11º capítulo

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Taylor POV

Já tinham duas horas que eu estava sentada em frente ao meu teclado tocando uma melodia que não deixava minha cabeça. Por sorte, Cara tinha passado a noite fora, se ela estivesse no quarto provavelmente ficaria irritada pelas notas que eu insistia em tocar e retocar a cada minuto.
Palavras também vinham em minha cabeça em forma de música. Mas quando eu pegava o papel, por algum motivo, elas pareciam não conseguir sair. Olhava o papel em minha frente com alguns rabiscos qualquer e martelava minha cabeça o caminho que a melodia estava me levando.
Mesmo naquela confusão, foi a primeira vez em meses que eu me senti inspirada.
Ao beijar Karlie, pensei que ficaria um tempão remoendo o acontecimento e que me sentiria mal. Mas pelo contrário. Há muito tempo eu não me sentia tão bem e tão tranquila, minha mente repassava o momento com um sentimento muito bom.
Eu e Karlie não falamos sobre isso depois. Eu queria, mas não sabia como.
Quando deixei os lábios de Karlie senti varias borboletas em meu estômago, um pouco clichê, eu sei. Mas não tem nada melhor para descrever a sensação. Por mais que eu tentasse me convencer que se justificava por ser minha primeira vez beijando uma garota, no fundo eu sabia que o que causava mesmo tudo isso era a garota que eu tinha beijado. Que mesmo sem eu perceber, tinha despertado algo diferente em mim desde o primeiro dia. E embora eu me convencesse muito bem de que era tudo coisa da minha cabeça, não conseguia conter meus pensamentos que me deixavam mais confusa a cada instante.

Fiquei mais tempo repetindo a melodia, gravei a mesma em meu celular, não tinha esperanças em usá-la para nada, mas não gosto de desperdiçar ideias. Mandei para Austin, ele ama me ouvir enquanto toco piano, e mesmo que o meu pequeno teclado de Nova York não tenha o mesmo som do grande e belo piano que temos instalado na sala de Reading, sabia que ele ia gostar do mesmo jeito.
Eu olhava para o meu celular e me perguntava se deveria ligar para Karlie para marcarmos de fazer algo hoje, talvez eu devesse dar um tempo para ela pensar, no telefonema do dia anterior ela tinha soado estranha, como se algo estivesse errado. Mas tive medo de perguntar o que era e a resposta ser arrependimento por conta do beijo.
Cara me tirou de meus devaneios quando abriu a porta do nosso quarto fazendo um barulho que me fez pular. Ela tinha um sorriso nos lábios e uma sacola da cafeteria do outro lado da rua em mãos.

-Eu trouxe café pra você. -Ela me entregou o copo que tirou de dentro da sacola e eu agradeci. -Como foi seu encontro ontem? Pra você estar sentada no teclado....deve ter sido muito bom. -Seu sorriso ganhou certa malícia, que não foi mantida por muito tempo, já que interrompida por uma gargalhada.
-Ah...não foi um encontro. -Disse um pouco hesitante.
-Claro que foi!
-Foi bom...-Eu não sabia o que dizer. Não sabia se estava pronta pra falar sobre isso, ou se queria falar.
-Vocês transaram, não foi? -Ela perguntou como se fosse óbvio.
-O quê? -Nem eu tinha acreditado na pergunta de Cara. -Claro que não, Cara!
-Então vocês se beijaram, ao menos.
-Sim...tem uma grande diferença entre um beijo e sexo, caso você não saiba.
-Olhe só para você! -Cara disse posicionando uma de suas mãos sobre o peito. -Beijando garotas...que orgulho!
-Foi só uma vez. Eu nem sei se eu gosto de garotas.
-Todos gostam de garotas, minha querida Taylor. -Cara começou com sua teoria sobre ninguém ser 100% hétero. -Como foi? Você gostou?

Expliquei tudo para Cara, que escutava com atenção e por alguns momentos me senti como uma menina de 15 anos contando sobre o primeiro beijo para a melhor amiga.
Me fez bem falar sobre o assunto. No começo, foi estranho, e eu só respondia às perguntas com "sim" ou "não", mas depois de muito esforço da parte de minha amiga, comecei a contar tudo, e quando percebi, já estava entrando em detalhes. Fez com que de alguma forma, eu conseguisse organizar, pelo menos um pouco, os meus sentimentos e meus pensamentos perdidos pela confusão do meu coração.

-Eu acho que você deveria chamar ela para vir aqui. -Cara disse após eu contar que achava que Karlie estava um pouco estranha após o beijo.
-Aqui?
-Claro! Vocês podem pedir comida e ver algum filme...Qualquer coisa! Podem conversar sobre o que aconteceu ontem....-Cara parecia mais empolgada do que eu. -Eu vou pra casa do meu pai e você só vai me ver daqui uns dias...O quarto está liberado. Caso vocês queiram fazer algo a mais...
-Meu Deus, Cara. Eu não sei como eu ainda não te arremessei pela janela.
-Eu só estou brincando, docinho! -Ela posicionou suas duas mãos em minhas bochechas e apertou as mesmas, me fazendo revirar os olhos. -Mas você vai ter que me contar tudo o que aconteceu quando ela for embora.
-Sim senhora. -Ri do tom ameaçante de sua voz. -O que eu faço se o clima entre nós ficar estranho?
-Não vai ficar. Eu prometo. -Cara disse como se esse fosse o menor dos meus problemas. -Você gosta dela?
-Ainda é cedo pra falar...ela é minha amiga.
-Ah, Taylor...amigas não se beijam.
-Só amigas, ok? Até agora somos amigas.

A Professora (Kaylor AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora