23:56h
Mensagem:
Eu não vou desistir.
Dorme bem.
Ah, e parabéns!Como é que uma mensagem destas pode ter um efeito tão corrosivo dentro de mim? Há três semanas que não ouvia falar dele e agora... que regresso inesperado. A sério. Como é que é suposto eu esquecer alguém que se comporta assim comigo? É humanamente impossível.
Eu juro que me tento afastar, mas não sei, apesar de todos os obstáculos, apesar de todo o meu passado... enfim, parece que continuamos a ser atraídos como hímenes. Opostos.
E depois ainda faltava a justificação para toda aquela chamada que tinha ouvido semanas antes. Quem era aquela pessoa à qual ele tinha tanto ódio? Quem será que lhe terá feito tanto mal? Queria e não queria descobrir.
***
Acordei sobressaltada com o meu telémovel a tocar.
- Sim?
- Abigail, precisamos de falar. – a voz falou secamente.
Oh... outra vez drama.
- Bom dia também para si, senhor arrogante.
- Desculpa, mas é urgente. Encontra-me no café do costume por volta das 15h.
- Gabriel, se isto é algum truque engraçadinho, eu juro...
Ele interrompeu-me do outro lado da linha agressivamente.
- Achas que eu estou a brincar? Poupa-me as infantilidades. Não te atrases.
Ouvi o som da chamada a desligar.
Mas que merda tinha acabado de acontecer? O que é que se está a passar com a minha vida? Primeiro a mensagem, agora a chamada? Não tenho estofo para tantas facadas juntas, calma.
Ele nunca antes falou asism comigo. Ele parecia nervoso com alguma coisa. A voz dele soava a tensão viva.
Não consegui ser produtiva de forma alguma durante a manhã. Não conseguia parar de pensar na chamada do Gabi. No fim do almoço apressei-me a sair de casa e fui caminhar um pouco pela cidade a ouvir a minha música para me impedir de pensar ainda mais no que seria o motivo do "café" desta tarde. 14:33h
Caminhava por uma rua fechada de olhos no chão e completamente absorvida nos meus pensmentos já no caminho de volta para o nosso encontro quando, vindo do nada, uma pessoa embate contra mim com uma força tal que me fez desequilibrar. Levantei a cabeça frustrada.
- Ei !! A rua não é larga o suficiente para si? – deixei escapar.
- Oh, peço desculpa, não a vi.
Um homem com os seus 40 anos respondeu-me. Era elegante, com um ar totalmente vil. Tinha barba e olhos quase negros. Devo dizer que o olhar dele me arrepiou e não foi num bom sentido. Preparava-me para seguir o meu caminho quando ele despertou a minha atenção pela segunda vez.
- Hmm, olha, deixaste cair isto. – sorriu afávelmente.
Estranho, não me lembro de ter papéis nos bolsos.
- Obrigada... - recolhi o papel e observei o homem afastar-se.
Ainda com o papel na mão, voltei a focar-me no meu destino. Não consegui evitar parar novamente quando desembrulhei e li o que aquele bilhete dizia. Fiquei completamente preplexa qual poste no meio da rua.
Mas que raio?!?!
"Manda os meus sinceros cumprimentos ao teu amigo Gabriel."
Não sabia o que fazer. Olhei para trás, o homem observava-me no fundo da rua com o sorriso e olhar mais malicioso que alguma vez vira na minha vida. Desatei a correr pela rua fora até sentir que estava minimamente segura para conseguir pegar no telemóvel e ligar-lhe.
- Onde é que tu estás?! – perguntei ofegante mal percebi que ele tinha atendido a chamada.
- Abi, estás bem? Estou a chegar ao café.
Desliguei e voltei a correr até encontrar o Gabriel na entrada do lounge.
- Abigail, mas tu queres explicar-me o que é que se está a passar?
- Diz-me tu. – disse rudemente batendo-lhe com o bilhete da mesma forma no peito.
Houve uma intensa pausa entre a minha frase e a leitura do bilhete. Parecia que o mundo tinha parado.
- Oh, meu Deus.
- E então? – levantei o sobrolho e cruzei os braços à espera de uma explicação.
- Era precisamente isto que eu queria evitar...
- Gabriel, diz-me quem é o homem que me deu isto. Chega de segredos, chega de frases por acabar.
- Eu não entendo...
Ele continuava de olhos colados no papel.
- O quê?! Queres que te explique...
Ele atirou a mão direita dele à minha boca tapando-a enquanto eu continuava a prosseguir a minha frase. Puxou-me pela cinta até eu ficar a centímetros do seu rosto. Olhou-me com rispidez e eu não tive outra opção senão acalmar os ânimos.
- Tu não entendes que foi por isto que te chamei aqui? Eu quero explicar tudo, mas não vou conseguir se continuares a falar pelos cotovelos, parva.
Revirei-lhe os olhos e depois libertei-me.
- Como queiras. – fingi-me de amuada. Eu queria ouvir a explicação, mas o meu orgulho não me deixava ser compreensiva. – Estou à espera.
- Vamos entrar, por favor? – pediu, agora mais calmo, apontando para a porta do lounge.
- Não vou a lado nenhum contigo enquanto não receber uma explicação digna.
- Deixa-te de fitas, Abigail.
Ele estava claramente sem paciência. Avançou sem mim para a entrada e, para meu desagrado, dei-me como vencida e sem nenhuma outra opção a não ser segui-lo.
E cá está o ansiado 17º capítulo após tempo demais.
Definitivamente dedico-o à motivação que me levou a escrevê-lo - JoanaFurtado
Espero que gostem! Beijinhos e até ao próximo :*
VOCÊ ESTÁ LENDO
E se pudesses voar?
Teen FictionE se tudo o que pensavas conhecer fosse uma mentira? Abigail é uma adolescente que anseia por aventuras e algo novo na sua vida. Quando numa noite ela conhece o rapaz que não consegue suportar, mal imagina que a sua vida nunca mais será a mesma. Apó...