Capítulo 7

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Victória on

   Quando voltei para o início do game e não vi ninguém ao meu lado comecei correr e gritar seus nomes. Mas não consegui encontrá-los.

   O medo me invadiu e cada vez mais pessoas correndo esbarravam em mim, me senti sufocada e não conseguia me mexer. Até que a vi e corri em sua direção.

- Brooklyn!

- Victória! - mesmo odiando afeto ela me abraçou - É tão bom ver você! Eu tentei entrar em contato com a Angie mas não sabia seu nickname...

Como eu, ela também é nova nessas coisas de games, provavelmente só entrou nesse porque a Angie insistiu.
É para isso que servem as melhores amigas, e o nosso grupo é inseparável.

- É QueenAngie - digo quase berrando - Ela não te avisou do gru...

E assim aquela coisa apareceu, levando minha alegria a medida que me deixava com mais medo.

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Depois de tudo que ouvi o que eu mais queria no mundo era voltar para quando fomos comprar essa merda de jogo.

Infelizmente era um dia perfeito, com o céu azul e uma brisa que fazia meus cabelos dançarem levemente sobre ela. Todo o grupo estava reunido para ir a loja na esquina oposta do café Montmartre.

Dilan como sempre ficou entre Angélica, eu e qualquer outro menino, sempre penso que seu senso protetor é 500 vezes pior com a Angie. Ele não se preocupa tanto comigo, porque segundo minha prima a "mãezona" aqui é uma santa ( risadas histéricas).

Enfim quando paramos naquela fila eu estava nervosa, não sou muito ligada nessas coisas de games mas Angie resolveu me arrastar aqui mesmo assim.

Ela não desgrudava de Brooklyn que aquele dia estava meio cabisbaixa, mesmo não vindo para comprar o jogo foi arrastada por Angie como eu. Quando entramos na loja não tirei minha atenção nenhum segundo do homem musculoso que estava no balcão, mas quem estava babando mesmo era a Brook.

O resto do dia foi muito animado, ficamos o tempo todo no café, e antes de irmos embora o abraço em grupo que demos foi o mais inesquecível.

E agora estou aqui, parada com minha amiga, sem palavras e sem saber o que fazer, e assim como todos ao nosso redor estávamos indignadas  e assustadas sobre o que o monstro falou.

- O que fazemos agora?- Brook falou preocupada - Não sabemos onde os outros estão, e não conhecemos nada do jogo.

- Não saber nada é o que mais me assusta. Vamos... vamos esperar algum sinal dos outros. Vamos para a ponte em que nos encontramos antes.

Brooklyn assentiu e abrindo caminho entre a multidão comecei a guia-lá esperando que encontrasse a ponte. Chegando lá esperamos uns 15 minutos até receber uma mensagem de QueenAngie no chat privado:

" Oi Night Healer, como não temos muito tempo serei breve, nos encontre na próxima cidade, procure no mapa por Fullfield. A rota mais segura é pelo lado leste da cidade passando pelo despenhadeiro hollow. Vejo você lá o mais rápido possível."

Falo a mensagem em voz alta para Brook e seguimos viagem. Por mais que a Angie tenha explicado o básico para mim e a Ems eu meio que me distrai no meio, e é tudo culpa do Caleb.

Bom... nem tanto acho que ser bonito por natureza não é culpa de ninguém e sim uma benção mesmo. Aquele piercing ahh... puta que pariu Victoria. Foco. Eu não gosto dele e nunca irei gostar. Ele é só um nerd... que é lindo...

Ah olhar não tira pedaço, enfim dei um migué, demorei mas achei no mapa a cidade e assim começamos nossa jornada.

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Emily on

Parece que a desgraça pariu e teve dois filhos, e o destino fez com que eles me perseguissem pelo resto da vida. Como se não bastasse de todos do grupo porque eu tive que ser teleportada e ficar perto do Henry e do Caleb?

Depois de tudo que aquele dementador falou eu não consegui segurar as lágrimas. Pensei em minha mãe que iria ficar sozinha com... Meu Deus, meu irmão mais novo. Ele está aqui em algum lugar.

Me libertei dos meninos que seguravam minhas mãos falando palavras reconfortantes que eu não conseguia ouvir e corri que nem uma louca.

- Electra onde você vai? - era Caleb que tinha gritado.

- Corre atras dela idiota! - a voz próxima de Henry gritou, já devia estar me seguindo.

Nada mais importava, eu precisava encontrar o meu irmão. Estava correndo, esbarrando e empurrando o mundaréu de gente que estava na minha frente que não percebi aonde estava indo.

Só me dei conta que a multidão havia ficado para trás quando entrei na rua deserta, os únicos lá eram os lojistas anunciando seus produtos. Senti mãos me segurando e fui virada bruscamente até ficar de frente para Caleb.

- Você está louca? Poderia ter se perdido sua sem noção. - ele falou bravo apertando meus braços.

Desabei na rua e comecei a chorar. A dor das pedras em paralelepípedo que me machucavam não era nada comparada a dor que sinto por não ter encontrado meu irmão.

Os meninos se ajoelharam ao meu lado e me abraçaram. Eles eram nerds? Eram. Não eram tão bonitos quanto os outros meninos? Não eram. Estavam encostando em mim? Estavam. Ui, credo.

Não consegui soltá-los porque nem tentei. A única coisa que importa é que meu irmãozinho sarna está por aqui em algum lugar e preciso achá-lo. Pensei nas 257 pessoas que morreram, mas não, ele não pode estar entre elas.

Acho que agora entendo o que a Angélica vê nessas desgraças de nerds. Não é que eles sabem como nos fazer sentir acolhidas e com esperança em nossos corações?

É óbvio que nunca irei admitir isso, tenho quase certeza que tudo que pensei agora é fruto do desespero. Eles são os únicos aqui que estão comigo. É. É só isso mesmo, mas agora minhas lágrimas não estão tão tristes, a felicidade de ser tratada bem por estes meninos contaminou-as.

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