to rm en to - 30 de Janeiro

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Não sei como começar isso. Da mesma forma que não sei como começou meu tormento. Não que isso importe muito, de qualquer maneira, não muda nada.

Eu estou sendo constantemente atormentada.

Sei que estou indo cada vez mais fundo nesses pensamentos complicados e depressivos, sei que preciso sair dessa logo, de algum jeito. Tento esquecer, estudo, vejo vídeos no YouTube, tento ler, escrever. Aos 16, tento arrumar uma perspectiva de vida. Entrar numa depressão parece o fim à essa altura do campeonato. Preciso orgulhar meus pais. Preciso ser admirada.

Mas, o quê importa? Você é burra, minha querida. Não vê que ninguém liga para sua existência?

Interessante é que todo mundo precisa de atenção. Mesmo a mínima. E isso afeta tanto. Imagine só, os egocêntricos, os orgulhosos, os arrogantes: todos unidos pela necessidade de importância aos olhos dos demais. E saber que necessito disto não me é muito confortável.

Você é tão comum. Você é tão estranha, por que ninguém fala com você? Vergonha. Idiota.

Entendo bem que, realmente, eu não tenho importância. Se usarmos o universo como referência de tamanho, o quão ridícula é a minha insignificância? A nossa? Absurdamente ridícula. Mas o ser humano, desculpe o vocabulário, é um filho da puta complexo que precisa de umas coisas desprezíveis,  tipo se sentir o Tal.

Você não consegue nem se consertar, quão mais consertar alguém? Você sempre fica no último plano, por que será? Gorda idiota.

Chorei muito hoje. Eu estava triste. Eu estou triste. Gostaria, eu realmente gostaria que alguém se preocupasse o suficiente para me dizer um "tudo bem?". Despretensiosamente. Eu seria a pessoa mais feliz do mundo, mesmo que por alguns nanosegundos.

Eles merecem alguém melhor que você, entende? Alguém interessante. Bonita. Qualquer uma faz esse papel melhor que você. Escrota. Carente de merda.

Eu admito ter raiva. Raiva daquelas pessoas felizes, com não sei quantos amigos, que não ficam sozinhas (ou parecem nunca ficar). Elas não fazem nada, NADA para serem como são. Apenas meia dúzia de palavras e, BINGO!, uma vida foda. Eu odeio aquelas garotas bonitas. Odeio, odeio.

Eles podem te tratar mal. Afinal, qualquer migalha de misericórdia deve ser idolatrada por você. Você não merece o que conquistou. Sem valor. O que diabos você tem de especial?

No final, sei que não odeio nada além de mim mesma.

Eu sou meu próprio tormento.

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[Desabafos] i ' m  a  k i t c h e n   s i n k Onde histórias criam vida. Descubra agora