Estrela 14 - Mar e Medo

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Mar, já parou para pensar como essa palavra tão pequena é referente a algo que você perde de vista quando o olha, apenas três letras são o bastante para descrever algo tão imenso, grande e que nos causa um certo medo. Medo é outra palavra pequena que tem um significado profundo e infinito, pois as pessoas são capazes de fazer absurdos por ele.

Mas isso não vem ao caso, sabe comecei o texto enrolando com duas palavras curtas, que me custaram algumas linhas e espero ao decorrer desta carta me auto-justificar, no momento não sei ainda como, afinal faz meses que não a escrevo, parece que foi ontem que lhe enviei a ultima carta, e ocorreu tantas coisas depois disso, perdi e ganhei, morri e renasci, tecnicamente.

Olhando para o mar eu me vejo tão pequeno, pequeno como algo que perdi a algum tempo, pequeno como se meu ser não fosse nada comparado com a imensidão dele. E então em pouco tempo vejo o que perdi se repetir novamente, mas ainda não em forma de perca, e espero que isso não aconteça, por que não sei se dessa vez eu não me mate, talvez o medo me impeça e seja capaz de me judiar um pouco mais.

Parece tolice disser isso, você passou por isso uma vez, como a ondas do mar, vai sobreviver se passar novamente, palavras cruéis e duras, mas que em certo modo tentam encorajar, arrisque-se, foi o que pensei, não custa nada, você não é nada comparado ao mar, que é menor que a palavra "você" e maior do que seus olhos possam enxergar.

O fato agora é que o medo consome a nossa alma, de uma maneira que não quer nem chegar perto do que sentiu, do que viveu. Se compararmos a nossa vida com as das outras pessoas é tolice ter medo, mas faz parte do nosso ser tê-lo como aliado, acho que ele é uma forma de adiar a nossa morte, sim, afinal se não fosse ele, eu já não estaria escrevendo mais.

Então você me pergunta, que raios tem isso a ver. Boa pergunta, eu não sei, mas se parar para analisar o medo nos faz mudar as próprias ações, ele se torna tão grande quanto o mar e poderoso também, o medo muda igual as ondas do mar, que nunca quebram no mesmo local, no mesmo instante, com a mesma quantidade de água.

Contudo, como não gosto de me enrolar, pois sei que já estou ultrapassando meus limites de sanidade, se é que isso existe quando escrevo. O mar e o medo, são diferentes ao mesmo tempo que são iguais, o mar é papável, já o medo é algo sentido na carne e não visível, mas você sabe os dois são imensos e instáveis, agora eles podem estar sobre controle, mas em um simples estalar de dedos eles podem virar uma onda avassaladora e acabar com sua vida.

O incrível é que sem eles você não existiria.

Carta escrita em 03/01/2018.


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⏰ Última atualização: Jan 03, 2018 ⏰

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