Capítulo 66-Emilly e Sophia - Nossas vidas são definidas por momentos.

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» EMILLY«

— Eu não posso acreditar que você está aqui.

Sophia sorriu e colocou seu longo cabelo atrás das orelhas.

— Eu também. Sinceramente, pensei que ia morrer ali.— A sua voz era trêmula e notei suas mãos tremendo.

Estendi a minha mão  e prendi nossos dedos juntos enquanto encarava seu rosto. Eu estava impressionada com tamanha semelhança. Era o mesmo cabelo louro. O mesmo nariz ligeiramente virado para cima com um punhado de sardas. Os mesmos olhos azuis. A mesma forma de sorrir. Era incrível como éramos completamente iguais  sendo que não sabíamos da existência uma da outra.

— Nós duas estamos vivas, e principalmente graças a você. Obrigada, Sophia. Por aguentar toda a situação de lá. Eu estava pronta
para desistir. Você...sua força me deu esperança. Só lamento por você ter  sofrido tanto
— Mas eu não.  — Ela diz, e uma gota quente pingou dos seus olhos em minha mão. — Porque por mais doloroso que foi, nos ajudou a ganhar tempo.

Uma nova gota pingou, mas dessa vez quem a derramava era eu.

— Ainda assim, eu odeio o que eles fizeram com você, Sophia.

Ela fungou e lágrimas corriam pelo seu rosto.

— Eu odeio o que fizeram com você também. Tudo o que podemos
fazer agora é seguir em frente.

Eu não disse mais nada. Sophia também não, mas as lágrimas começaram a rolar tão rápido que qualquer esforço para contê-las seria inútil.

— Oh, minha irmã....

Rodeei seu corpo com meus braços e a trouxe para mais perto, dando a ela o abraço que precisávamos. Ela ainda tentou falar, uma, duas vezes, e como o máximo que ela conseguia dizer era meu nome, a impedi de continuar tentando e chorei junto com ela. Por ela, por mim, por tudo o que nos foi roubado. Pela crueldade e circunstâncias de homens doentes e gananciosos.

— Como vai ser daqui pra frente? — Perguntei com a voz embargada pelo choro, voltando-me de frente para ela.
— Seguir o baile— Ela disse sorrindo e secando os cantos dos olhos. — Claro que eu não vou ficar no seu lugar, muito menos você no meu. Mas as coisas não precisam mudar muito.
— Eu não quero que mudem— Confessei tentando desesperadamente limpar os olhos com as costas das mãos. — Eu amo viver em Montes Claros. Amo Nathan e sua família.
— Você é livre para viver a sua vida com quem quiser. Eu nunca nutri algo por Nathan, e o acordo entre seu pai e Junior foi desfeito.
— O que aconteceu?
— É uma longa história — Ela adotou um olhar perdido, tão atordoado quanto o de quem toma uma pancada na cabeça.
— Eu tenho todo o tempo se você quiser falar sobre isso.

Sophia me dá um pequeno sorriso.

— Talvez em outro momento. Por agora, só quero lidar com assuntos leves. — Ela diz.

E no mesmo instante alguém entra no quarto e interrompe a nossa conversa.

— Atrapalho?

Empurrei minha cabeça para o som da voz e a devastação me atingiu em cheio. Eu conhecia aqueles olhos azuis brilhantes.

— Quem é você? — Pergunto através do nódulo apresentado na minha garganta.

Meu coração estava batendo tão rápido que eu estava com medo. Ele poderia estourar através de meu peito golpeado e voar para fora.

— Benjamin.

Seus olhos encontram os meus, e eu não posso falar. Minha respiração encurtou e minha visão ficou turva.

Destinos CruzadosOnde histórias criam vida. Descubra agora