Será que era uma brincadeira? Abri as janelas do quarto e senti meus olhos arderem com a luz do sol. Ok, ele falou 10 minutos, passaram-se oito. Talvez estivesse apenas brincando comigo. Olhei meu reflexo no espelho do guarda-roupa e me assustei. Meu cabelo estava uma zona e ainda estava de pijama, mas não me importava. Gostava de me ver no meu estado natural. Bagunçada. Voltei minha atenção para a rua através da janela.
Fiquei surpresa. Ele estava lá, sentando na calçada e com fones no ouvido. Vestia uma jaqueta preta, blusa branca lisa e calça jeans. Parecia ter sido tirado de um clipe. Me perguntei se aquilo era real ou se era fruto da minha imaginação.
Esfreguei minhas pálpebras freneticamente.
Sarno continuava ali.
Não sabia o que supostamente deveria fazer. Nós não tínhamos nenhuma proximidade e ele me assustava um pouco.
Comecei a andar em círculos, estava nervosa.
— Samanta! — gritou. — Posso te ver daqui. — zombou.
Ruborizei.
Lembrei que o campo de visão dele era tão claro quanto o meu. Podia me ver do mesmo modo que eu via ele. Procurei o controle da persiana em desespero e acabei tropeçando nos meus próprios pés.
B.u.r.r.a.
Levantei afoita e vesti a primeira roupa que me apareceu. Foi um moletom azul gigante. Calcei meus chinelos e saí do quarto, trancando a porta por trás de mim. Percebi que minha mãe já tinha ido trabalhar, suspirei aliviada. Não queria ter que dar satisfações.
Abri a porta de casa e atravessei a rua. Fácil assim. Sem crises. Observei-o por alguns instantes em silêncio. Oh céus, ele conseguia estar mais bonito do que antes.
— O que você quer? — gaguejei. — Não tenho costume de receber visitas de pessoas que não conheço.
Ele franziu o cenho.
— Você não me conhece?! — pareceu ofendido.
Ele era louco?
— Nunca te vi antes. — menti. — Trocamos o que? sete mensagens? — fitei-o, incrédula.
— E isso é pouco? É mais do que eu troco em um ano com o meu irmão. — declarou. — É frustrante pensar que estávamos na mesma festa e não nos encontramos, não é? — acho que ele estava sendo sarcástico. Não sei bem.
— É... Mas o que veio fazer aqui? — indaguei. Estava desconfiada.
Ele revirou os olhos.
— Você é meio neurótica não é? — sorriu. — Eu não atravessei o continente. Não moro tão longe assim, o que custava vir aqui?
Era verdade. Dei de ombros. Precisava relaxar mais. Sentei ao lado dele.
— Acho que você deveria ir para um rolê comigo hoje. — ofereceu.
— Que tipo de rolê? — nem imaginava a ideia de diversão que ele tinha.
— Ah, sei lá. Invadir umas casas, pixar muros, quebrar lojas...
— brincou. Eu acho.Não consegui conter a risada, apesar de ter uma centelha de dúvida sobre até que ponto era brincadeira.
— Você parece ser legal. Sério. —mordi o lábio.
— Nah, eu sou um merda. — balançou a cabeça. — Então vamos? — sorriu. — Para onde?
— Vamos. — aceitei. — Hm, vai ter uma Rave hoje. — sugeri.
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Amontoada
RandomAntes de ler este livro, irei te pedir para traçar uma linha imaginária, olhe atentamente para frente e imagine uma linha reta sem fim. Agora se imagine caminhando sem desviar da linha, até que seu olhar se perde e você avista uma pessoa. Sua linha...