Capítulo VII

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Poderiam ter se passado horas e ela não notaria.

Poderiam ter ateado fogo na biblioteca e este a queimasse viva, e ela não daria a mínima.

Poderiam soar as trombetas do apocalipse e o mundo acabar, e para ela não seria nada demais.

Tudo o que importava era aquele momento.

Tudo deixara de existir, de ter importância no segundo que ele colara a boca na sua.

Henrique.

Um nome muito doce para alguém tão... tão... primitivo, pensou com dificuldade.

Ele a pressionava contra si, puxando-a cada vez mais, abraçando-a apertado.

E ela derretia, vez após outra, à cada nova inspeção de sua língua.

A princípio, ele a beijara delicadamente. Apenas um pressionar de lábios. Sofía se surpreendeu com o quanto alguém tão grande poderia ter lábios tão macios.

Depois, respirando fundo – enquanto ela mantinha-se em suspenso, de olhos fechados – ele afastara-se um pouco, poucos centímetros, apenas para voltar a pressionar a boca na dela novamente, após um grunhido.

Da segunda vez ele não fora tão delicado.

Pressionara a boca na dela e entreabriu seus lábios com a língua. Gemeu baixinho e Sofía o acompanhou, quando suas línguas se encontraram. Ela sentia-se incapaz de pensar. Sentia-se incapaz de qualquer coisa que não beijá-lo. Beijá-lo com tudo de si. Beijá-lo como imaginara desde a primeira vez que o vira.

E entregou-se.

Rendeu-se a ele, circulando seu pescoço forte com os braços, aproximando-se um pouco mais. Colando ainda mais seus troncos – se é que isso fosse possível.

Sofía não era iniciante na arte dos beijos. Talvez não fosse tão experiente como suas amigas e o resto do mundo, mas também não era virgem daquilo. Já beijou e fora beijada, normal, todos fazem isso. Mas nenhum beijo, até ali, chegavam perto do que aquele homem fazia com seu corpo. Não havia comparações.

Ele a abraçou ainda mais apertado, uma mão ainda na sua nuca e a outra em sua cintura.

Sofía sentia-se entorpecida. Seus sentidos pareciam amplificados, sentia e ouvia como nunca antes, partes do seu corpo de repente tornaram-se tão sensíveis que o simples roçar do corpo dele contra o seu a fazia revirar os olhos por trás das pálpebras fechadas.

Seus seios, pressionados contra o peitoral dele, pareciam pesados, os mamilos, rígidos. Nunca sentira isso antes, mas tudo o que mais queria era mais.

Mais dele.

Mais dele contra si, mais beijos, mais toques, mais tudo.

Tudo com ele. Tudo para ele.

Ela não conseguiu resistir e percorreu com as mãos trêmulas o impressionante cabelo comprido, entremeando os dedos nos fios. E, seguindo um instinto que não saberia dizer de onde surgira, puxou-o delicadamente, mas com certa força.

Ele gemeu novamente, um som rouco, grave, baixinho, íntimo, que brotara do fundo do seu ser. Mordendo seu lábio inferior e puxando-o delicadamente com os dentes, ele desceu a mão que acariciava suas costas e percorreu a lateral do seu corpo, subindo e descendo, aproximando-se perigosamente de um dos seus seios.

MINHA METADE - SÉRIE RECOMEÇOS | LIVRO I  Onde histórias criam vida. Descubra agora