7º capítulo

378 24 7
                                    

Karlie POV:

Esperava por Taylor do lado de fora da grande casa de minha vó, já tinha olhado para baixo para checar minha roupa um número considerável de vezes. Um vestido de estampa florida que ia até um pouco acima dos joelhos cobria meu corpo, meus cabelos soltos e já desarrumados por causa do vento que insistia em bagunça-los cada vez que eu ajeitava e em meu rosto não perdi tempo colocando maquiagem. Nunca fui uma garota de usar muita maquiagem, às vezes minha mãe briga comigo para que eu passe um batom ou um rímel, mas a verdade é que me sinto estranha com esses produtos na maioria das vezes, acho que já estou acostumada com a Karlie de cara limpa que vejo no espelho e quando coloco alguma coisa por cima parece que vejo uma desconhecida.
Reconheci Taylor assim que ela apareceu em meu campo de vista, ela usava as mesmas roupas que vestiam seu corpo durante o funeral e seus cabelos longos agora estavam presos em um coque no topo da cabeça. Ao me ver pude ver um sorriso se abrir em seu rosto, o qual eu retribuí antes de de seguir em sua direção.

-Você não está preparada para onde eu vou te levar hoje. -Ela disse antes de tudo.
-Eu moro em Nova York há seis anos. Eu estou preparada para tudo.
-E se eu disser que em Nova York não tem nada parecido? -Ela sorriu e por algum motivo eu senti borboletas em meu estômago.
-Eu vou duvidar.
-Você é muito teimosa.
-Só vamos, Taylor.

Andamos lado a lado pelas ruas quase desertas da cidade, o sol estava se pondo e o caminho que estava fazendo nos dava a vista perfeita do horizonte. Taylor começou a falar sobre suas lembranças da cidade, todo lugar que passávamos era uma história diferente ou sobre sua infância ou sobre sua pré adolescência, eu acho adorável o jeito que ela se envolve ao contar suas histórias, tinha muita curiosidade para ler suas poesias. Se forem tão boas igual seu jeito de contar histórias, Taylor não tem muito com o que se preocupar. Eu pensava comigo enquanto escutava suas narrações.

"Harry's" é uma hamburgueria com estilo vintage, com música dos anos oitenta tocando em seu interior e até os funcionários pareciam ter saído de um filme antigo. Ao passar pela porta pude sentir o cheiro de comida, o que me lembrou que eu não comia desde o café da manhã, já que o dia tinha sido muito ocupado.
Taylor me pegou pela mão e me puxou até uma mesa nos fundos do restaurante, segundo ela, o lugar que ela sempre senta quando vai lá. Me perguntei o motivo de um lugar tão isolado.
Folheamos o cardápio, ficando aliviada ao ver a página de sanduíches vegetarianos, perguntei sobre cada um para Taylor, que parecia uma degustadora de hambúrgueres profissional enquanto descrevia o sabor de cada um.
Após a garçonete se afastar da mesa já com os pedidos anotados em seu bloquinho, percebi o olhar fixo de Taylor em meu rosto. Seria uma mania dela? Ficar encarando as pessoas até fazer elas corarem? Sim, eu corei.

-Tem alguma coisa no meu rosto? -Perguntei finalmente olhando em seus olhos.
-Não...Por quê?
-Não sei...parece que você está sempre me encarando. -Dei um sorriso tímido.
-E estou. Acho que é uma mania, mas se te incomoda eu posso tentar parar.
-Não me incomoda. -Só me deixa incrivelmente sem jeito, pensei comigo. -As vezes penso que está me encarando por ter alguma coisa de errado acontecendo aqui. -Apontei para meu rosto.
-Ah, Karlie, não tem nada de errado acontecendo no seu rosto, pode ficar tranquila. -Ela deu uma curta risada, ainda não desgrudando os olhos dos meus. -A verdade é que você é bonita, é agradável te olhar. Acho que é por isso que estou sempre te encarando, mesmo que sem perceber. Vou tentar ser mais discreta das próximas vezes.

Eu não estava esperando esse tipo de resposta. Foram segundos para que minhas bochechas ficassem vermelhas e eu sentisse brasas queimando nas mesmas. As palavras tinham rolado da boca de Taylor de forma tão doce e natural, talvez não devesse significar tanto para mim, mas foi o suficiente para que minha cabeça ficasse nas nuvens pelo resto do dia.

-Se você tivesse falado antes que esse é o motivo pelo qual você tanto me encara teria me livrado de vários questionamentos sobre ter algo de errado com o meu rosto. -Nós rimos. -Mas obrigada...você também é muito bonita.
-Você acha?
-Não só eu, mas qualquer pessoa com olhos também pensa do mesmo jeito.

Taylor não é apenas bonita por fora. Pelo pouco que pude conhecer já consigo perceber que seu coração também é bom. O jeito que ela olha para as pessoas, como ela caminha e como demonstra atenção ao ouvir o que os outros tem a dizer. Tudo isso transmite doçura. Algo que eu gostaria que transbordasse de mim, mas que as vezes a minha impaciência não permite que seja mostrado.
A minha vontade de conhecer melhor a garota loira sentada a minha frente só aumentava enquanto conversávamos. Ficamos ali sentadas juntando nossas ideias durante boa parte da noite, até que a mesma garçonete veio até nossa mesa para dizer que o lugar estava prestes a fechar.

-Como assim? -Taylor me mostrou o horário que o relógio do seu celular marcava. -Duas da manhã? Como isso aconteceu?
-Minha mãe deve estar surtando. -Pensei ao lembrar que não tinha pegado meu celular ao sair de casa.
-Vamos. Eu te acompanho até sua casa.

Depois de eu muito falar sobre os perigos de andar na rua de madrugada e muito Taylor retrucar dizendo que em Reading tudo era seguro, chegamos a decisão de pegar um táxi. A cidade tem dois taxistas, um que trabalha durante o dia e o outro durante a noite. Segundo Taylor a demanda não é muito grande, quase todos os moradores da cidade possuem carro em casa.

;;

Adentrei a casa de minha vó deixando com que o cheiro de mofo entrasse em minhas narinas. Estava bem melhor do que mais cedo, nós tínhamos passado a manhã inteira limpando a casa e deixando produtos para tirar mofo em todos cantos, a casa tinha ficado fechada por mais de três anos, já era de se imaginar que estaria suja.
A residência estava silenciosa e com as luzes apagadas. Subi as escadas com cuidado para fazer o mínimo barulho possível porém a madeira antiga abaixo de meus pés dificultava meu objetivo.
Abri a porta do quarto que estava chamando de meu durante esses dias na pequena cidade e me atirei na cama sem me preocupar em trocar de roupa. Minha cabeça estava muito ocupada pensando na garota de cabelos loiros e olhos azuis. Quanto mais eu me ocupava pensando nela, mais eu me sentia curiosa em conhecê-la.
Em um momento até me peguei perguntando a mim mesma se Taylor gosta apenas de garotos ou se gosta também de garotos. Mas quando percebi no que estava pensando despejei a pergunta de minha cabeça. Como pode, Karlie! Isso não é da sua conta. Eu repetia em minha cabeça toda vez que a curiosidade de saber a resposta invadia meus pensamentos.

A Professora (Kaylor AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora