.__Eu simpatizei com ela.
__O que as duas tanto riem?
Daniel se aproximou delas.
__ André chegou, Mari. Está te procurando. - falou ele. __ E Elise, como está?
__ Está bem. Cada dia, se mexendo mais. Acho que está louquinha para ver o mundo.
Mari pediu licença, saindo para encontrar André.
__ Você parecia bem íntima de Pedro...
Ela virou de costas, observando a água azul da enorme piscina.
__Um abraço de amigos, Daniel!
__ É que ele pode ter esperanças... Isso não é legal.
__ Agora vai me dizer como devo ou não agir com meus amigos? Sou livre; Pedro também. Já conversamos sobre nós.
__ Nós?
__Sim. Eu e Pedro. Já nos entendemos...
__Resolveu dar uma chance a ele... é isso?
__ Pedro merece alguém que o ame muito. Quando digo que nos entendemos, significa que sabe o que sinto em relação a ele. Eu não posso dar o que ele quer e merece agora.
__E porque?- indagou ele se aproximando dela por trás.
Karen sentiu a respiração dele junto ao seu ouvido. Imediatamente se arrepiou. Cruzou os braços em proteção e se virou, ficando cara a cara com ele.
__Porque estou grávida!
Daniel a puxou e suas bocas se encontraram num beijo calmo, delicado.
Karen fechou os olhos. Era muito difícil resistir, o amava demais. Ele acariciou seu cabelo descendo os dedos pelo trançado, delicadamente, parando e acariciando seu pescoço.
__Ou talvez seja por isso, Karen... Ele não faz você se sentir assim como eu faço.
__ Assim como? Não sei do que fala!- tentou disfarçar seu nervosismo por ter sido beijada de uma forma que acabava com suas barreiras.
__ Sabe sim, Karen, só não quer admitir. Mais cedo ou mais tarde, irá ceder. O amor é muito difícil de controlar. Terei paciência.
Ela sorriu sarcasticamente.
__Pois espere sentado. Falando em sentar, é bom ir ver como está sua amiga. Parece que se encantou por Pedro. Ele é demais, não? Dois a zero pra ele!
Karen deu uma risada e saiu em direção a porta do salão de festas.

SEGUNDA INTENÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora