a fl or es ta e o cé re bro - 14 de Fevereiro

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Alguém mais se incomoda de mais alguém ter o seu nome? - Forest (twenty one pilots)

1 1 : 5 9 (13 de Fevereiro)

Na verdade, eu sempre soube que havia algo em mim.

No começo, era algo que me passava a sensação de ser ruim. Desde o prezinho, me sentia excluída das brincadeiras outras crianças e, não, eu não ficava só olhando-as de longe melancolicamente, eu ESTAVA lá no meio. Brincando. Mas me sentia diferente, deslocada. Eu parecia quieta demais às vezes, feminina de menos e agitada em horas erradas.

Eu era... inadequada.

Fui para o ensino fundamental e lá me encontrei e desencontrei muitas vezes. Tive uma melhor amiga que afastei e pulei de grupinho em grupinho, tentando enfiar na minha cabeça que eu PRECISAVA de um grupinho, como os outros. Eu precisa de um namorado, como as outras. Eu precisava esquecer a Barbie e começar a pentear e ajeitar os cabelos de forma mais atraente. Eu precisava ser mais fofa, mais...menos eu.

Eu ainda era inadequada.

O fundamental II chegou, conheci minha melhor amiga e a leitura, tudo ao mesmo tempo. E num salto, eu vi que era aquilo que eu era, era aquilo que eu queria: apenas existir. Para minha amiga e para os livros, eu poderia SER. Ser engraçadinha. Ser a garota que um cara não pegaria e não ligar para isso. Não ser a melhor, mas sim ser o melhor que eu poderia ser. Ser a desinformada, que sai cantando pela rua desvairada. Ser a pessoa que gosta de molhar as canelas e os sapatos em dias de chuva, pulando nas poças de lama como se tivesse 5 anos. Ser a nerd (e me orgulhar disto). Ser a garota que gostaria de mudar o mundo e ser a garota que sabia que tinha força e potencial para tal, assim como todos.

E então, eu não era mais inadequada.

Mas o ensino médio chegou. E de repente eu me vi de novo no prezinho, brincando, porém estando distante de todos. Enfiando na minha cabeça que eu PRECISAVA, novamente, de tudo o que os outros tinham, pois eu tinha que ser como eles. E qualquer coisa que fugisse deste padrão era abominável.

Sabe a sensação de se perder dentro de si? É como se você adentrasse uma floresta densa que, mesmo com seu costume de ir acampar ali todas as férias de verão, ainda lhe é traiçoeira e desconhecida.

E então, você entra e se perde. Se assusta com cada barulho que o lugar transmite, seja através do canto das cigarras, do gotejar da chuva e do ruído das corujas até os sôfregos pesares de seu coração querendo rasgar sua caixa torácica e fugir para um lugar seguro.

Você chora, desesperado.

Você procura um guia, uma luz, um sinal.

Você se senta e desiste.

Mas a fome, o desespero ou qualquer outra coisa que deseja que você continue vivo te faz levantar e procurar a saída.

E então você corre. Não menos perdido mas agora radiante. O seu terror lhe acende e você, de repente, brilha como um farol, iluminado metros e metros à sua frente.

Os barulhos da floresta tornam-se menos amendrontadores.

Você ainda está perdido mas agora ama a sensação que o vento causa em sua pele conforme o medo te faz fugir em alta velocidade. E a vontade de voltar para casa desaparece, não porque ela tornou-se menos importante, mas sim porque a floresta fria virou seu lar e não existem saudades de algo que não se perdeu ou que se encontra perto.

Você não está menos perdido, mas agora não tem medo. E é a isso que eu quero chegar.

Quero chegar ao nível de não me temer mais. Quero chegar ao ponto em que eu e meus medos possamos ser amigos, conversando e nos entendendo. Quero acender como um farol para não temer o escuro.

Quero estar em sintonia com o que se esconde por detrás do meu rosto e acima da minha garganta.

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[Desabafos] i ' m  a  k i t c h e n   s i n k Onde histórias criam vida. Descubra agora