Capítulo 6

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Olhei para os lados mas não vi nenhum dos meus amigos perto de mim, acabamos ficando separados mas andei pela multidão procurando por eles e consegui achar Jake, ele me viu e corremos um para o outro.

- O que está acontecendo? - pergunto desamparada.

- Eu não sei... Isso não aconteceu antes quando testamos o jogo. - Ele me respondeu olhando apreensivo para as outras pessoas.

A cada segundo o barulho das vozes de todos os jogadores ficava cada vez mais alto, pessoas corriam procurando conhecidos ou tentando sair sem sucesso do hub. Procuramos ficar perto um do outro para não sermos arrastados por quem passava.

- O que fazemos? - Perguntei gritando em seu ouvido, as conversas eram tão altas que parecia que estávamos em uma balada.

- Ficamos aqui. - ele respondeu também gritando - Estou vendo que os que tentam sair não conseguem,  - ele tinha suas vantagens por ser alto - a cúpula ficou menor nos prendendo aqui no centro da cidade.

Ele hesitou por um tempo:

- Tem algo muito errado aqui.

- Concordo. - respondi o óbvio

Olhei a procura dos outros ou do meu irmão, mas não os encontrei. Por mais chato que ele seja eu daria qualquer coisa para ter ele agora ao meu lado, me sentiria mais segura. Sem menosprezar Jake é claro, sempre o vi como um protetor, um porto seguro, não só nos jogos mas quando respondia os outros para se defender ou defender alguém.

Quando olho para o céu novamente ele adquire uma cor de vermelho sangue e todos se calam. Uma gosma começou a escorrer do céu para o centro da praça formando uma grande gota, que quando se desprendeu transformou-se uma esfera e esta deu origem a uma figura gigante encapuzada. Eu não estava me sentindo confortável com a presença daquele ser, segurei a mão de Jake e percebi que ela estava tremendo assim como a minha.

- Olá jogadores. - a voz da coisa era forte, penetrante.

Senti meu coração acelerar, e por conta da adrenalina, meu cérebro me dizia para correr. Mas pra onde eu iria? Eu não conseguia me mexer, o medo tomou conta de mim e fiquei paralisada olhando a figura encapuzada que elevou mais a voz.

- Muito bem bravos jogadores. Eu vos parabenizo por estarem aqui comigo, jogando meu jogo. - Ele abre os braços como se quisesse nos abraçar e era definitivamente a última coisa que eu queria daquela criatura. - Eu sou Walter Strender o criador e desenvolvedor do nerve gear e do New Medieval Times.

Vi que Jake apertou minha mão, olhei para ele e vi que estava tão preocupado quanto eu. Uma lembrança me veio em mente, de quando eu fui na casa de Jake e ele não parava de falar sobre este desenvolvedor. Era seu ídolo, apertei sua mão pensando que de alguma forma ele soubesse que eu havia entendido sua preocupação. Só parei de olhá-lo quando Strender voltou a falar:

- Sei que vocês não sabem o que está acontecendo aqui, mas aposto que perceberam que o botão de deslogar não está aparecendo no menu principal. Estou aqui para comunicar que esta não é uma falha do jogo, é somente um recurso dele.

" Não tem como vocês saírem por conta própria, mas há sim uma outra maneira. Se vocês sabem o objetivo do jogo ótimo, caso não saibam irei explicar brevemente lendo um pedaço do manual. A cidade onde estão não fica no único mapa do jogo, é somente o "1° andar" digamos assim. Espalhadas neste mapa, vocês encontrarão dungeons, onde lutarão para chegar até o último andar, no final de uma delas vocês encontrarão um boss que ao ser derrotado revelará um portal ao próximo mapa, onde este mesmo processo da dungeon se repetirá. Bom... pelo menos até chegarem na torre do 100° mapa. E é nela que o portal fará com que desloguem."

" Ah, mais uma coisa, não tem como reviver, se seu hp chegar a zero, vocês morrerão tanto aqui quanto na vida real. A dor fará parte de vocês neste jogo, e qualquer hit levado seja de mobs ou de jogadores será sentido com sua respectiva dor."

" E ainda, ninguém do lado de fora pode desligar ou tirar seu nerve gear, pois caso isto aconteça o transmissor dentro deste emitirá uma onda eletromagnética que bom... fritará seu cérebro e você acabará morrendo. Alguns responsáveis nos ignoraram e tentaram fazer isto resultando na morte de 257 jogadores. O mundo todo está noticiando o ocorrido, tanto do jogo quanto das mortes - telas de notícias aparecem sobre nossas cabeças. - Sejam pacientes e calmos que somente assim conseguirão fechar o jogo."

Nada tinha sentido no que ele estava falando. Ele parou por um momento, se ele tivesse um rosto por baixo do capuz, eu juraria que ele estava sorrindo. Mas que tipo de maníaco ele é? Não tem como isso ser verdade, ou tem?

" Devem estar se perguntando o porquê de eu ter feito isto. Meu único objetivo era brincar de todo poderoso, de deus neste mundo. - ele riu friamente - e esta meta acaba de ser alcançada."

No que ele termina de falar, tanto ele quanto a cúpula são dissolvidos em pixels e desaparecem. E assim, o silêncio e a perplexidade da situação nos consome.

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Jake on

Um grito me tirou de meu devaneio, ao conseguir raciocinar o que ele tinha dito percebi que Angélica estava me abraçando e chorando, a envolvi em meus braços. Eu não podia deixar ninguém morrer, principalmente ela. Não enquanto eu estiver aqui.

- A verdade é óbvia, eu conheço a vida inteira de Walter Strender com a palma de minha mão para saber que ele não está mentindo. - digo acariciando Angie e provavelmente piorando a situação.

- E agora? - ela diz chorando mais ainda, eu nunca tinha visto ela tão fraca e impotente antes.

Ela se afasta e me olha com aqueles olhos cor de mel, limpo suas lágrimas mesmo que ela derrame mais. Olho procurando os outros para podermos nos reunir e pensar em um plano juntos.

- Olha - limpo mais uma lágrima sua enquanto falo - vamos para a pon...

- Vamos sair daqui logo - ela me cortou séria - mandamos uma mensagem para os outros, vamos antes para a cidade mais próxima enquanto os outros players ficam aqui. - oloco, nunca ouvi a Queen falar algo assim, ela não é de deixar ninguém para trás.

- Tem certeza?

- Absoluta.

Ela puxa meu braço me levando para fora da cidade, aquela roupa que ela estava usando não estava me ajudando a me concentrar direito pois tropecei altas vezes. Mandamos mensagens para nossos amigos nos encontrarem na próxima cidade, explicamos a rota mais segura para os meninos e seguimos nossa jornada lado a lado como sempre fazíamos.

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