Quando a noite clamar por sangue

Capítulo VII

-CONSELHO?! -Naty se exaltou batendo com as mãos na mesa. Se o conselho havia se envolvido, então as coisas tinham ido longe demais.

As vampiras tinham se reunido pouco após a saída da anciã. Juliana ficou reflexiva, perdida nos próprios pensamentos até que as garotas resolveram lhe fazer perguntas.

-Sim. - Juh confirmou, lançando um olhar de reprovação a reação da garota. Naty se sentou novamente. -As coisas tomaram proporções maiores do que esperávamos. Foram encontrados mais três corpos. Desta vez dois faeries e uma humana. Pelo que disseram, foram mortos por um transmorfo, provavelmente na forma de lobo, visto que os corações foram arrancados.

-Uma humana? -indagou Fervs. -Por que os meteram no meio? Isso não faz sentido.

-Não tem mais a ver somente com nossas famílias. Alguém está fazendo de tudo para eclodir uma guerra entre as raças novamente.

-Pode ter envolvimento com o assassinato dos Warriors? -perguntou Naty. -Se tiver, então talvez as mesmas pessoas sejam as responsáveis.

Juh suspirou.

-Talvez. A questão é que querem interrogar todos sob o soro da verdade. Mas Mikaely e Yami ainda não voltaram.

-Você parece saber mais do que está nos contando. -Naty inclinou-se para frente dando maior apelo a sua fala.

Com os olhos das garotas sobre si, Juh acabou cedendo.

-Acho que já é hora de vocês saberem a verdade.

**

Os Warriors e o restante assistiram enquanto os corpos de Thomas e Leonardo Warrior se tornavam cinzas. Mio estava com os olhos fixos nas chamas vermelhas com a mente em algum lugar distante, Natália com os óculos escuros tentava conter os soluços em alguns momentos- era uma surpresa para todos que ela estivesse demonstrando tal lado-, já Andy era impossível de ler, assim como a mãe, ele tinha os olhos fixos nos corpos queimando.

Nayara observava de longe a familia incompleta, ela conseguia sentir o pesar e a tensão que se misturavam no ar. Por um momento ponderou ir embora e ficar longe de tudo aquilo, mas talvez já tivesse se envolvido demais indo ali. Mio dissera que precisava dela e a faerie a considerava demais para deixá-la em um momento como aquele, então apenas se virou com um suspiro e foi buscar alguma bebida na casa.

**

Yami mal abriu os olhos e já sentiu a cabeça latejar. Todo seu corpo doia, seus músculos estavam rígidos, parecia ter sido atropelada por um caminhão.

-Finalmente você acordou! -Mikaely estava animada como sempre. Sentada em uma poltrona ao lado da cama, ela tinha um livro no colo. Yami estranhou, provavelmente estava sem acesso a internet. -Eu fiquei preocupada. Aquilo que você fez foi incrível! Onde você aprendeu?

Yami olhou ao redor tentando identificar o lugar, em vão. O quarto era decorado num estilo rústico. Os grossos troncos de madeira escura se destacavam no teto.

-Onde estou?

-Na minha casa. -uma nova presença se fez valer no local. Yami logo reconheceu o feiticeiro. Ele não aparentava ser tão velho quanto ela chutou. Agora de perto, dava para ver que ele era relativamente jovem. Talvez fosse alguma espécie de feitiço de conservação. Ele usava um óculos que lhe dava um ar de intelectual. -Não deu tempo de nos apresentarmos antes. Eu sou Bruno, e sou um bruxo. Tenho quase certeza de que você é Yami.

A garota sentou-se em silêncio, intercalando olhares entre Mikaely e Bruno.

-Sei que está confuso no momento, mas em breve iremos te explicar tudo. Mas primeiro você precisa recuperar suas forças. -ele se aproximou e só então Yami notou que ele carregava uma caneca fumegante na mão. Ele estendeu para ela. -Beba, irá ajudar. A liberação de energia foi muito intensa, seu corpo não estava preparado.