Capítulo sem título 5

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Sem pensar duas vezes, apenas corri, atravessando a estação e entrando na Avenida, a avistei no final da rua, descansando de baixo de um poste de iluminação, com as mãos apoiadas nos joelhos e uma expressão de descrença e dor. Apenas por um segundo, sua expressão se manteve a mesma, mas aí ela me viu, atravessou a rua em pânico. E sumiu.

Eu pensei em correr atrás dela, mas minhas pernas não estavam ajudando, estava tentando raciocinar, quando um som de estalidos alto chamou a minha atenção, imediatamente para o cruzamento aonde um carro acabará de passar no sinal vermelho, já que estava acelerado, porém fazendo os pneus gritarem, totalmente descontrolado, no canto ao longe, mas perto do carro desenfreado do que dela, uma única pessoa estava atravessando a rua distraidamente com fones de ouvidos e olhando raivosamente na minha direção, no entanto não o rápido suficiente para que o carro conseguisse freiar sem capotar.

As cenas se desenrolaram em câmera lenta, o motorista gritando e sinalizando, o rosto de Kailina se virando para a esquerda, seus livros caindo, seus pés começando a saírem do lugar, entretanto não rápido o suficiente.

O corpo de Kailina se chocando contra a parte da frente do carro, sua cabeça encontrando o vidro, e o rachando, seu corpo estranhamente dançante, seus braços tentando parar o seu corpo de se elevar e suas pernas tentando se firmar. Naquele instante eu desejei que a minha irmã simplesmente perdesse a consciência, mas ela parecia determinada, como se pudesse forçar o carro e o seu corpo a parar de se movimentarem, até que um som de algo se chocando contra o chão me despertou, e me dei conta de que apenas alguns minutos haviam passado.

Algo mole e aparentemente respirando com dificuldade estava aberto no chão, o motorista manobrando e fugindo sem prestar socorro. De repente uma poça estava se formando ao lado do corpo, não era água, com certeza. Então isto só podia significar uma coisa, era sangue, saindo depressa, tão depressa, até uma leiga que nem eu sabia, que quando uma pessoa sangrava esta quantidade, a chance de sobreviver era mínima, eu conseguia ver apesar da longa distância.

Contudo afastei este pensamento, imediatamente comecei a correr e tudo a minha volta estava desacelerando, a movimentação na rua, meus passos, eu estava no começo da Avenida e o corpo estava no final da rua, na esquina do cruzamento, a separação estava se tornando cada vez, mas impossível de ser alcançado, meu coração estava flutuando não, contudo não mais conectado ao meu corpo, não quero acreditar em meus olhos, aos poucos algumas pessoas começaram a se aproximar do corpo.

Eu ainda estava no meio da Avenida quando escutei um grito, assombroso que percorreu o meu corpo com tanto impacto, causando terríveis arrepios, era Kailina. Eu senti.

Ela estava morrendo. 

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