Pensar nas consequências

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— A vida é uma droga! — grito a plenos pulmões assim que vejo o movimento dos carros passando apressados pela avenida, constatando que já estamos fora da boate.

— Já não basta terem te expulsado da boate? — minha irmã fala, dando a impressão que estou fazendo algo errado.

— Que eu saiba ninguém pode me expulsar do meio da rua — grito mais alto ainda.

Vejo a Sophie sentada na calçada, vou até ela andando meio estranho e me sento também.

— Eu esqueci meu sobrenome — ela fala desanimada.

Tento lembrar pra ela, mas também esqueci. Ficamos em silêncio alguns segundos. Olho para o céu estrelado e com uma grande lua, sabe, daquelas de lobisomem.

Essa hora o Jacob deve estar sem camisa em algum lugar na fronteira com Canadá.

— O que eu faço agora? — reflito comigo mesma.

A cabeça de Taylor atrapalha minha visão do céu.

— Levanta, vai pra casa, toma banho e prepara um remédio pra dor de cabeça — ele fala me levantando.

Olho brava pra ele, ou pelo menos tento.

— Não quero tomar banho, tomei hoje de manhã ou foi ontem à noite? Quero comer aquele sanduíche apimentado — tento sentar de novo, mas ele me impede.

— Depois que você tomar um banho — ele fala sério.

— E você vai levar pra mim? — pergunto, fazendo carinha fofa.

— Amanhã. Vou preparar um especialmente pra você. Agora vá pra casa com sua irmã, e seu ex-namorado, que eu vou levar a Sophie — ele fala parecendo meu pai.

Só aí que percebo a presença do Rick, que está muito gato hoje. Maggie, pensamentos errados, sua tarada.

— Rick! É bom te ver — digo indo o abraçar. — Você cresceu um pouco mais desde a última vez que nos vimos? — indago medindo com a mão a altura dele comparada a minha.

— Quer dizer desde alguns dias atrás? Talvez, diminuído — ele fala fazendo uma expressão estranha, parecia preocupado.

Fico encarando ele por um tempo, mas mudo minha atenção para uma cena nojenta.

A Sophie v-o-m-i-t-o-u no Taylor.

— Combinou com sua blusa, Taylor.

Ele me olha semicerrando os olhos.

— Vamos — minha irmã me puxa em direção a um carro. — Entra e fica quietinha. — Desconfio que ela esteja brava.

— Posso considerar sequestro — digo entrando no carro.

Nos bancos dianteiros, minha irmã senta e Rick assume o volante.

Ele dá partida e eu aproveito o vento frio da noite pra cantar minha playlist da Taylor Swift.
Os dois na frente riem discretamente da minha apresentação.

Não sabem o que é arte.

— Chegamos — Rick anuncia.

— E daí? — pergunto mal humorada, minha animação se foi com a letra de Champagne problems.

Ele ri de novo. Reviro os olhos e saio trambalhando do carro.

Elisa me apoia com seus braços pra evitar um desastre.

— Tchau Rick, obrigada — ela agradece, gentil. Claro que sim, é a Elisa e ela é sempre tão gentil e educada.

— Tchau, Deus grego — grito antes de entrar no prédio.

Match Perfeito - (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora