Capítulo II

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As tão amadas e esperadas férias.

Seis semanas de descanso, zero trabalhos infindáveis, noites insones ou dias madrugados.

Um sonho realizado.

O mês prometia festas e shows, bebedeiras desenfreadas, comas alcoólicos, muitas pegações e zero responsabilidades por parte de todos os jovens.

Sofía parecia a única pessoa que não estava eufórica e ansiosa com isso. Pelo contrário, para ela, não faria diferença alguma nenhum período de descanso. Ainda mais levando em conta que a única coisa que fazia e faria de sua vida seria estudar; então, para ela, estudar em casa ou em qualquer outro lugar dava no mesmo.

"Faltam exatamente sete dias para as grandes férias!" leu em um informativo que encontrou largado no chão enquanto corria para a universidade. Por todos os lados se ouvia rumores e espectativas para as mais badaladas festas do mês, proporcionadas por seus colegas universitários mais populares.

Suas próprias amigas, Thaís e Lorrany, contavam os dias e horas restantes com uma euforia fora do comum. Aquele ano fora quase mágico para elas; suas amigas vinham de um dos menores municípios não muito próximos dali, e permaneciam deslumbradas com a cidade grande.

Sofía, sinceramente, não via nada de mais na sua cidade natal.

Localizada no interior do estado da Paraíba, no agreste paraibano, parte oriental do Planalto da Borborema e serra do Boturité/Bacamarte, que estende-se do Piauí até a Bahia, com pouco mais de 400.000 mil habitantes, Campina Grande é a segunda cidade mais populosa do estado.

E Sofía afirmou, convicta, mais de uma vez, que conhece mais da metade da população campinense e tudo isso graças à sua mãe e suas infindáveis reuniões com amigas, amigas de amigas, conhecidas de amigas e qualquer outra pessoa disposta a reunir-se para fofocas, cafés e bolachas, todas as quartas às tardes, desde que Sofía se entende por gente.

Considerada um dos principais polos industriais da Região Nordeste bem como principal polo tecnológico da América Latina, e também um importante centro universitário, contando com vinte e uma universidades e faculdades, sendo três delas públicas, Campina foi fundada em 1 de Dezembro de 1697 e elevada à categoria de cidade em 11 de outubro de 1864.

O aniversário da cidade, um dos maiores eventos anuais, é também um dos suplícios pessoais aos quais Sofía submete-se em prol da sua boa audição e saúde mental.

Sendo um dos mais antigos costumes da família Villar, que reside na cidade desde muitos anos atrás, todos os anos todos os membros vermelhinhos - e a mãe de Sofia, loiríssima (sortuda!) - reúnem-se durante o mês de outubro e comparecem em peso em todas as festividades.

E coitado daquele que negar-se a isso; ouviria um sem fim de lamúrias e discursos das tias e tios mais velhos, seus pais inclusos. Eles também sofreram no passado, arrastados de festa em festa pelos pais, e, agora, adoravam e divertiam-se impondo mesmo sofrimento às crias, seguindo a tradição.

Campina é também a cidade com proporcionalmente o maior número de doutores do Brasil, seis vezes a média nacional. Além de ensino superior, o município é destaque também em centros de capacitação para o nível médio e técnico. Um dos motivos pelos quais Sofía recusara-se a inscrever-se em uma universidade em outra cidade ou estado. Além de não imaginar-se, por mais que tentasse, vivendo longe de sua família.

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