O que Dante contou despertou a curiosidade de Akira, que assim pergunta.
— Dante, se me permite perguntar, do que se trata a sua habilidade?
Dante sente um calafrio e abaixa a Cabeça, respondendo.
— Olha... Sinceramente, eu esperava que não perguntasse, não me leve a mal, é que... É algo de que eu não gosto de mostrar, devo dizer que é uma habilidade nada sutil, por isso eu fiquei contente quando encontrei aquele ferreiro, porque com a arma que ele fez para mim eu não precisaria mais depender unicamente do uso dos meus poderes.
— Ah, é mesmo?..
— Bom, com "nada sutil", eu quero dizer que devo usá-la com cautela, senão é melhor que não haja ninguém próximo de mim, caso fuja do meu controle. — Ao falar, demonstra estar desconfortável, tendo no rosto uma expressão desagradável.
Notando isso, Akira resolve interrompê-lo.
— Ah, não se preocupe com isso Dante. Não tocarei no assunto se você não estiver confortável com isso tá!?
— ... — Dante se cala e permanece de cabeça baixa.
— Eu prefiro não lhe causar desconforto e... — Akira pausa a fala por um instante. Puxa fôlego, fica na frente de Dante e põe a mão nos ombros dele dizendo. — Eu vou me tornar mais forte, assim como você, e garantir que você não utilize sua habilidade!..
Dante interrompe, abraçando-o, causando em um leve espanto no companheiro, que no momento pensa, "O que foi isso agora?.." e tem seu pensamento também interrompido, recebendo do dois tapas de leve em sua cabeça, ao que vira o rosto e percebe que Dante está sorrindo novamente.
Com tudo que ocorria no caminho, parece não ter demorado para chegarem ao destino, uma vila que reconhecia a ajuda que os meio-demônios forneciam aos humanos. Os garotos ficam em uma estalagem e nela encontram-se, como na outra, algumas pessoas, umas sozinhas, outras em grupos, alguns armados e de etnias e vestimentas diferentes, todos caçadores. O certo esplendor que essa atmosfera passa talvez faça os garotos pensarem, "o país é grande e, mesmo assim, pequeno".
Como de costume, Dante procura informar-se sobre trabalhos e haviam muitos, por sinal, assim eles partiam a executá-los diversas vezes, adquirindo experiência nesse ato.
Nos intervalos entre um trabalho e outro, nas estalagens, Akira aproveita o tempo a procura de respostas com base no que ele se lembra a respeito da cidade onde provavelmente nasceu, aquela onde acordou e começou sua jornada.
Certa vez consegue uma pista interessante de alguém que vinha do norte assim como ele. Um homem de idade avançada que havia se mudado daquela cidade, antes da calamidade, ele então conpartilhou o que soube após isso com o jovem.
— Eu ouvi dizer que foi uma luta entre dois seres, diziam que um deles certamente era um demônio puro, o outro, não conseguiram sequer identificá-lo, mas diziam ser de estatura baixa, cuja aura, no entanto, gerava muita pressão e medo em quem conseguia ver. Essa luta foi o que assolou a cidade inteira, foi um terror inimaginável.
— ... — O jovem começa a lagrimar e abaixa a cabeça, nisso, sente uma dor leve no seu olho direito.
Sem notar, o velho prossegue contando.
— Que eu saiba houveram pouquíssimos sobreviventes daquela vila, se você é um deles considere-se com muita sorte.
— Então, quer dizer que há mais pessoas que sobreviveram àquilo?
— Sim jovem, não tenho dúvidas de que em sua maioria, os sobreviventes são meio-demônios, ora ou outra irá encontrar alguém.
— Bem, as minhas memórias não podem ajudar, mas o que disse certamente é uma pista importante para que eu venha desvendar meu passado, muito obrigado.
As informações que Akira recebe o deixam animado, com o desejo de encontrar aos demais sobreviventes.
Enquanto isso, Dante já havia escolhido qual pedido eles fariam, diziam que o monstro a ser caçado é revestido de uma couraça muito forte e possui garras extremamente afiadas, nisso, ele vê a oportunidade de melhorarem suas habilidades, logo, chama Akira, que já havia terminado a conversa com aquele homem.
— Vamos Akira!
— ah, já escolheu o pedido?
— Sim, e temos um dos grandes dessa vez, certamente será difícil, mas concluir esse trabalho será um vasto acúmulo de experiência!
— Então você está bem confiante não é!?
— Hum, o material do qual meu bastão é feito não é qualquer um, aposto que pode romper a couraça da qual me falaram! — Diz Dante, com um sorriso convencido e olhar obstinado no rosto.
Akira se sentia hesitante, mas concorda.
— Vamos então, um bom suporte você terá! — Exclama batendo o punho contra seu peito.
“Ele está mesmo ancioso por isso?" Dante pensa, mas analisando o histórico de lutas pelas quais passaram, mesmo que poucas, diz ao companheiro.
— Parece que você está pegando o jeito, não!? Iremos arriscar nossas vidas novamente, você está mesmo pronto para isso? — Dante pergunta enquanto põe a mão direira no ombro esquerdo de Akira, aproximando seu rosto ao dele, na pseudo intenção de fazê-lo recuar, enquanto pensa: "Akira, o quanto será que você é forte?”, Mas após isso sorri e abraça-o.
— E-eu estou certo do que falei, tá bom!? — Responde Akira, com o rosto corado.
—Certo! Vamos então.
Arma de prontidão e convicção de sua vitória, a dupla de caçadores sai em direção à floresta onde o monstro foi visto, e havendo chegado às suas proximidades, vêm o caminho largo que a atravessa por uma distância de um dia e meio de viagem à pé.
Caminam por pouco tempo adentrando a floresta e, em uma parte onde ela fica mais densa, se deparam com a criatura de uma forma inesperada, surgindo dentre as árvores o monstro se aproxima com velocidade voraz pelo lado esquerdo dos garotos, o lado em que Akira anda (o que o torna alvo do monstro), investindo contra ele em um ataque com a com garra esquerda na intenção de matar.
Dante, percebendo instantaneamente, tentou defender seu amigo, mas seus olhos nem sequer conseguiram acompanhar os movimentos do monstro, então se afastou instintivamente, embora contra sua vontade.
A única imagem na sua mente é a forma do inimigo, grande, atemorizador, uma fisionomia humana, a couraça da qual falaram está lá, envolta de quase todo o corpo, de cor branca, cor de osso, a face é uma caveira com pouca carne rasgada envolta e com garras grossas e compridas.
Neste instante, Dante busca força, concentrando-se no que é importante, salvar seu companheiro. Nisso, ele saca seu bastão com firmeza e se posiciona para uma investida.
Mas enquanto isso um projétil fora lançado na direção do monstro com muita velocidade e acertou a garra esquerda com tanta força que o levou ao chão, levantando bastante poeira na queda.
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Nefilins - Os Filhos Dos Anjos
FantasiA terça parte dos anjos, que foi banida do céu junto a Lúcifer, por muito tempo habitou disfarçada entre os humanos a coabitar com as mulheres, isso desencadeou o início de uma nova raça de seres humanos que herdaram o sangue dos anjos caídos e habi...