9º capítulo

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Taylor POV:

Os dias em Reading passaram bem mais rápido do que eu esperei. Desde aquela noite, eu e Karlie somos praticamente inseparáveis. Já tinha apresentado toda a cidade e todos meus amigos para ela, às vezes eu até esquecia que tínhamos que voltar para Nova York. Secretamente eu desejava poder ficar só mais um pouquinho, secretamente tinha um medo de que ao voltar para Nova York perderíamos essa conexão de amigas, e voltaria a ser uma relação de professora e aluna.
Mas pensando bem, nunca tivemos uma típica relação de professora e aluna.

-Você promete que me liga quando chegar? -Dianna falava como uma criança vendo sua melhor amiga indo viajar.
-Prometo. -Dei um abraço longo em minha amiga. Juro que pude ouvir seu nariz fungar quando sua cabeça descansou em meu ombro. -Eu vou estar de volta para o natal. -Disse tentando confortar.
-Você tá com tudo aí? -Minha mãe perguntou olhando a minha mochila, eu apenas fiz que "sim" com a cabeça, mesmo sabendo que provavelmente tinha esquecido algo. Se não esquecesse nada, não seria eu.

Abracei minha mãe, meu pai, meu irmão (que eu não queria soltar de jeito nenhum) e por último, a mãe e as irmãs de Karlie, que nos últimos dias, tinha tido um pouco de contato e de alguma forma até criado vínculos com elas, principalmente com as gêmeas.

-Pronta? -Karlie disse quando eu sentei no banco de passageiro de seu carro. -A viagem é longa. -Ela prendia seu cabelo em um coque desarrumado.
-Karlie...são menos de três horas. Não é uma viagem tão longa. -Ri do exagero da minha mais nova amiga.
-Tá bom. -Ela revirou os olhos sem conseguir conter o sorriso em seus lábios. -Mas eu gosto de dirigir rápido.
-Eu sobrevivo. Vá em frente...Se eu morrer a culpa vai ser sua de qualquer jeito.

O carro se encheu de risadas, e assim que começamos a nos afastar da casa que a família de Karlie estava liguei o rádio do carro, algo que eu sempre faço quando ando no carro dela. Uma música pop qualquer chegou aos nossos ouvidos e Karlie soltou uma risada exagerada. Olhei pra ela com confusão em meu rosto e perguntei o que era tão engraçado.

-Sabia que se você se tornasse uma cantora, você cantaria coisas melhores do que 90% dessas musicas que tocam no rádio? -Ela perguntou mantendo o rosto voltado para a estrada e um sorriso doce nos lábios.
-Seria uma pena se eu não fosse uma cantora. -Ri sem humor. -E quem são os 10% que minhas musicas não seriam melhores? -Perguntei depois de pensar um pouco.
-Beyoncé. -Eu revirei os olhos. Karlie já tinha me falado algumas vezes como ela é fã da cantora. -Mas você estaria no mesmo nível dela. Pelo menos quase. -Dei um leve tapa em seu braço.
-Se você diz, então deve ser verdade.

Isso me fez lembrar de quando eu tinha meus quinze anos. Minha mãe me levou até Nashville e sem ela saber, enquanto ela fazia compras no centro da cidade e me deixava dar uma volta, eu ia até as gravadoras entregar algumas fitas com áudios meus cantando músicas de minha autoria. Deixava as fitas com um pequeno papel anotado o meu número de telefone na esperança de um dia receber uma ligação que mudaria tudo.
Esse dia nunca chegou.
Mas não é como se isso tivesse sido uma grande decepção na minha vida. Eu só enviei as fitas para ver se daria em alguma coisa, mas sem expectativas. É realmente, não deu em nada.
O canto saiu da minha vida, decidi ficar apenas com a poesia mesmo, me dedicar com tudo a ela.

.

Karlie POV;

Dei uma leve sacudida em Taylor quando estacionei em frente ao prédio de sua faculdade, ela dormia no banco de passageiro com a cabeça encostada na janela do carro. Um sono bom, daqueles que dá até dó de acordar.
Ela acordou de um jeito engraçado, abrindo os olhos de forma assustada, como se estivesse atrasada para algo. Mas assim que percebeu onde estava pude ver seu corpo relaxar.
Descemos do veículo e eu tirei do porta malas sua mochila e sua pequena mala de mão. Me ofereci para levar as coisas até a porta do prédio tentando não deixar tão na cara que eu só queria passar um tempinho a mais com ela.
Os dias em Reading me fizeram muito bem. Mas ao mesmo tempo meu coração se encontrava em conflito. Eu estava começando a gostar de Taylor, que até então, tinha em minha mente como uma mulher que gostava de homens.
Droga! Não é a primeira vez que tenho interesse romântico em mulheres heterossexual. Isso sempre acaba da pior forma possível, pro meu lado pelo menos. Um coração partido e uma dose de desesperança descrevem muito bem o fim dessas minhas paixões por mulheres que gostam de homens.
Os dias em Reading só me fizeram perceber o quanto meu coração bate mais forte quando eu estou com ela. E as vezes parecia que ela também sentia o mesmo. O jeito que ela se preocupa e sempre faz questão de ter certeza que tudo está bem comigo me diziam isso. Mas pelos amigos de Taylor que conheci na cidade, esse é o jeito dela. Mas pensar que ela é assim só comigo me faz bem.

Assisti Taylor sumir pelos corredores do prédio dos estudantes depois de um abraço apertado e ela me pedir para mandar uma mensagem quando chegasse em casa, algo que eu certamente faria.
Dirigia pelas ruas de Nova York deixando as musicas do rádio ligado fazerem minha trilha sonora. A cidade estava mais calma que o normal, as ruas até um pouco vazias e o trânsito tranquilo. Nem parecia Nova York.

Abri a porta de minha casa e fui recebida pela coisinha peluda mais linda do mundo. Joe tinha ficado sobre os cuidados de Jourdan, que embora não seja a pessoa mais responsável do mundo tinha feito um bom trabalho não deixando meu cachorro morrer de fome.
A casa estava muito empoeirada, fazendo meu nariz ficar entupido no momento que entrei. Me livrei dos meus jeans e procurei em meu closet algo confortável para usar, optando por uma calça de pijamas e uma blusa qualquer, e só então decidi começar a limpar a casa. Algo que nunca gostei muito de fazer, mas de alguma forma espantava os pensamentos sobre Taylor.
Passei algumas horas faxinando. Interrompida pela campainha tocando desesperadamente. Fui até a porta e não acreditei no que o olho mágico me revelava. Lá estava Toni, com uma caixa de pizza em mãos e um sorriso sem vergonha, como se soubesse que eu estava assistindo.

-Karl! -Ela abriu o maior dos sorrisos ao me ver, estendendo os braços para me abraçar, não a abracei mas retribuí o sorriso. -Sua irmã me disse que você já estava em Nova York...Posso entrar?

Dei espaço para que ela adentrasse a casa. Ela parecia machucada ao olhar cada canto do lugar. Quando Toni se mudou eu comecei a reformar toda a casa, investindo todas minhas economias para que ela ficasse irreconhecível. Algo que funcionou, pelo menos era isso que o olhar de Toni dizia.

-O que você fez com esse lugar? -Ela tentava esconder sua singela raiva por baixo de uma voz curiosa.
-Umas reformas.
-Dá pra perceber...-Ela olhou em volta mais uma vez e eu pude ouvi-la suspirar. -Onde a gente vai comer isso? -Ela disse se referindo a pizza.
-Toni...sem querer ser grossa. Mas o que você tá fazendo aqui? Não acho que seja uma boa ideia.
-Karl, eu só quero conversar. Eu vim até aqui, comprei uma pizza, e você não vai conversar comigo? -Eu estava pronta para dizer que não. -É a sua favorita. Por favor, Karl...
-Até quando você vai insistir? -Perguntei já sabendo a resposta.
-Até eu conseguir o que eu quero.

E assim fizemos. Conversamos muito. Toni deixou claro seu objetivo de consertar as coisas comigo, mas eu também deixei claro que isso seria difícil de acontecer. Embora o tempo já tivesse me deixado melhor, eu ainda possuía cicatrizes e por causa de Toni eu ainda era relutante para o amor. A conversa chegou em um ponto que Toni estava prestes a chorar, e sabendo que eu não conseguiria suportar ver ela chorando, mudei de assunto. E a conversa enfim tomou outro rumo. Fomos conversando sobre nossas vidas, embora metade de mim dizia que o melhor a fazer era pedir para que ela fosse embora, a outra metade me convencia que a conversa estava agradável. Toni tentou de qualquer maneira arrancar alguma informação sobre Taylor, a quem ela referia como "a garota loira da boate", mas eu dava um jeito de desviar o assunto todas as vezes.
A tarde passou rápido. Toni se despediu e foi embora em seu carro preto, um carro que eu nunca tinha visto antes. O clima da casa estava de certa forma estranho. Aquela tarde tinha me inundado com o sentimento de nostalgia. Isso fazia com que eu quisesse subir para meu quarto e me afundar na cama até o mundo acabar.
Limpei a mesa de jantar que estávamos sentadas e coloquei a caixa de pizza já vazia no lixo, então, me joguei no sofá da sala, olhando ao redor da casa satisfeita por vê-la limpa, porém sinto preguiça ao lembrar que meu ateliê provavelmente estava mil vezes mais empoeirado.
Em meu celular tinha uma mensagem de Taylor, que sem eu perceber, quase automaticamente, foi a primeira que eu cliquei para abrir. Ela perguntava se eu tinha chegado bem, e dizia que tinha uma surpresa para mim no dia seguinte. Eu tentei com todas as minhas habilidades de curiosa nata tentar arrancar alguma informação de Taylor, mas ela só repetia que se ela contasse algo deixaria de ser surpresa. Depois de quase uma hora trocando mensagens, desisti de arrancar alguma informação dela.

"Te vejo amanhã, então.
-Karlie"

"Estarei esperando :)
-Tay."

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hey hey
esse capítulo é de longe o que eu menos gostei :/ mas o próximo vai ser melhor, eu prometo
comentem oq vcs estão achando, comentem opiniões, críticas, perguntas, ameaças de morte.....
espero que tenham gostado sz

A Professora (Kaylor AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora