Capítulo 8

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Terminando a última página do último livro que Normani trouxera no dia anterior, Lauren ergueu a cabeça e sorriu quando batidas à porta ecoaram em seus ouvidos. Mani tinha prometido que na manhã seguinte voltaria com mais alguns livros, e tal promessa encheu seu peito de alegria porque naquele lugar solitário, a leitura tinha se tornado a sua única companhia. Ao abrir a porta, ela encontrou um par de olhos conhecidos, mas não eram nem de longe os que ela esperava ver. Sentindo o sangue sumir do rosto, a confusão nublou sua mente.

— Camila? O que faz aqui?

— Vim buscá-la — disse ela, curta e grossa. O coração se comprimiu de amor ao revê-la, mas a mágoa continuava queimando-a por dentro.

— Você quer dizer que ficaremos juntas novamente? — Lauren perguntou, sentindo um sopro de esperança acalentar sua alma.

— O que eu quero dizer é que você ficará na fazenda até essa criança nascer. Depois, cada uma seguirá a sua estrada.

Seu coração parou por um instante e o sopro de esperança evaporou diante das palavras de Camila.

— Eu não preciso da sua pena — disse ela, e ao fazer menção de fechar a porta, Camila a impediu.

— Você acha mesmo que essa cabana caindo aos pedaços vai suportar o inverno que está por vir?

— Isso é problema meu.

— Seu orgulho não vai dar em nada, Lauren. Pare de perder tempo e venha de uma vez.

— O que você acha que eu sou, Camila? Um objeto que você joga fora e depois vai buscar quando tem vontade? Eu não sou nada disso. Eu não preciso de você, e lamento muito ter precisado um dia.

E então ela fechou a porta, e os olhos também, para impedir que outras lágrimas queimassem seu rosto.

Do lado de fora, Camila ergueu a mão e ameaçou bater à porta outra vez, mas recuou. Os pensamentos desordenados confundiam sua cabeça, e sentindo uma pontada de apreensão, ela montou em seu cavalo e decidiu voltar para a fazenda, mas não sem antes fazer uma visita à família de Lauren.

— Camila, que surpresa! — exclamou Chris, assim que a criada abriu a porta e ela entrou.

— Com que direito você e sua mãe expulsaram Lauren desta casa?

— Com o mesmo direito que você a expulsou da fazenda.

— Essa casa pertence a ela! — com passos ameaçadores, ela invadiu o espaço pessoal dele. — Vocês tem uma semana para deixarem essa casa.

— Nós não temos para onde ir — Clara interveio.

— Da mesma forma que nenhum de vocês se importaram se Lauren teria para onde ir, eu também não me importo.

— É claro que você não se importa, Camila. Porque nós somos iguais.

— Está avisado, Chris. Uma semana ou juro que os colocarei para fora a ponta pés — dito isso, ela se retirou.

[...]

— Ela não quis vir!

— E como poderia querer? Depois de dizer que ela ficaria aqui somente até o filho nascer, nem eu teria aceitado isso.

— Como é que você sabe disso? Você foi visitá-la?

— Eu não, mas Mani foi deixar alguns livros para ela passar o tempo, afinal, naquele fim de mundo sozinha...

Sem fôlego, Camila caminhou devagar de um lado para o outro no escritório enquanto a amiga continuava a falar. A cabeça estava a ponto de explodir ao mesmo tempo em que as palavras de Chris se repetiam em sua memória: você não se importa porque nós somos iguais. Balançando a cabeça querendo se convencer de que ele estava enganado, seu coração se contraiu e ela se virou, olhando fundo nos olhos de Dinah.

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