O preço de uma Alma

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Quase chegando, percebi o cochicho que envolvia a roda, onde o centro das atenções era a minha irmã, sai empurrando a todos e recebi xingamentos baixinhos, mas não estava nem aí, só queria ver a minha irmã. Talvez todos estiverem surpreendidos por ela estar consciente e se levantando e tudo que eu vi de ruim, foi apenas uma miragem de horror dos meus pensamentos, um pesadelo acordada.

- Uma mulher morta? – Perguntou uma mulher, com um tom amargo, que não parecia muito interessada na resposta, apenas interessada em uma fofoca.

- Uma garota, na verdade. Aparentemente, não mais que dezoito anos. – Cheguei finalmente a onde ela estava um homem se encontrava sentado ao lado de Kailina, o que havia respondido, permanecia com roupas brancas e estava com uma expressão desafiadora, checando o pulso dela.  

Ouvindo isso automaticamente, soltei um palavrão alto e bem claro, enquanto me abaixava. Olhando, aquela pequena menina, com um corte que saia de alguma parte de trás da sua cabeça e se estendia até sua bochecha esquerda. Tomando ela nos braços e sem a menor vontade de conter as lágrimas, chorando e abraçando Kailina, que Deus amaldiçoasse ela por aquele dia. Parece que ele havia escutado.

- Se ao menos tivesse sido mais gentil, ela não teria corrido– sussurrei, para ninguém em especifico, segurando a mão fria de Kailina. – Por favor, resista, preciso de você. Por favor, Eu te amo não me deixa você e a única família que tenho. Aquele maldito motorista... Por favor, resista. – Gritei implorando. – Faço qualquer coisa.

Com isso Kailina levantou o olhar, como quem tentasse falar algo, entretanto o sangue que vazava de sua boca e ensopando mais ainda suas vestes, não deixou. A mão afrouxando e o olhar se tornando cada vez mais distante, o peito se elevando cada vez mais devagar e bolhas de ar se formavam como um som de um gargalo.

-Isto já se tornou normal. Não acho que a polícia vá encontra-lo - Respondeu o homem que estava analisando Kailina, com o ar de quem pede desculpas.

Sussurrando em meu ouvido, o homem disse – Eu posso ajudar vocês, sou médico! – Por um breve momento eu o analisei, ele não tinha a aparência de um médico, algo em seu olhar era sombrio, mas seu sorriso era reconfortante, não havia nada de errado em aceitar uma ajuda em um momento de desespero. Eu estava absurdamente enganada!

- Mas o motorista... - eu disse incrédula.

- Já disse, não acho que dá pra fazer alguma coisa em relação a isso. Porém acho que posso ajuda-las, mas antes preciso de uma espécie de garantia, o trabalho que isso dará não será nada fácil. – disse o homem, se aproximando para que ninguém, mas pudesse ouvir.

- Eu não tenho nada de muito valor, e o que tenho de mais precioso, está indo embora. – concedi. – Quem é você? É porque quer me ajudar? – Olhei para além deste homem, para o corpo que eu abraçava como se minha vida fosse acabar se a soltasse. Então percebi que essa era uma terrível verdade, ela realmente iria acabar.

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