Querido Charlie (fanfic AVDSI)

1. Continuação

10 de novembro de 1992

É uma agradável noite, Charlie está sentado na calçada da sua casa sozinho, com um caderno e uma lanterna no colo... e presta bastante atenção na vizinhança, as demais pessoas de sua rua também estão fora de suas casas, as crianças estão brincando, algumas de bicicleta, outras em grupinhos... enfim, Charlie escreve uma carta para falar como foram seus dias.

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Querido amigo,
Não sei se esta carta vai chegar a você, afinal, tem algum tempo que não escrevo, como disse na última vez quando meus amigos estavam se mudando para cursar suas faculdades, Bill havia se mudado para Nova York com sua namorada, e eu estava de alta do hospital, enfim... queria "participar"e estou tentando. Quero dizer que sinto muita falta das pessoas que conheci, principalmente de minha irmã que está estudando no Oeste, mas, que pode me ver mais vezes... e também falta de Sam e Patrick, de nossas idas ao Big Boy, de andar com Patrick quando ele quer ser um pouco livre e aproveitar bem o passeio e dos conselhos que Sam me dava... os abraços e doces palavras. Mas, eu consigo confortar a saudade dos meus amigos, falando com eles ás vezes por telefone.
Semana passada, liguei para Sam numa crise minha, eu passei uma hora vendo coisas, lembrando da tia Helen... do acidente e daquilo que ela fazia comigo toda vez que Candace dormia. Foi horrível... lembro que chorei tanto naquele dia sem que mamãe e papai vissem porque não queria atrapalhar ninguém, e aos poucos fui me acalmando e depois consegui fazer a ligação — a Sam ficou comigo na linha por um bom tempo e conseguiu me acalmar me dizendo coisas doces e fofas, além de me ouvir e dar conselhos, do tipo de nunca querer desistir, porque estou aguentando forte até aqui... ela também disse que me ama muito e que está bem na faculdade e irá me ver no Natal. O que me deixou muito feliz!
Sobre mim, quero dizer que estou levando a vida como posso, e vejo que o pior já passou, as coisas estão ficando boas. Estou bem no segundo ano do ensino médio, tenho uma professora de inglês que gosta de me incentivar a escrever, e aproveita meu dom, e aos poucos, um dia após o outro... está muito legal, ainda tenho um pouco de medo dos alunos ás vezes, de ser humilhado. Mas é uma longa história, que irei escrevendo. Espero que esteja tudo bem com você.

Com amor, Charlie

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12 de novembro de 1992

Querido amigo, 


Na última carta fiquei de falar sobre a escola... neste ano estou tendo aula com uma professora de inglês que lembra muito o Bill (sinto falta dele), chama-se Srta. Milenne é uma mulher bonita e gentil — ela conversou um pouco logo depois de bater o sinal... irá me ajudar a participar das aulas, ser incluído na classe e também me incentivar a escrever... acho que ela fará algo parecido que Bill fazia que era me passar redações para escrever e me dar livros, ainda não sei. Mas já achei interessante! 

No refeitório eu ainda sento sozinho, pode parecer triste para você, é que está muito difícil de conversar com alguém... toda vez que passo por lá lembro de meus amigos, da pequena roda de conversa que fazíamos com Mary Elizabeth e Alice, eles fazem falta... muita falta, e te digo uma coisa: eu percebo uma grande diferença na minha vida de antes e depois que eles viraram meus amigos, eu era muito assustado, não falava com ninguém, não tinha dias de felicidade... sem eles, eu estou melhor, e sei que eu vou me recuperar logo, estou me esforçando ao máximo por que é horrível sofrer com tormentos, solidão e a tristeza.
Estou numa semana das últimas provas do bimestre, amanhã tenho prova de inglês, e daqui a pouco depois de te escrever, irei estudar – sou muito elogiado na escola, porque mesmo tímido, eu pude participar um pouco mais das aulas, sabe, foi um longo caminho... estou há pouco tempo fazendo um tipo de terapia comportamental para reaprender a viver normalmente, sem medo de pessoas ou lugares.

Com amor, Charlie.