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Josh estava sentado com Patrick na cama que dividiam, Pete tinha ido embora, depois de se desculpar incontáveis vezes.
Os dois não pronunciaram uma palavra, apenas ficaram ali, ambos refletindo sobre o que haviam feito.
Patrick conseguia sentir apenas culpa, e raiva de si mesmo. Ele estava numa relação verdadeira, com um cara que além de ser seu melhor amigo, era alguém por quem ele havia se apaixonado. Mas, ele teve que arruinar tudo. O ruivo encarava suas mãos, cabisbaixo, sem saber como ia olhar na cara de Josh de novo, depois do que fez.
Já Josh, havia provado um pouco do seu próprio veneno. E além de culpa, sentia-se com o coração partido. Ele não esperava que logo Patrick fosse fazer algo como isso, não era do fetiche dele. Mas, ainda sim aconteceu, e agora os dois estavam ali. O advogado fitava o chão, pensando se devia contar sobre Tyler.
"Josh..."- o músico chamou, com um nó na garganta, e as lagrimas ameaçando caírem. O de cabelo moicano preto direcionou o olhar para o noivo, e Patrick ao ver que tinha sua atenção voltou a falar-"Eu não sei como começar a te dizer o quão arrependido eu estou"- levou as mãos ao rosto, o cobrindo e soluçando nelas. O outro sentiu as lágrimas começarem a vir, e não fez esforço para segura-las.
"A quanto tempo você tem..."- tentou perguntar, mas se viu sem terminar a frase. Tomado pela agonia que o choro trouxe.
Patrick olhou para o noivo, os dois derramando lágrimas, pois os dois entendiam que o estrago estava feito e que a relação nunca mais seria a mesma. Isso se continuasse.
O ruivo respirou fundo e procurou em sua memória em que momento ele se entregou para Pete e arriscou todo seu relacionamento.
"Desde que ele voou de Ohio pra cá, ajudar com os preparativos da decoração"-
Josh riu pelo nariz, era tudo muito irônico pra ser verdade. Balançou a cabeça em negação e se levantou da cama. Fazia mais de um mês que seu antigo amigo da faculdade viajou para ajudar com a festa. Então, fazia mais de um mês que Patrick o traía.
Aquela relação já tinha se auto destruído muito tempo antes do Tyler sequer entrar em cena.
"Eu chamo o Pete pra ser padrinho do meu casamento"- começou, sentindo a raiva borbulhar dentro dele-"E ele me agradece fodendo meu noivo"-
O ruivo se levantou, as mãos tremendo e a boca seca. Se aproximou de seu companheiro, e antes de mais nada, o abraçou.
"Eu faço qualquer coisa pra consertar isso"- disse-"Por favor, Josh. Me perdoa"-
O advogado respirou fundo, e decidiu que era hora de contar sobre o que havia acontecido com o seu ex.
"Patrick"- chamou, o homem se desprendendo de seu corpo em seguida-"Tyler e eu transamos no escritório dele naquela manhã em que eu saí cedo para o trabalho"- contou, e observou quando uma única lágrima escorreu dos olhos azuis marejados de seu noivo-"Cheguei cedo hoje, porque vim te contar isso. E eu não conseguia viver com a culpa"- seus lábios formaram um sorriso triste, enquanto sua visão ficava embaçada por conta do choro que ameaçava vir-"Mas acho que devia ter aprendido a trair com você, que passou um mês escondendo de mim"- se afastou do ruivo, o empurrando para longe.
A figura pequena e frágil que era Patrick, se encolheu em cima da cama. Conforme ele via Josh se enfurecer a sua frente.
"Você ia fazer aqui!"- gritou, alto o suficiente para os vizinhos escutarem do lado de fora-"Na nossa cama!"-
Num pequeno momento de coragem, o músico levantou o dedo para o noivo.
"E você fez muito melhor, não é?!"- zombou-"Enfiou seu pau na bunda dele, huh?! No escritório do cara que nem podemos chamar de ex, porque nunca te namorou. Aquele que te largou depois de te levar pra cama"- cuspiu as palavras-"Bem elegante da sua parte"-
Josh perdeu o juízo, suas mãos formaram punhos, um alto estrondo foi ouvido seguido do barulho de estilhaços.
As mãos do advogado agora sangravam, e o espelho do quarto estava despedaçado no chão. Enquanto o ruivo observava em choque, e depois que Josh começou a rir, ele sentiu medo.
"Eu não fodi ele, Patrick"- disse entre risos-"Ele que enfiou aquele grande e grosso..."- antes que Josh pudesse terminar, suas bochechas arderam com o tapa que acabara de receber. Mas, como o esperado, o advogado tornou a rir. Dessa vez um riso cínico-"E eu gostei"-
Foi tudo o que precisou para Patrick sair por aquela porta, e não voltar.
E é claro que depois dessa cena, ambos choraram como se não houvesse amanhã. O ruivo dentro do carro, e o de cabelo moicano preto no quarto.

LIGHTS OUTOnde histórias criam vida. Descubra agora