Problemas de segunda-feira

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    Segunda-feira.

   O dia em que são registrados os maiores índices de infarto. O dia que a maior parte das pessoas não sorri antes do almoço. Quando mais da metade dos funcionários chegam atrasados no trabalho — e eu estou entre eles.

   Entro no prédio da Mavec andando o mais rápido possível, tentando equilibrar o meu celular, o meu notebook e o meu café.

   A porta do elevador se abre e assim que entro começo a apertar no botão do meu andar várias vezes, como se isso fosse ajudar a ir mais rápido. Quando ele finalmente chega ao meu destino, saio rápido e vou direto para minha mesa, ignorando os olhares estranhos dos meus colegas, já que não costumo me atrasar.

   Largo minhas coisas em cima da mesa e me jogo na cadeira, tentando recuperar o fôlego.

   Peter, um dos meus melhores amigos, avista-me e vem na minha direção com o sorriso habitual no rosto.

   — Noite ruim, Young? — Ele senta em cima da minha mesa e ajeita os cabelos claros no reflexo do meu celular, mesmo sabendo o quanto eu odeio quando ele chega sentando em cima das minhas coisas.

   — Manhã ruim. — Respondo impaciente enquanto arrumo as coisas espalhadas na mesa. — Dá pra sair?

   Ele se levanta e faz cara de ofendido.

   — Melhor baixar a bola, o chefe quer te ver.

   — Merda! — Esbravejo, levantando.

   Peter finge uma careta de desaprovação sussurrando um "olha a língua".

   Vou até o fim da sala e paro em frente à porta com a inscrição Jay King — editor-chefe na placa de metal dourado. Respiro fundo, ajeito o meu cabelo, passo a mão na minha roupa e bato na porta.

   A voz grave manda-me entrar.

   — Sr. King, desculpe-me pelo atraso. O celular não despertou, o pneu do carro estava furado e... — Começo a tagarelar assim que entro.

   — Você se atrasou? Maggie, são oito horas e cinco minutos, menos de cinco minutos e aconteceu tudo isso com você? Diga-me, você é a Mulher-Maravilha e eu não sei? — O homem acima do peso, com a pele cor de oliva e que ostenta um grande anel de ouro fala divertido, o que me deixa bastante aliviada. — Sente- se, por favor.

   Puxo a cadeira e sento. Ele me encara sério.

   — Tenho uma proposta para você. Como você já deve saber, Will vai embora do país e a vaga de editor ficará desocupada. — Ele faz uma pausa me avaliando. — E se você fizer o trabalho que eu tenho para você, essa vaga pode ser sua.

   — Oh, Meu Deus! — murmuro, incrédula.

   Editora! Seria um grande passo para mim. Trabalho na Mavec há cinco anos, a revista contemporânea não era o meu sonho de consumo no início, principalmente quando fui designada a trabalhar na seção sobre famosos, mas acabou se tornando a coisa mais importante da minha vida.

   — Bem, como você sabe, no próximo mês é o aniversário da Mavec e coincidentemente é o Dia dos Namorados, então para edição especial pensamos num editorial e mais divertido, mais vida real, mais pessoal. Algo que os leitores possam ler e pensar "eu passei por isso" ou "era tudo que eu precisava ler".

   — E o que seria exatamente? — Pergunto ansiosa. Na minha cabeça já estava imaginando toda a minha bagunça pessoal na sala que o editor ocupa.

   — Algo sobre amor, sobre par perfeito, sobre ilusões, tinder, sobre almas gêmeas, enfim, o match perfeito!

  Merda. A minha visão da sala nova vai virando pó.

Match Perfeito - (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora