Capítulo V

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Sofía, decidindo que já vira demais e que aquela situação estava saindo rapidamente do controle, levantou-se com as pernas trêmulas e aproximou-se dos dois.

— O que vocês pensam que estão fazendo? — perguntou baixinho, para que apenas eles ouvissem. Sua voz estava trêmula, como ela mesma se sentia.

— Não se meta, Sofia — disse Sebastian, sem fitá-la, ainda encarando seu oponente.

— Isso, não se meta, Sofia — disse o estranho. — Isso não é assunto para você.

Sofía, a quem todos conheciam por ser um doce de moça, sempre calma, pacífica, que não perde a paciência com nada, sentiu o sangue ferver.

— Isso não é assunto para mim? — replicou, irritada. Mesmo furiosa, sua voz ainda era baixa, até mesmo conciliatória. Ela não gostava de conflitos e as encaradas daqueles dois prometiam sangue. De quem, ela não sabia, e preferia continuar sem saber, obrigada.  — Parem com isso, os dois!

Nunca exaltava-se porque nunca tivera motivos para isso. E nenhum garoto nunca aproximara-se dela e um Sebastian muito furioso nunca precisara meter-se na sua vida.

E nunca passou maior vergonha, ainda mais em frente aos seus colegas de faculdade.

— Por que estão fazendo isso? Vocês nem se conhecem!

— Esse é justamente o ponto — Sebastian ainda encarava o rival. — Quem é você e o que quer com minha irmã?

— Não interessa para você quem eu sou — o outro retrucou e sorriu debochadamente ao continuar: — Muito menos saber o que quero ou não com sua irmã.

Sofía segurou rapidamente o braço que Sebastian levantou, certamente na intenção de socar o garoto que o desafiava.

— Não! Sebastian! O que pensa que está fazendo? — o puxou pelo braço, não conseguindo afastá-lo mais que três centímetros de onde estava. Mas já era alguma coisa. — Pare já com isso!

Sebastian continuou onde estava, fitando o estranho nos olhos.

Tinha alguma coisa de errado com aquele garoto. Não era o mesmo que vira nos olhos e expressões de Brian, mas era algo parecido. Não conseguia dizer com exatidão o que era, mas sabia que era algo sombrio, perigoso.

Para Sofía.

Resistiu aos impulsos e esforços fracos dela para afastá-lo, permanecendo onde estava, sem tirar os olhos do outro.

— Não sei quem é você ou o que você quer, isso realmente não me importa. Contando que se afaste da minha irmã — declarou.

O outro não sorriu dessa vez, apenas o encarou determinado e com seriedade.

— Não.

Sofía assustou-se novamente pela décima vez naquela manhã e precisou entrar no pequeno espaço entre os dois homens para segurar seu irmão, o que fez com que ela tocasse o peito dos dois com seu corpo.

— Não, Sebastian, por favor! — implorou, agarrando-se a ele. Estremeceu ao sentir o contato do seu corpo com o peitoral forte às suas costas.

MINHA METADE - SÉRIE RECOMEÇOS | LIVRO I  Onde histórias criam vida. Descubra agora