butterfly.

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Estou aqui faz uma hora, não aguento mais a espera. É claro que ele não virá, é evidente que ficarei aqui olhando as pessoas passarem felizes por mim, com um sorriso estampado no rosto. Eu sempre soube que ele não viria e me deixaria na mão, e mesmo assim concordei em vir nesse encontro estúpido !

Eu sempre soube que as coisas não seriam como antes, que mesmo que a gente se visse novamente e tentasse conversar nada mudaria. Nada nem ninguém mudaria o fato de que ele me traiu, preferiu escolher uma qualquer a mim, uma certeza.
Sempre fui azarada em relação ao amor, a razão é irreconhecível já que sempre fui tão fiel a todos os meus amantes.

Quem não gostaria de mim não é mesmo ? Ah, mas quem estou querendo enganar... Eu nasci para sofrer mesmo, nunca encontrarei um amor para mim, morrerei sozinha, rabugenta e cheia de gatos com nome de doces americanos ( como Snickers ).

Canso de esperar e me levanto, por que ficar em uma mesa super produzida com champanhe ao meu dispor se não posso curtir com alguém ? Entro no banheiro chique e limpo do restaurante, aparentemente ninguém está aqui.

Vou até o espelho e observo a aparência cansada de uma mulher que só quer ser feliz, lavo minhas mãos e respiro fundo. Minha mãe sempre me ensinou a superar as coisas da melhor maneira possível, ela sempre dizia : " Quando alguém lhe colocar pra baixo, mostre que é superior ! Coloque um batom vermelho e um salto alto... Arrase."

Como fazer isso se nem coragem para levantar a cabeça eu tenho ? Okay, eu preciso me acalmar... Foi só mais uma tentativa que deu errado pra que tanto drama ?

Pego meu batom vermelho na bolsa e passo calmamente por meus lábios secos e finos. Sempre desejei ser igual a minha mãe, com lábios carnudos, cabelo perfeito e corpo escultural. Ao invés disso nasci com o cabelo horroroso, lábios finos e corpo sem curvas ou volumes.

Coloco o batom dentro da bolsa e arrumo meu cabelo, a quem eu quero enganar ? Não estou bem e dá pra ver, nenhuma maquiagem vai esconder.
Saio do banheiro caminhando confiante em meu salto preto, com a cabeça erguida e peito estufado de orgulho.

Foi aí que o conheci. O verdadeiro amor da minha vida, o cara que mudou tudo nela e jogou tudo de cabeça pra baixo. Olho fixamente para ele enquanto meus pés não conseguem se mover, meu coração acelera e meu peito sobe e desce em um ritmo constante, por que estou sentindo isso ? É apenas um estranho qualquer em um restaurante.

Caminho para fora do lugar e lá encontro ar puro para respirar. Tudo bem paquerar estranhos, mas reagir dessa forma foi algo que nunca me ocorreu... Parecia que eu tinha 15 anos! Sento em um banco perto da parede, destinado para as pessoas esperarem nas longas filas por uma mesa. Respiro fundo e fecho os olhos, ao abrir vejo ele sentado ao meu lado

- Acho que deixou cair isto - estende a mão e me entrega o chaveiro de coração da minha bolsa

- Obrigado - dou meu melhor sorriso, pelo menos tento

- Você é linda - fala com um sorriso de lado que faz minha pele de arrepiar

- Obrigado - falo com vergonha e olho para baixo

- Você só sabe dizer isso ? - levanta meu rosto com o indicador

- Eu... Não.- ele sorri e pega um cigarro no bolso de seu paletó, acende-o e olha pra mim

- Quer ? - estende- o para mim e eu nego com a cabeça

- Sabe, acho que você deveria ser mais comunicativa querida.

- Eu não sou sua querida - falo grosseiramente e nem percebo o por que.

- Opa, calma aí, é só uma forma de falar... Mas tudo bem bebê, não te chamo de querida mais - reviro os olhos e me levanto

- Adeus estranho - ando três passos e sinto o impacto da minha costela em algo duro

- Não vá agora - olho para cima e vejo seus olhos verdes me encarando, sua mão quente rodeando meu pulso e o cheiro de cigarro misturado com perfume. Me afasto de seu peito e me ajeito.

- O que quer de mim ? - falo ficando irritada

- Seu número - dá de ombros

- Eu não vou dar meu número para um estranho ! - cruzo os braços

- Tá bom careta, não precisa dar... Eu só queria ter um encontro com você sem nenhuma intenção, apenas pra conhecer vossa senhoria, mas ja que és tão cuidadosa que não pode me dar seu número, vou me retirar... Com licença alteza - ele faz uma reverência ridícula e sai andando

Quando ele está bem distante, a uns bons passos de mim, eu o chamo.

- Já mudou de ideia, careta ? - sorri de lado

- Primeiro : para de me chamar de careta
Segundo : não seja tão irritante ou eu bato em você
Terceiro : eu vou dar meu número só por que eu quero jantar em um lugar chique sem ter que pagar, já fica a dica do lugar - pisco o olho e ele sorri revelando uma covinha.

- Pode deixar careta - ele dá mais um trago em seu cigarro e o joga logo após, solta uma fumaça grande a branca que me faz tossir.

- Me dá seu telefone - ele estende a mão e eu o coloco em sua mão.

- O que vai fazer ? - fico olhando o que ele está fazendo, tentando ficar de ponta de pé, sua altura não me deixa ver.

- Espera careta !

- Para de me chamar de careta ! - falo brava

- Não fica bravinha careta... - ele me entrega o telefone e suspira

- Vou esperar sua ligação.

Ele mexe no bolso do seu paletó e tira de lá uma flor vermelha bem pequena, ele põe sua mão direita em meu rosto e com a outra mão coloca a flor entre meu ouvido e minha cabeça, fico apenas apreciando sua beleza e seus cabelos bagunçados em cachos desordenados, seus olhos verdes e penetrantes olhando para minha pele pálida, seu maxilar trincado e sua boca perfeitamente desenhada.

Ele olha em meus olhos e aproxima o rosto, por um momento penso que vai me beijar mas apenas pressiona os lábios em minha testa e sussurra em meu ouvido : "As vezes as coisas mais misteriosas , são as que mais nos deixam apaixonados"

Antes de ir embora ele sorri e pisca um olho para mim, passa seu dedão com um anel pelo lábio inferior e vai andando devagar pela calçada molhada pela recente chuva que havia caído, fico observando- o ir embora em passos largos e lentos, com a cabeça abaixada e suas mãos no bolso do paletó.

Minha pele se arrepia e quando ele vira a esquina uma linda borboleta azul surge voando ao meu redor, estendo meu dedo e a mesma pousa nele por uns segundos depois vai embora batendo suas asas para longe de mim.

Dou meia volta e vou pra casa feliz, ele nunca me ligou, mas sei que um dia se eu sentir falta... Ele estará de braços abertos para me receber. 🦋

                               Xxxxx

Oi galeri!
Esse aqui eu escrevi essencialmente pensando no Harry Styles (fisionomia), mas vocês podem imaginar quem vocês quiserem!
Se quiserem continuação desse conto, deixem nos comentários, please ❤️

Tédio, Insônia e IdeiasOnde histórias criam vida. Descubra agora