Capítulo 22-Emilly e Nathan- Eu queria não querer, mas sem querer, eu quero.

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EMILLY

A gravidez na adolescência é algo que nem de longe recomendamos a alguém. Mas se por um descuido isso acontece, não podemos ter outra posição que não seja encarar as coisas de frente e ajudar para com as consequências que qualquer decisão importante traz.

— Quantos meses? —Perguntei, alisando meus cabelos para trás.

Era realmente um assunto difícil de ser abordado.

— Pouco mais de dois meses. 
— E como foi no médico?
— Terrível. Minhas esperanças foram para o ralo quando ele me confirmou meu maior medo.

Bia se sentou devagar, ajeitou os cabelos e respirou fundo soltando o ar logo em seguida.

— Eu estou grávida, Sophia. Grávida.—Repetiu— Minha vida acabou.
— Gravidez não é doença Bia—Dei um sorriso breve— Você é jovem, linda, inteligente. Tem um futuro incrível pela frente.
— Eu não posso ter esse bebê.—Disse e senti meu coração diminuir.
— Não vai ter seu bebê?—Senti o nó se formando na minha garganta.
— Eu não posso. —Repetiu enxugando uma lágrima furtiva que teimava em cair.
— Não faça isso.
— Você não entende.—Seus olhos miraram o chão. — É tão complicado.

Respirei fundo.

Bia permaneceu em silêncio, encarando as coisas espalhadas pelo chão, analisando uma a uma sem voltar os olhos para os meus. Eu permaneci em silêncio também. Não sabia o que dizer.

Eu sabia que não era certo, mas não podia culpá-la por pensar nisso.

— Já conversou com o pai do bebê?—Perguntei quando já não aguentava mais o silêncio.
— Não—Respondeu e engoli em seco, meio sem entender.
— Deveria falar. A decisão tem que ser de vocês dois.
— Eu não posso falar com ele.
— Por quê? — Minha mente então chegou à conclusão mais óbvia— Oh... ele não é seu namorado?— Perguntei mais alto do que gostaria.

Ela confirmou.

— Mesmo assim, ainda é filho dele.
— Eu não posso falar com ele
— Por que?

Cerrei as sobrancelhas sem entender.

— Foi numa festa, eu... foi apenas uma transa impensada... aconteceu... sei que não deveria, mas...
— Você transou com um cara desconhecido.—Concluir e engoli mais uma vez, sentindo todo o peso do mundo em minha garganta.
— Sim.

Ela me encarou por alguns segundos, olhos tristes mirando os meus.

— No mês seguinte, comecei a ter algumas tonturas e enjoos, e eu não poderia me enganar a mim mesma quando minha menstruação atrasou.—Disse e eu podia sentir o peso, a angústia e a tristeza.
— Deveria ter pensado antes, Bia. Estas coisas são perigosas... sei que na adolescência a gente perde um pouco a cabeça, mas...
— Eu sei de tudo isso e acredite, eu era virgem antes deste cara. —Ela me interrompeu — Eu nunca... nunca tinha feito algo desse tipo. Foi realmente um erro terrível e agora eu me arrependo muito.
— Você não o viu mais depois da festa?
— Não—Ela bufou e soltou as mãos ao lado do corpo.
— Nenhuma pista sobre ele?

Ela me olhou pesarosa.

— Acho que ele trabalha com Nathan. —Disse alisando uma pequena mecha escura de cabelo para trás da orelha.
— O que?
— Eu conheci ele em uma festa de fim de ano da empresa.
— Meu Deus. Então ele pode estar mais perto do que imaginei.
— Ou pode ser apenas um sócio de outro estado, ou até mesmo país.

Soltou o ar dos pulmões com cuidado e depois seus olhos miraram os  meus novamente.

— Queria nunca ter feito aquilo, eu tenho tanta vergonha...
— Não se sinta assim, todos nós erramos na vida. Não é por causa de um momento de irresponsabilidade, que você é sempre assim, além do mais, você é uma mulher agora.— Digo e seu rosto ainda era triste, mas eu podia ver pequenas fagulhas de esperança em seu olhar. — E pode contar comigo, vou te apoiar, te dar dicas, te ajudar da maior maneira possível.
— Obrigada...— Ela segurou minha mão.— Muito obrigada mesmo.
— Eu só quero o seu bem, Bia. Então peço que pense melhor, o aborto não é uma saída. Esse método pode levar não só a morte do bebê como a sua também. Pense, reflita, por mais que essa criança ainda não tenha vindo ao mundo, ela é parte de você.— Aconselhei sentindo o peso em meu próprio coração.

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