Capítulo 4

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Malu desceu do ônibus, na Rodoviária daquela cidade. Uma hora de viagem e finalmente chegava ao seu destino. Ela pegou um táxi e então desceu em frente à igreja onde aconteceria o seminário. Apenas a porta lateral estava aberta.

— Oi — ela entrou e observou o local.

— Boa tarde — cumprimentou uma jovem morena, alta e bem arrumada, que se aproximou assim que viu a Malu. — A paz do Senhor!

— A paz... — Malu estava um pouco confusa pois o local estava vazio. — É aqui o seminário?

— É sim — disse ela sorridente. — Posso ver seu ingresso?

Malu abriu o zíper do bolso frontal de sua bolsa e puxou um papel, que entregou à jovem.

— Por que está tão vazio?

— Acho que você chegou um pouquinho adiantada — comentou a jovem entregando o ingresso novamente, com o canhoto rasgado. — Você pode aguardar ali, Maria Lúcia — ela apontou para um banco.

— Pode me chamar de Malu. Acho estranho quando me chamam de Maria Lúcia...

— Entendo... Não gosto quando me chamam de Carolina, parece que estão brigando comigo.

— É bem isso mesmo!

Malu olhou o pôster que havia na parede, perto do banco onde ia se sentar e percebeu que o evento começaria às 17h. E ainda eram 13h.

— Nossa! Como eu cheguei cedo!

— Está tudo bem... Olha, eu vou verificar se o seu crachá está pronto e já volto, tá?

— Ok. Obrigada.

Malu sentou-se no banco almofadado que havia perto da porta, enquanto observava a estrutura da igreja.

— Eu não deveria estar aqui... Meu Deus, o que eu estou fazendo aqui...?

— Você está bem? — perguntou uma pessoa se aproximando.

Malu levantou-se rapidamente, assustada.

— Calma... — disse o jovem sorrindo. — Prometo que não vou te morder.

Ela sorriu percebendo o quão idiota se havia feito parecer. Ele foi para trás do balcão que havia perto da porta e colocou alguns papéis sobre ele. Depois dividiu-os em quatro pilhas de papel.

— Olha aqui o seu crachá — disse Carol voltando com vários crachás na mão e entregou um à Malu.

— Carol... — chamou o jovem. — A programação está aqui. Você pode ver que os papéis estão divididos por região. Aqui no topo está escrito a região e a Ala que cada uma deve ficar.

— Entendi — disse Carol atenta. — Felipe, será que a Malu já podia se arrumar no alojamento? Ela chegou um pouquinho cedo...

— Beeem cedo! — corrigiu Malu.

— Você é de onde mesmo? — perguntou Felipe à Malu.

Malu disse o nome de sua cidade e Felipe verificou nos papéis a região dela.

— Você pode vir comigo?

Os dois seguiram por um longo corredor e Malu pôde perceber que havia mais pessoas por ali, mas deviam estar organizando o evento. Pessoas passaram com cadeiras, escadas e itens de decoração ao longo do caminho até o alojamento.

— É aqui. — Felipe abriu uma porta que dava para um salão. Havia vários colchões já posicionados e arrumados no chão.

— Obrigada — disse Malu sentindo-se um pouco perdida.

— Você quer ficar aqui? — perguntou Felipe percebendo a reação dela.

— Na verdade, nem sei o que fazer...

— Se você quiser, pode ficar lá na igreja. Ainda está meio bagunçado, mas...

— Não quero atrapalhar... É... Não sei o seu nome...

— Felipe! E você é... Maria Lúcia, certo?

Malu assentiu, mas estava surpresa por ele já ter decorado seu nome.

— Não acho que você vai atrapalhar não. Tem bastante espaço lá na igreja que você pode aproveitar. Além disso, você pode aproveitar o sinal Wifi liberado até às 17h.

Malu optou por ficar na igreja, mas pouco se importou com o Wifi liberado. Na verdade, a garota desligou sua conexão porque não queria se ligar em nada.

Ela acompanhou a preparação da igreja e em pouco tempo percebeu a igreja se enchendo. Infelizmente, não conhecia ninguém. Aparentemente, as pessoas de sua igreja não se importaram muito quando ela divulgou o evento.

No período da tarde, o primeiro momento do evento teve foco na parte teórica da música, um pouco de abordagem histórica e como a música se desenvolveu nas igrejas.

Antes da programação da noite, houve um jantar e Malu caminhou para o refeitório com todos os outros participantes.

Ela ainda não havia feito amizade com ninguém e naquele momento não se importou muito. Sua cabeça estava cheia. Não conseguia pensar em nada além de Júnior e em como seu namoro estava.

Ela pegou seu prato de comida e se sentou numa mesa qualquer. Outras pessoas se sentaram na mesma mesa, mas não conversaram com ela, o que ela achou ótimo.

Enquanto mexia na comida em seu prato, enrolando para comer, Malu percebeu Carol e Felipe passarem por perto. Eles estavam abraçados e riam muito.

"Por que eu não posso ter um namoro puro assim?" — pensava Malu angustiada. — "Era só isso que eu queria..."

Malu suspirou e engoliu o choro que queria vir. Ficou entalado na garganta e era uma sensação horrível. Mas era melhor assim do que desabar na frente de tantas pessoas desconhecidas.

No período da noite, o responsável pela programação era Felipe.

— Bom, pessoal! Estamos falando de música certo? Mas música na igreja não é somente música. A música é um complemento para algo bem mais profundo. Quem sabe o que é?

Algumas pessoas sugeriram algumas respostas, até que alguém chegou ao ponto desejado.

— Isso! Adoração! E adoração não é um ritmo de música, como muitas pessoas pensam. Vai muito além. Tocar, cantar, dançar... Essas são expressões, ferramentas usadas para adorar a Deus, mas não é só isso.

Felipe pediu para que todos abrissem suas Bíblias no livro de Juízes e falou um pouco da vida de Sansão.

— Sansão foi separado, ele tinha uma vida diferente, uma vida dedicada e voltada totalmente a Deus. O que você acha que está fazendo na igreja? Sua vida não é somente tocar, cantar ou dançar aqui dentro não. Sua vida tem que ser dedicada à Ele 24 horas! Adoração, gente! A nossa adoração vai além dessas quatro paredes...

Malu sentia cada palavra vir como uma facada em seu coração. Afinal, sua vida estava bem diferente do que deveria ser. Ela cresceu cantando e servindo na igreja. Sempre amou cantar e adorar ao Senhor, mas ultimamente nem em casa ela cantava mais.

Quando a programação da noite acabou, todos foram para o alojamento. Algum tempo depois a maioria das pessoas já estava dormindo, mas Malu não conseguia e apenas virava de um lado para o outro no colchão. As palavras que Felipe dissera aquela noite ficavam martelando em sua mente. Sua vida não era mais como antes e refletir sobre isso fez seu coração doer.

"Eu sou como Sansão..." — pensou Malu sentindo as lágrimas encherem os olhos. — "Estou trocando minha vida dedicada a Deus..."

Continua...

Malu está caindo na real. Vamos torcer pela nossa loirinha 😊❤

Votem e comentem!!

Beijinhos 😘😘

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