Irmãos Valerian - Série IMORTAIS - Livro 2

1 - Safira

Hoje seria um dia daqueles. O Sr. Alexus havia convidado todos da alta sociedade para dar um baile de máscaras em sua enorme mansão, deixando a todos nós em um ritmo frenético. A empresa que organizava eventos já estava instalada nos jardins e na área externa da casa, armando uma tenda digna de filmes, para recepcionar a todos, enquanto todos nós, os funcionários da mansão, arrumávamos a mesma para receber o que viriam se instalar.
Meu pai passava o dia com o Senhor da mansão, pois era seu motorista
particular, minha mãe era uma espécie de governanta da casa, ela organizava o restante das empregadas e as dividias em grupos, para conseguirmos limpar tudo como o patrão queria. Sr. Alexus apesar de ser todo frio e arrogante, não fazia questão que eu trabalhasse na casa, minha presença era irrelevante para ele, até me deixava estudar fora, acompanhada de sua filha, que era minha melhor e única amiga. Ele não pagava bônus aos meus pais, somente seus salários, pois arcava com meus estudos, para que eu pudesse acompanhar sempre sua filha, sempre mesmo. Estela era um amor de pessoa, doce e meiga, chegou na mansão misteriosamente do dia para a noite, como sendo filha do Senhor, sem a companhia de ninguém.
Alexus Benet Valerian era um empresário muito bem sucedido, solteiro, na casa dos 30, apenas com uma filha como dependente e com um império para governar. O homem tinha dedos em todos os ramos, joias e pedras raríssimas custando a vida de alguns, carros de luxo, transportadoras, exploração de minério em minas, compra e venda de imóveis, rede de hotelarias e escritórios de advocacia, sem falar que patrocinava algumas outras áreas de seu interesse particular. Meu pai idolatrava o patrão, falava todos os dias sobre o mesmo, por isso eu sabia de cor tudo sobre a vida de Alexus.

_saia do mundo da lua, Safira, preciso de sua ajuda! – minha mãe chamou-me enquanto andava de um lado para o outro apressada – vá até Eliza, loira, baixa e magra, ela está gritando ordens por todos os lados lá fora, Sr. Alexus, pediu que o térreo fosse totalmente ornamentado, e precisamos dela!

Olhei para minha mãe, pensando em como éramos parecidas. Mesmos cabelos longos, ruivos e encaracolados, a pele branca como leite, repleta de sardas
pequenas e rosinhas, a baixa estatura e as curvas, mas minha mãe tinha olhos verdes invejáveis, enquanto eu era uma anomalia da genética, tenho malditos olhos bicolores, que me causaram transtornos sempre que olhava diretamente para alguém. Meu pai dizia que meu olho direto puxou aos dele, por ser totalmente preto, enquanto o esquerdo era verde como os de minha mãe.

_Safira! – chamou exasperada. Ela ficava uma gracinha em seu uniforme, um terninho azul escuro, blazer e saia, sapatinhos de salto baixo.

_estou indo... – levantei-me da cadeira e andei rumo a porta de acesso ao jardim, sob o olhar feroz de minha mãe, que caminhava apressada, organizando tudo com mãos de ferro.

Seu salto fazia um barulho incomodo, mas aquilo era rotineiro.
Assim que sai, encontrei quem procurava, andando para todos os lados, e como um furação, fazia um estardalhaço enorme, sua equipe corria completamente desesperada para atender aos pedidos daquela mulher que exalava poder apenas no andar. Quem consegue ser tão ameaçadora em plena 10:00 da manhã, usando calça jeans justa, uma blusa de seda vermelha, blazer preto feito sob medida e sapatilhas? Ela mesma! Seu cabelos longos e lisos chicoteavam suas costas a cada passo que dava, enquanto seus olhos azuis piscina queimavam.

_Senhorita Eliza? – chamei-a, e ganhei sua atenção de imediato. Aquela mulher era um fenômeno da natureza por si só.

_diga menina! – falou firme, deixando-me encabulada.

_Sr. Alexus deseja que a área interna da mansão seja ornamentada a caráter! – ela pensou por um momento, aproximou-se caminhando e parou em minha frente.

_toda ela? – perguntou.

_não! Apenas o térreo e creio que as áreas de circulação! – respondi intimidada por sua presença.